vida social II

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Depois que você fica com a boca seca de explicar o que você faz, vem a próxima pergunta: você tem filhos? Dai eu entro na segunda etapa do parto de conhecer gente nova em festa. O diálogo se desenrola mais ou menos assim:
-tem filhos?
-sim, tenho um.
-ah, quantos anos tem o guri.
-ahn, ele não é mais guri, já vive a vida dele.
-oh, como assim?
-meu filho tem vinte e três anos.
-oooohh! [em estado de choque, boca e olhos arregalados] mas você não parece ter idade para ter um filho de vinte e três anos!!!
-e eu não tenho mesmo …
A situação fica completamente constrangedora nesse ponto, pois no olhar incrédulo do meu interlocutor, a jovial pessoa interessante e excêntrica com quem ele estava conversando e interrogando se transforma de repente numa anciã decrépita e desdentada – uma VELHOCA. E não há o que fazer. Sou mãe de um homem de vinte e três anos. Só posso ser muito velha ou uma extra-terrestre.
Antes ou depois do choque da revelação que eu sou uma sogra e, consequentemente, uma coroa decadente, acontece um outro diálogo que eu odeio e que é iniciado com a pergunta o que te trouxe aqui pra Davis? Nessas horas quero afundar rapidamente numa areia movediça e desaparecer enquanto dou um tchauzinho com cara de sinto muito. Mas a educação me obriga a responder. Vim com o meu maridooo… O quê? fala mais alto. Vim com O MEU MARIDOOOOOO! Dai sou bombardeada de perguntas sobre o que ele faz nos micro-hiper-super detalhes. Me sinto a perfeita songa la monga, que veio pra Davis seguindo e dois passos atrás do marido gênio. Marido, marido, marido, mas será o benedito que esse pessoal não tem outro assunto?

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