vento zangado desmancha os cabelos da moça do lado

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Acordei às cinco da manhã com um barulhão de ventania e um cheiro fortíssimo de mato e madeira queimada que entrava pelas janelas abertas do quarto. Levantei para checar se não era a minha casa de hóspedes pegando fogo. Ouvi muitas sirenes de bombeiros, o ar estava pesado e estranho. Com aquele vento, uma faísca com certeza virava um fogaréu em segundos. Não sei o que nem onde estava queimando, mas que estava queimando, estava. A força do vento me fez repensar o meu meio de transporte diário – como que eu vou pedalar minha bike nesse ventaréu? Tomei coragem, fui. Pelas ruas, toneladas de folhas, flores, galhos, galhinhos, galhões de árvores forrando as ruas. No campus pedalei amedrontada, olhando com cuidado para aquelas árvores ancestrais. Algumas já tinham perdido pedaços. Cheguei sã e salva. Nenhum objeto caiu na minha cabeça. Por hora.

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não tenho tempo assunto vontade idéias

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O problema foi eu ter achado um caminho mais interessante. Claro que eu poderia continuar escrevendo sobre o nada, como sempre fiz. Mas quem quer escrever sobre nada, quando se pode escrever sobre algo. Apaixonante. Logo agora, hein? Estou numa segunda-feira de ressaca emocional. Claro, quem gosta de despedidas? Minha reacão é ficar cansada, cansada, cansada. Últimos dias de verão. Eu já vou desanimando de nadar, as noites ficam frias, o dia amanhece mais tarde, trazemos folhas secas coladas nas solas dos nossos sapatos, em alguns dias as aulas começam, o campus vai ficar um formigueiro de pessoas e bicicletas. Meus pequenos projetos criativos vão ficando empoeirados. Estou numa fase específica da minha vida, como tantas já vividas, mais nunca semelhantes.

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watching the wheels go round and round

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Dias e dias, nada. Até passou pela minha cabeça que desta vez seria o fim. Não dava pra espremer nem uma gota. Nenhuma! Mas de repente me dá esse negócio estranho, um borfão, uma formigação, uma agitação mental inexplicável e eu sei que vou escrever algo, qualquer coisa, não importa. Sempre saí algo, nem que seja um paragrafo que não acrescenta nem significa nada. Mas essa era a prova que eu precisava para aceitar o fato de que isto aqui ainda dá um caldo.
Nada melhor para iniciar ou engrenar uma conversinha do que um breve comentário sobre o tempo. Pois é, tá calor, né? Mas vai esfriar. Sim, é verdade! Hoje trinta e sete, daqui a dois dias, vinte e um. Vinte e um! Espero que meu irmão tenha trazido um casaco. E há fumaça no ar, eu consigo sentir o cheiro da madeira queimada. Onde há fumaça, há fogo. Alguma floresta está queimando.
Uma pessoa do sexo masculino me disse ontem – homem nenhum vai reparar na mancha roxa na sua perna, nem se a sua perna fosse de pau, eles não reparariam. Eu dúvido disso imensamente.
Eu não sabia que coiotes eram uma peste. Mas infelizmente parece que são, pois comem as galinhas e os gatos.
Tudo está tão silencioso, ouço até os grilos. A vida voltou a ser zen.

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Então, vamos?

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Dylan e sua banda, ao vivo – Sacramento, 18 de outubro de 2006.

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Food

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A lot of Food

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thank you so much for everything, Bob

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Se tem alguém pensando que eu perdi o trem do Modern Times, porque não escrevi sobre ele ainda aqui, está na estação errada. Comprei o novo album do Dylan no dia do lançamento e falei sobre ele no lugar mais aconchegante da casa. Já não está provado que as melhores conversas sempre acontecem na cozinha?
* ainda não parei de ouvir o cd, que estou achando cada dia mais lindo. e dia 18 de outubro vou vê-lo ao vivo em Sacramento. quem? Bob Dylan, darlings!

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What a shame, the weekend is over

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Não é preciso viajar, organizar encontros populares ou festas, para se passar um final de semana prolongado do balacobaco. Senti uma pena imensa hoje pela manhã – acabou!
Olha, como é bom ficar em casa! Ou sair às compras. Ou almoçar com uma amiga e ficar horas papeando no restaurante. Ou receber um telefonema do irmão. E cozinhar para a família. E dar uma geral em tudo. E beber vinho gelado. Baita coisas simples, mas quanto prazer!
Hoje, terça com cara de segunda, tudo está devaga-a-ar. Até os gatos estavam devagar. O movimento nas ruas estava devagar. Amanhã já estaremos de volta ao normal.

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o passado não condena