Eu costumava ler umas pessoas que me inspiravam. Umas sumiram, outras ficaram chatas pra carvalho. Vocês sabem, eu não gosto de ler pra ficar refletindo, discutindo, analisando. Eu gosto de ler pra dar risada, me entreter e relaxar.
Quando eu fico cansada, eu choro. Fui trabalhar num show no Mondavi Center na quarta-feira. Meio da semana, já caí na real que não vai dar. Era um grupo de dança indiano, que tocava uma músca hipnótica e cinco bailarinas faziam barulhinho de guizo enquanto davam passinhos no palco. Eram danças sagradas dos templos e uma história de amor entre Krishna e Lakshmi. A primeira parte foi interessante e divertida, mas a segunda foi de lascar a lenha. Comecei a ficar tremendamente cansada e irritada, com vontade de chorar e sair gritando “chega! chega! chega!” pelos corredores do teatro. Eu batia o pé impaciente e uma das voluntárias sentadas ao me lado colocou a mão delicadamente no meu braço, como quem diz “paciência, pacência, já está terminando”. Cheguei em casa delirando de cansaço e irritação, chorei no chuveiro, não vai dar mais. Tenho que trabalhar somente em shows de finais de semana. Ponto final.
Abriu uma Ikea aqui perto, em West Sacramento. Tinha gente acampando na porta há mais de um mês, pra ganhar os prêmios que a loja oferece para os primeiros da fila. Imaginem a rebordosa. Eu quero ir lá, mas vou esperar passar um tempinho. Agora não precisaremos mais ter inveja do povo da Bay Area, com suas casinhas frugalmente mobiliada, nem viajar uma hora pra comprar nossas coisinhas bonitinhas e baratinhas!
Outro dia passei parte do dia trabalhando de casaco. Não sei o que me deu, mas senti um frio descomunal. Pedi desculpas pela situação. Fui à uma reunião com a assessora de imprensa e a gerente geral do projeto vestindo um casacão. O diretor passou por mim e disse rindo – não se preocupe, você tem todo o direito de sentir frio, você é brasileira.