chega de falar do tempo

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Se eu tivesse mais dinheiro iria viajar com o meu marido pra onde ele fosse, mesmo sendo eu uma cabrita emburrada e atracada. Eu não tenho nenhum interesse particular pela Florida, mas quando vejo ele arrumando a mala e começo a contar quantos dias vou ficar sozinha, fico querendo ir. Não é pela viagem, se é que vocês me entendem.
Pensando com meus botões, percebi que sou uma pessoa simples e que levo uma vida simplérrima. E eu gosto muito disso. Sou feliz assim, não mudaria um naco. Ou pensando bem, gostaria só de conseguir ser mais despachada, como essas pessoas que vão na frente da parada, dando piruetas e sorrindo sem timidez e sem ataques de suor. Fora isso, estou muito contente com a minha vida e comigo mesma! pisc!
Downtown está tendo um final de semana de side walk sale. Lembrei que no ano passado espouquei a cilibina na lojinha de miçangas. Fui na sexta-feira, voltei no sábado quando a loja ainda estava fechada, fiz plantão na porta e quando a loja abriu ataquei os saquinhos das ofertas. Na hora de pagar a mocinha que me atendendeu falou ironicamente – só isso? tem certeza que você não quer olhar mais nada antes de pagar?
Ontem senti um nojo nauseante da água da piscina.
Nossos inquilinos não pagam pela eletricidade. E o ar condicionado funciona dia e noite na casinha. Às nove da manhã, às duas da tarde, às dez da noite. às quatro e meia da madrugada. Qualquer hora! Estou com os cabelos em pé, pensando na conta deste mês.
Não entendo pessoas que gostam de chafurdar nas tragédias, persistir falando na desgraça que aconteceu com o outro ou perto do outro. Chega! E toca a vida pra frente.
Hoje em dia ninguém é cem por cento original.

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o passado não condena