my kitchen

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Estou lendo um livro de receitas desses cheios de histórias, onde Miss Bessie, uma negra sulista, descreve seu prendizado na cozinha da avó e da mãe. Ela fala sobre tradições da cozinha do sul com suas diferentes etnias e aromas. Ela também diz que é possível descobrir muita coisa a respeito de uma mulher, apenas observando a sua cozinha. Segundo Miss Bessie, a cozinha vai dizer mais verdades sobre uma mulher do que ela mesma se permitiria
Pensei então na minha cozinha e as verdades que ela pode revelar sobre mim. É um espaço amplo e cheio de luz. Flores na janela desnuda em frente a pia. Uma boombox sempre presente num canto, onde eu coloco cds de Jazz pra tocar enquanto cozinho. Uma estante cheia de livros, revistas, cadernos de receitas e papeladas avulsas enfiadas em sacos plásticos e porcamente organizadas em arquivos. Peças de cerâmica por todo canto. Muitas colheres e garfos de madeira. Pelo menos três garrafas de azeite sempre à mão, perto do fogão. Dois panos de prato sendo usados e uma toalha de mão. Poesia magnética minimalista na geladeira – pastilha dizendo Water, do lado que saí a água e gelo e outra dizendo Beer, onde fica o resto das comidas. Alguns postais de viagens e umas fotos dos meus sobrinhos. Gatos sempre dormindo nos tapetes, armários desorganizados, despensa com estoque de vidros de azeitonas, grão de bico, macarrão de diversos tamanhos, formatos e expessuras, lentilhas e ervilhas secas, feijões, arroz basmati e integral e latas de tomate em conserva. Gavetas terrivelmente desorganizadas, caixa de pão sempre cheia, muitas latas de biscoito italiano, cheias de biscoitos que nunca lembro de comer e que acabam ficando velhos. Garrafas de vinho branco e tinto de cozinhar. Pia sempre com louça suja. Uma chaleira vermelha com água sempre à postos em cima do fogão. Pilhas de pratos de cor beige. Vaso de flores com utensílios de cozinha, cerâmica para garrafa de vinho com inúmeras facas, muitas sem fio. Tábua enorme de madeira no meio da bancada. Vidros cheios de coisinhas. Minha cozinha é grande, mas é cheia de coisas, uma bagunça onde só eu consigo me orientar.

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nas linhas da minha mão…
  • Mas que delícia de cozinha! Caramba… sério que você não se lembra de comer seus biscoitos italianos? Por aqui continuamos nos controlando para não avançar na ração do gato! 😀

  • Gorete, acho que eu nunca vou ter uma cozinha asseptica, gracasadeus! 🙂 Perto de que praia voce mora?
    Telinha, :-)!
    Elisa, antes de ter uma estante, eu tinha meus livros num cantinho. Resolvi fazer a biblioteca qdo percebi que tinha mais livros do que podia empilhar num canto… 🙂
    Meg! Tenho DUAS luvas de pegar coisas quentes, sim! uma combinando com o avental que eu adoro, de tecido estampado de chili peppers! E as facas…. ah, elas precisam ficar protegidas de mim! por isso ficam num vaso de ceramica! 🙂 O livro chama-se Larrissa’s Book of Breads e eh muito legal.
    Tereza, a sua cozinha eh muito gostaosa tambem, aconchegante, como toda a sua casa! esse vaso, eh uma vaso mesmo, desses de colocar planta dentro, como se chama? Cache-pot? Dai eu coloco os utensilhos la, senao a gaveta nao fecha mesmo.
    Super beijo, gurias!! 😉

  • Adorei, Fer. Com uma cozinha minuscula como a minha e com a criatividade que eu tenho, passo beeeem por longe disso. Você me deu uma idéa com esse “vaso de flores com utensilios de cozinha”. Vou invejar você jà que a gaveta onde ponho os meus só vive emperrando sem querer abrir, de tao cheia. Com essa descriçao e mais aquele filmezinho onde você estava com Gabriel falando e o ursao filmando, agora parece até que jà fui na tua cozinha :o)

  • Pronto
    J´[a vi tudo!
    Ou seja é uma cozinha de artista.
    Via descrição minuciosa e ia anotando mentalmente o que falatava. Encontrei as facas no final e me lembrei do dedo cortado hohoho.
    E não vi luvas pra pegar pratos quentes.;-)))
    Agora me diga, quem tem uma cozinha dessa não precisa de mais.
    Só da cama, é claro.

    E foi esse livro que falei uma vez. O título é algo com Dona Bessie, é, Fer?
    Esse *miss* aí, é?

    Ah outra coisa, deve ser maravilhoso lê-la e certamente as mulheres sulistas tinham e até hoje têm muuuito a revelar.
    Porque ainda precisam esconder muita coisa, né Fer?
    Fer, esse post é uma verdadeira aula de Antropologia.
    Cadê aqueles “nossos” projetos, hein?
    Fezoca ‘ruleia’!
    Tenho dito!
    Meguita

  • Ai Fer, tua cozinha parece um sonho! Eu trouxe de Montreal, daquelas lojas de livros usados maravilhosas que tem lá, uma porção de livros de receita, novinhos e velhinhos, de todos os tipos e cores, mas não tenho onde coloca-los. Eles estão na minha biblioteca, junto com livros de Antropologia, Direito, Política, Economia, que tiram totalmente o charme que eles têm. Quando te vejo falando da tua biblioteca “culinária”, fico pensando em fazer uma por aqui tb! Quem sabe um dia …
    Beijos!

  • Isso é que é vida, Fernanda! Sua cozinha pulsa a vida. A alquimia tb precisa de espírito, de animação. Não gosto muito de cozinhas herméticas, exageradamente assépticas; a bagunça tb faz parte, senão, para onde iria o aroma, o tempero? Lembra das cozinhas das nossas mães, avós,…? Tinha cheiro de lenha, fumaça, cheiro de graxas, de doces e, até panos encardidos. 🙂
    Agora, lamento que, na minha cozinha, não posso posso rganizar e manter meus livros de receitas e cd’s, pq aqui, perto de praia, sofremos de várias mazelas: poeira no verão e mofo em todas as estações. Outro lance, é que as ‘secretarias’ intinerantes não cuidam bem.
    Mas, gosto mesmo é de cozinhas, assim, abertas, generosas. Bjs

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