a coisa certa

*

Toda vez que íamos à uma sorveteria, eu escolhia o sabor do sorvete rápido e certo. O Uriel ficava um tempão olhando o menu com aquela cara de dúvida e quando finalmente decidia por um sabor, se arrependia e não gostava, queria trocar com o meu. Isso me irritava profundamente.
Mas como nesta vida nada é certo nem definitivo, minha vez de ficar titubeando pra escolher algo também chegou.
Toda vez que vamos ao restaurante tailandês favorito do Gabriel, me dá um ataque de incerteza. Eu não gosto deste tailandês em particular, gosto de outros dois, onde já sei o que pedir e o que vou gostar. Mas nesse, onde vamos com o Gabriel e a Marianne, eu NUNCA peço algo que eu gosto. Parece uma praga. Da última vez que estivemos lá eu pedi uns noddles de arroz que não mataram a minha fome. Ontem fui a última a decidir. A garçonete teve que voltar duas vezes para finalmente anotar o meu pedido de thai stir fry, que eu achei sem graça e não me sustentou. Fiquei dando garfadas no arroz do Uriel e no curry do Gabriel [e de olho nos pimentões vermelhos que a Marianne colocou de lado no prato dela, mas sem cara-de-pau pra pedir..]. Não consegui decidir nem na bebida! Pedi um thai iced tea, depois uma cerveja e tive que beber os dois. Saio de lá sempre com raiva, pois não comi direito, não decidi o prato certo. Que droga.
O Uriel não fala nada, mas eu sei que nessas horas ele está completamente vingado dos meus comentários irritados quando ele não conseguia decidir o sabor do sorvete. A vida é justa!

  • Share on:
Previous
and off we go….
Next
cabeção

o passado não condena