quem não pode se sacode

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Na piscina da UC Davis pela manhã, alguns americanos e americanas de vinte e poucos anos vestindo maiôzões e calçolões, essa tal brasileira quarentona de biquini, um francês quarentão de mini-sunga.
Ladies and gentlemen, todos sabem que mini-sungas não são pra qualquer um. Mini-sungas são só pra quem pode. E aquele francês certamente estava com tudo e não estava prosa. O cara PODIA!

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Bom dia!

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Eu não me importo de acordar cedo no final de semana. O dia fica mais longo, dá pra fazer mais coisas. Saio da cama e vou ao banheiro acmpanhada de dois gatos, um ronronando exageradamente e o outro fazendo estripulias, dando pinotes e botes. Preparo meu café com leite, croissant com geléia, dou comida para os esfomeados. Abro o mailbox e tem mensagem do Moa. Ôba! Abro as janelas e sinto o ar gelado entrando, uma coisa refrigerante. Enquanto tomo o meu café ouço e vejo, entre os ramos das roseiras, o movimento na minha rua. O vizinho saindo com as crianças, uma chora, ele diz chega, vamos nos atrasar. O movimento é de gente indo e vindo do Arboretum. Pessoas caminhando, com cachorros, com fones de ouvido, ouço os passinhos. Também bicicletas, lá no fundo passa o trem de passageiros indo para San Francisco. Minha rua é fechada, num círculo, não é uma rua comum, nem movimentada. Mas eu gosto de olhar o que acontece lá fora, de sentir o ar gelado da manhã, apartar o Roux perseguindo o Misty, ler mensagens de gente querida no meu inbox, pensar e planejar o meu dia, que mal começou, mas com certeza vai ser bem animado e ocupado.

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tome jeito, menina!

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Fui nadar, e enquanto nadava um pensamento pentelho insistia em me atormentar. De repente, o grilo falante berrou – cala a boca! E eu fiz uma proposta pra mim mesma. Toda vez que um pensamento pentelho brotar, vou pulveriza-lo com imagens mentais de rostos de gente bacana e querida.
Enquanto jantávamos fui contando o meu dia para ele. Primeiro falei da conversa sobre dentes, depois da minha reunião semanal com a minha chefe, e o que estou fazendo no trabalho. Quando terminei, disse – pronto, essa é a minha vida! E ele – mas a sua vida não é só isso. E eu – tem razão, minha vida é também meu marido, meu filho, minha família distante, minha casa, meus gatos.
Abro uma revista com uma foto de uma salinha de jantar, e lembro dela. Vou às compras, e lembro dela. Espirro perfume pela sala, e lembro dela. Abro minhas caixas de colares, e lembro dela. Ela, infelizmente, não está mais conosco. Mas está no meu coração e no meu pensamento, dia após dia.
Se voce ver uma descabelada pedalando corcunda com um vestido xadrez esvoaçante, essa sou eu. Desde a minha adolescência – ou seria infância – que eu não possuia ou usava um vestido xadrez.

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Vi a lua no céu

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Acordei pra fazer xixi às duas da manhã. Vou para o banheiro no escuro, de olhos meio fechados, não quero sair daquele estado alfa, senão é um tormento voltar a dormir. Mas uma luz brilhante atravessando a cortininha da janela do banheiro fez um desenho no meu braço. De olhos entreabertos puxei a cortina e vi a lua. Ela não estava grande, como aquelas de quarto cheíssima. Estava pequena, redonda, mas poderosa. A luz era muito branca e forte. Voltei pro quarto e então percebi a iluminação da lua na rua através das janelas abertas. Bem impressionante, tanto que invés de voltar a dormir, anotei todas essas palavras que estou usando agora, no meu caderninho mental.

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Como broxar uma conversa

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I. Você está contando um causo para uma pessoa e ela está espremendo a boca num bico, tentando segurar sem sucesso inúmeros bocejinhos. Na primeira vez você pensa, vai ver a pessoa não dormiu direito. Mas daí você percebe que o ataque de bocejinhos acontece sempre que você está contando um causo. Nunca acontece quando a conversa muda de lado, e a pessoa começa a contar o causo dela. Broxante.
II. A pessoa te pergunta como vai isso ou aquilo, e cinco segundos depois que você responde, ela dá aquela virada de cabeça pro outro lado e murmura um ” ahran” fazendo a cara de maior desinteresse que você já viu na sua vida. Essa é a mesma pessoa que te apoquentou os piquás, falando sem parar no seu ouvido por meia hora, sobre um probleminha que você couldn’t care less que aconteceu com ela, e você ouviu. Broxante.
III. Você estå falando ao telefone, contando algo, quando de repente a pessoa do outro lado começa a falar coisas que não tem nada a ver com a conversa, e você fica confuso por uns segundos, até perceber que a falação não é com você, e sim com outra entidade presente do outro lado da linha – os filhos, a empregada, o encanador, o cachorro, o periquito. Quando a pessoa volta a falar com você, você já até esqueceu o assunto. Broxante.
IV. Você está contando um causo e a pessoa fica te interrompendo para: terminar as suas frases, ou puxar o assunto pra ela. No primeiro caso, a finalização das frases é sempre equivocada, e no segundo caso, esqueça, você nunca vai ter a chance de voltar ao seu assunto e terminá-lo. Não é realmente broxante?

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Sol Na Casa 8, Lua Na Casa 1

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Parece que isso só me acontece uma vez por ano. Daí é aquele ziriguidum. E eu fico chata, chata, chata, chata! Porque de repente eu vejo a luz, e me conscientizo que preciso me desfazer de um monte de nós incômodos e de muito entulho e lixo que eu acumulo na minha vida – isso incluí coisas e pessoas.
Nem queria falar nisso, pra coisa não reverter, mas estamos num verdadeiro paraíso, depois da descida aos infernos que foi aquela onda de calor. A aberração nos faz apreciar muito mais a normalidade. Hoje estou vestindo um sueter.
Liguei domingo passado para desejar Feliz Dia dos Pais pro meu pai. Felizmente minha mãe me salvou do constrangimento, avisando que o dia era no próximo domingo. Mas meu pai entenderia, ele sabe a filha que tem. Minha mãe comentou que durante o almoço estavam todos rindo da minha história do vestido molhado. Este respeitável blog é lido pela minha família. Não é o fino da bossa?
E olha só, a Revista Paradoxo faz três anos, com edição comemorativa e tudo. Eu estou lá, com minha coluna semanal sobre culinária. Tudo super chique, super cool, um arraso!

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Uma moça muito limpinha

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A minha hora de almoço não é só para as comilanças. Eu geralmente tiro os sapatos e a roupa e visto um roupão, pois isso me ajuda a estender um pouco mais o prazo da elegância e a aguentar mais umas horas de confinamento vestuário. Nessa hora do almoço eu também escovo os dentes e passo fio dental. E ás vezes lavo o rosto, ás vezes lavo os pés, ás vezes eu tomo um banho, e sempre retoco o perfume, penteio as sobrancelhas e coisas assim. Mas num belo dia, ás dez da manhã eu encasquetei que meu vestido estava cheirando estranho no sovaco. E eu não simplesmente encasqueto, eu despiroco total. Ninguém aqui chega suficientemente perto de mim para sentir cheiro de nada, mas mesmo assim eu entro num estado de descontrole insano. Então na hora do almoço eu cheguei em casa e lavei o vestido. Sim, mes amis, LAVEI. Usei um sabão liquido que supostamente elimina os maus odores e lavei os sovacos do vestido, que molhou também nas costas. Pendurei o dito na janela do banheiro – bem cortiço style – e fui comer. Lógico que o vestido não secou! Eu fico realmente sem graça de voltar pro trabalho vestindo outra roupa, como se eu fosse uma reles dondoca fútil. Então revesti o vestido daquele jeito mesmo. E voltei pedalando, com o sovaco e as costas molhadas, tão fresca, tão limpinha.

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o passado não condena