war is not the answer

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Não lembro onde eu estava indo no sábado pela manhã quando passei por eles. Do outro lado da rua a fila enoooorme do restaurante japonês já estava formada, longa e jovem, caras de estudantes, asiáticos, em pé por horas para encher o bucho de sushi. E na calçada oposta aquele grupo silencioso enfileirado, também em pé, imóveis, sérios, muitas cabeças com cabelo branquinho, olhavam para o outro lado, ou não olhavam pra nada, mas estavam ali – como é rotina, todo santo sábado desde que essa guerra podre começou – protestando silenciosamente, segurando cartazes, deixando claro que são contra, como eu, como você. Só que eles passam todas as mannhãs, de todos os sábados, ali naquela calçada, mostrando que não concordam. Passei por eles pensando nas palavras da Angela Davis, que disse à uma platéia lotada no teatro da universidade na semana passada – ninguém precisa ser um herói, mas todo mundo pode fazer alguma coisa, ser um pequeno ponto, participar fazendo pequenas coisas, num esforço conjunto para uma grande mudança.

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  • aqui perto também, `as sextas, no final da tarde eles chegam e se plantam silenciosos na esquina com cartazes. Muita gente passa buzinando loucamente, eu inclusive, e eles dão tchauzinhos e continuam lá. No começo da guerra, três anos atrás, eu achava que eels eram velhos hippies, mas semana passada mesmo pensei nisso: eles são novos tipos de heróis…

  • Fer,
    que saudade! Ando sumido, né? Como disse para a Janaína, “o relógio tá de mal comigo”. Mas passei aqui para deixar um beijão para você e dizer que é preciso ser mesmo esse “pontinho” no processo de mudança desse mundão de meu Deus.
    Beijo.

  • Angela Davis era uma mulher linda e forte, que muito nos inspirou nos anos 60. Como ela está hoje? Ainda militando, pelo que leio do seu relato.
    Essas pessoas que protestam calma e silenciosamente me inspiram muito respeito, Fer.
    Não sei as mudanças virão logo, mas acredito que pelo menos pras minhas netas…
    Beijo querida.

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o passado não condena