por linhas tortas

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Meu exercício de nadar é algo puramente egoísta e solitário. Nado porque adoro nadar, e porque me faz bem. Não nado pra me enturmar ou arrumar amigos na piscina, nem pra competir e ser melhor. Não faço questão de elogios, nem de torcida, nem de aplausos. Gosto de nadar sozinha numa raia e de fazer o que me der na telha. Detesto ser mandada, ser direcionada – faça isso, faça aquilo, assim e assado. Gosto de fazer meu próprio set, sem ninguém me dando dicas. Detesto fazer parte de grupinhos, com aquela enturmação falsa e conversinhas tolas. Adoro refletir e pensar enquanto nado, não fico contando os yards, nem os minutos. Adoro dar minhas braçadas e pernadas mesmo não sendo rápida, nem tendo a melhor técnica. Nadar pra mim é um prazer. Vai deixar de ser quando começarem a me pressionar pra fazer tudo perfeito, num esquema pré-determinado e dentro de regras.
É exatamente a mesma coisa com o meu exercício de escrever.

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o passado não condena