green talk

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O tempo está estranho – chuva e frio, como se estivéssemos no inverno novamente. Eu plantei rúculas, que só agora aprendi que é um ‘winter crop’. As sementes germinaram e viraram folhinhas. Fiquei contentona. Mas elas pararam de crescer. Claro, porque estava muito quente pra elas. Agora, com esse retorno ao clima invernal, elas estão espichando e acho que vou poder fazer uma saladona com elas!
E já tem um tomate verde, num dos tomateiros!
Há tantos botões de rosas. Pena que nem todos estão abrindo bonitos, porque as roseiras estão com bichos. O Ursão espirrou um mata-bicho nelas todas no sábado, mas alguns nojentos ainda resistem.
Plantei lavanda – francesa e espanhola.
As cenouras também estavam crescendo, antes de um ataque de não-sei-que-praga, que comeu um monte delas.
O pessegueiro está cheio de frutos – que parecem mais nectarina do que pêssego. Eles estão crescendo super rápido, já tem fruta de uns cinco centímetros. Só que deu uma praga de fungo nas folhas e eu tive que retirar manualmente as folhas e muitos galhos, porque nesta altura não posso mais espirrar nenhum fungicida, senão vou comprometer a árvore e os frutos [mais uma que aprendi!].
Mais gerânio está florindo no quintal. Esse de outra cor – rosa-choque! Fantástico as cores dessas plantas!
Fui à minha primeira classe de jardinagem no Experimental College e adorei! Aprendi muito e fiz montes de perguntas, porque eu estava cheia de dúvidas sobre tudo. Aprendi a identificar textura e estrutura dos solos e a medir PH e Nitrogênio. Aprendi sobre nutrientes e adubo orgânico. O professor – um grad student – falou linguagem científica demais pro meu estilo, mas deu pra traduzir perfeitamente tudo pra linguagem leiga e adaptar para a prática de uma jardineira iniciante [eu!].
Apesar da frustração de lidar com as pragas, jardinagem é uma delícia! Nunca pensei que isso fosse me interessar e me ocupar tanto. Estou até notando que meu dedão está com uma cor meio….. hum, meio….. esverdeada!

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é crime ou não?

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A primeira notícia não referente à guerra estampada com destaque na primeira página do Sac Bee nesta semana foi sobre um crime local. O marido está sendo acusado de ter matado a mulher grávida de oito meses na véspera do Natal de 2002. Os corpos – da mulher e da criança – foram finalmente encontrados e identificados este mês na marina da cidade de Berkeley. O marido já está preso e vai possívelmente ser julgado por duplo homicídio e vão pedir a pena de morte.
Difícil não acompanhar o caso, que está sendo discutido escandalosamente na primeira página do jornal [ e com certeza muito mais escandalosamente na tevê]. Hoje li algo interessante. Como qualificar a morte da criança no ventre da mãe como assassinato, num estado onde o aborto é legal? Matar a mãe foi crime, mas e a criança? As leis da Califórnia protegem o feto que já tenha passado do ‘estado embrionico’. Quer dizer, pode matar sem dó até um certo período. Depois disso é crime. Se o marido tivesse sido esperto e matado a mulher no começo da gravidez, não poderia ser julgado por duplo homicídio. Grupos de mulheres estão duscutindo a legislação, porque em casos como esse, a linha que separa o ato legal do criminoso fica um pouco embaçada.

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Dressing for Lula

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A Jean leu o meu post A Elite , sobre a boutique paulistana Daslu e me trouxe a revista The New Yorker de 17 de março de 2003. Nela, uma reportagem de sete páginas sobre a tal loja, relacionando o poder, riqueza e a arrogância da elite brasileira que freqüenta essa singela lojinha e o novo governo do Presidente Lula. Foi difícil não me sentir chocada, ultrajada e até envergonhada ao ler a materia, muito bem escrita por Rebecca Mead.

Dressing for Lula

Alguns trechos de Dressing for Lula na The New Yorker :
“The Store – which is windowless and has clusters of unsmiling security guards standing at its entrances, as if it were the embassy of a particularly beleaguered nation – caters rich Brazilians, members of the ten per cent of the population who command nearly half the national income, and wear Chanel, Valentino, or Dolce & Gabbana.”
“The Daslu collection is arranged by color – a khaki room, a pink room, – so as to easy outfit coordination and more perfectly contrive the Daslu look, which is sexy and flirty and young, even when the women wearing the clothes sometimes share none of those characteristics.”
“Nancy Tonello, one of Daslu’s longest-serving maids, used to be a seamstress and speaking of working at Daslu as a privilege. […] Tonello said that the maids did not resent the rich for having so much more than they did. ‘When you begin working here, we are taught to understand the differences between people – that some people have money, and that we shouldn’t mind that, because that is the only way the store can exist.’ she said. “
“The dress was deep red, the color that had been on the Socialism billboards and flags all over São Paulo that season, and [Ruthinha ] Malzoni shrieked when she saw it. ‘This red one is the Lula dress!’ she said. She wriggled into it, examined herself from all angles, and said, ‘Oh, we have to pray for the guy to be eliminated by an angel.’ ”

Dressing for Lula

Na pequena reportagem do Fashion File que eu vi na tevê, eu notei um sujeito enorme de terno preto, um guarda-costa, sempre atrás da proprietária da boutique, Eliana Tranchesi . A matéria da revista explica que toda a família usa esse serviço de segurança pessoal, por causa do pavor que essa gente tem de seqüestros. Eu, se fosse eles também teria..
Mas porque eu voltei à esse assunto, vou aproveitar e colocar aqui os comentários que foram escrito no outro post. Eles ajudam a ilustrar o meu sentimento com relação à essa maravilhosa elite do meu país.
“Você sabia que a Athina Onassis foi à Daslu e não comprou nada, porque achou tudo muito caro? Enquanto isso, as mulheres dos políticos, mandam caçambas e serviçais para carregarem suas comprinhas semanais… “ Giorgia
“Será que o FHC tava certo ? Essas é que são as caipiras ? “ Fábio
“Fer, nao da uma sensacao que um negocio desses no Brasil chega a ser “indecente”? E essa palavra que me vem a cabeca quando vejo essas coisas… “ Luciana Bordallo Misura
“Tô sabendo, tô sabendo, dá nojo em quem está por aqui também… isso é muito deprimente. “ garota urbana

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superfast

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Aqui no meu computador abre num segundo.
Ontem um casal de amigos chegou da terrinha e ficou encantado com a velocidade da minha conexão de internet. Acho que no Brasil os provedores andam vendendo tartaruga por lebre, viu?

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good bye Nina

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Uma notícia triste no jornal logo pela manhã: Nina Simone morreu.
Eu não consegui ir vê-la ao vivo em Oakland dois anos atrás e nunca mais vou ter outra oportunidade. A notícia da morte dessa artista incomparável me deu uma tristeza enorme….

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não nego a raça

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Eu sou brasileira – e das boas, mesmo não sabendo sambar. Quer uma prova? Pois aqui está: eu tomei banho, lavei o cabelo, passei perfume e batom pra ir à aula de horta orgânica lá no meio do matagal do Experimental College. Aqui as mulheres não passam batom nem pra ir ao teatro, imagina só se vão pra trabalhar ajoelhadas na terra.

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mais um vício

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Outro troço pra se gastar um baita tempo, mas quem consegue resistir visualizar pequenas cenas do cotidiano de pessoas nas mais diversas cidades do mundo? As imagens do meu dia-a-dia também estão lá, no meu Fotolog.

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Paulo Francis

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“Já tinham me avisado, mas não acreditei. Era verdade. Nunca pensei tanto no Brasil como fora dele. O presente é muito difícil para mim, daí eu me concentrar numa perspectiva histórica. É um lugar comum que merece um ladrilho em cada casa: nunca entenderemos o nosso presente ou prepararemos o futuro sem analisarmos o passado.”

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Arteiro

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gabe's art
gabe's art
gabe's art

Essas são as obras de arte mais valiosas que eu tenho aqui em casa! Claro que são preciosidades feitas pelo meu filho Gabriel. Os coloridos foram feitos quando ele tinha 5 anos e o do papel pardo aos 2 anos. Eu tinha dois pacotões de desenhos dele de todos os tipos. Eu guardava tudo, pois achava que ele fazia coisas lindas e criativas [e que mãe que não acha isso dos desenhos dos filhos??]. Quando vim pra Califórnia trouxe apenas alguns deles, que estão sendo enquadrados aos poucos. Muitos desses desenhos foram feitos em papel de computador [aquele largo, com furinhos em cima e em baixo], que nós reciclávamos da tese de mestrado do Ursão. Então de um lado tem arte do Gabriel e do outro hieróglifos matemáticos de tese de engenharia! Uma peculiaridade da fase artística do Gabriel: ele desenhou feito um louco por anos, até aprender a ler e escrever. Quando começou a dominar a linguagem escrita, parou com os desenhos. Uma pena….

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Vida Cotidiana

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À uma você fuma e às duas vai pras ruas
E às três telefona pra Inês
( Alô? Benzinho? vem correndo
que eu guardo uma surpresa pra você)

Às quatro você faz cena de teatro
Às cinco fecha a porta com o trinco
E à seis o problema é de vocês
( Eu te falei pra você não falar nada pra ele
nem pra ela, você falou agora o problema é todo seu
resolve, resolve, quero vê!)

Às sete você vira um travesti vedete
Às oito você fica um xuxu, biscoito
Às nove você ama e se comove
Às dez, eu te faço uns cafunés com os pés
Às onze você faz cara de pau, olhos de bronze
E às doze você faz aquela pose
( Você quer uma rosa ou uma rose?
Eu vou imitar um avião!)

( Você tem visto demais televisão, Estela! Ah, meus Deus, o mistério do crime! Ah, mas a telenovela é a educação sentimental da classe média nacional.)
( Eu não quero mais saber… Eu fiquei com os nervos partidos e destruídos desde que você viajou para os Estados Unidos..)
Voam para o oriente todas as sombras
Voam e se deitam no poente
Todas as pombas
[Mautner & Jacobina]

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o passado não condena