Mellow Mahal
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Pra compensar a confusão dramática do sábado à tarde, conseguimos chegar em casa à tempo para um banho e pegar a I80 até Sacramento e ver o show do Taj Mahal. De dedão ‘positivo’ e sem jantar, fomos ver o bluesman, porque precisávamos espairecer. Eu queria ter chego mais cedo e pego um lugar melhor, nas fileiras de baixo do teatro – um dos cinco mais bonitos de todo os EUA, o maravilhoso The Crest. Mas só um show no The Crest [que é um cinema da década de 40, pra quem não sabe] já é entretenimento. E eu estava ansiosa pra ver o Taj ao vivo.
Chegamos uns quinze minutos antes do show começar e enquanto davamos uma olhada geral pelo teatro, pra ver onde iríamos achar um lugar, vimos o Les e a Fran acenando, direto das cadeiras do meio, da parte alta do teatro. Fomos sentar lá com eles [e explicar o atraso e o dedão enfaixado!].
Estranhamos que não tinha quase nada no palco. Só um piano e um amplificador para guitarra. A Fran contou que tinha visto o Taj Mahal dando um show solo na década de 70, em New York. Mas foi porque deu um blizzard e a banda não conseguiu chegar a tempo no local. Mas pelo jeito da coisa ali no palco do The Crest, estava com cara que o Taj iria pisar no palco sózinho. E assim foi.
Mas o homem é um show! Tocou três números no piano – um sobre mulheres ‘gordas e sexy’ que fez todo mundo se chacoalhar e cantar o refrão animados. Depois plugou a guitarra acústica no amplificador e tocou ali, de pé, maravilhosamente por quase duas horas. Tocou de tudo, na maioria clássicos do Blues. Fez até um Robert Johnson – Come On In My Kitchen – que não deixou nada a desejar ao mestre.
Taj Mahal é um guitarrista excepcional. É tão suave e melodioso no dedilhado da guitarra e na maneira de cantar, que você embarca numa viagem astral em cada música. Ele canta gostoso, toca gostoso, conversa com a platéia, conta causos, fala da ‘linguagem universal da música’ que tranpassa barreiras de línguas e culturas e nos pede para apoiar essa música orgânica e pura, que não toca nas rádios, mas consegue nos envolver tão apaixonadamente. Eu adorei ver Taj Mahal ao vivo e ele foi o melhor remédio que eu recebi naquele sábado. Um analgésico potente para o meu dedão latejante!