dia molhado

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Minha intenção era nadar na fria manhã deste feriado de President’s Day. Mas meus planos se afogaram na aguaceira da chuva, que começou de madrugada e ainda não parou. Nadar com frio e chuva já foi uma coisa divertida, mas não é mais…
O João disse uma vez que os meus posts contando histórias de infância e minhas fotos amareladas de fuscas, anjinhos, piscina do clube da AABB e risadas faltando dentes, eram “proustianos”. Eu gostei desse comentário dele e sempre lembro disso quando escrevo histórias desenterradas do meu passado de criança travessa.
Pois a chuva e a vontade de nadar frustrada de hoje me fez lembrar de um episódio da minha infância. Água sempre foi o meu ambiente favorito [e o ar, onde viviam meus pensamentos, o segundo]. Eu me lembro nítidamente que tinha uns oito anos e meus primos paulistas e cariocas estavam passando férias com a gente. A casa virava uma bagunça. Minha mãe trabalhava fora e a gurizada ficava aos cuidados das empregadas. Num tal dia com uma tempestade horrorosa se aproximando – o céu negro, sons ameaçadores de trovões – eu decidi que queria ir nadar NUM RIO. Ninguém, nem o meu primo mais velho, inventor de modas e valentão topou me seguir. Eu resolvida disse que iria sozinha mesmo. Uma das empregadas me seguiu pela rua quase chorando, pedindo, implorando, não vai, sua mãe e seu pai vão me matar se eu deixar você ir. Mas quem é que conseguia mandar em mim ou me impedir de fazer qualquer coisa? Eu fui com a empregada caminhando junto e praguejando, enfrentei o escândalo dos raios e trovões, nem liguei pra chuva caindo, pulei do morrinho, nadei com os pingos do céu deixando a água mais quentinha, fiz o que eu queria fazer e só então voltei pra casa. A empregada, em estado quase histérico, só sossegou quando entramos em casa e eu fui pro chuveiro, tomei um banho quente e coloquei roupa seca. Nem sei se ela contou essa história pros meus pais. Acho que não contou, porque eu não lembro de ter apanhado de cinta – que seria o merecido – na frente dos meus primos!

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o passado não condena