A inveja é uma Imelda

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Observar o comportamento da malta pode ser um exercício interessante e mesmo se não der pra tirar uma lasca de proveito, ao menos se aprende alguma lição qualquer de vida. Vejam o caso dos invejados e dos invejosos. A inveja é uma palavra usada de modo exagerado por bofudos e bofetes, e que nem sempre carrega toda a responsabilidade de tudo o que se atribuí à ela.
O exemplo mais patusco é o da figura que se acha objeto da inveja da humanidade. Estão sempre a invejá-la, não importa no que. E vive a repetir o quanto a invejam, o quanto a vão invejar, por isso ou por aquilo—oooh, vejam bem, tudo que eu tenho ou sou suscita a cobiça alheia. E também tudo o que lhe acontece de ruim ou desagradável é, certamente, resultado de todo esse “olho gordo” dessa gentinha invejosa e maldosa. Nada é culpa do indivíduo, mas sim do coletivo que o inveja. A única inveja que realmente esse pessoal inspira é provocada por essa incrível capacidade que eles têm de se darem uma extraordinária auto-importância e de conseguirem se inflar ao ponto de quase sair flutuando.
Já quem realmente inveja é outra história. Esses são seres sinistros, que muitas vezes usam o humor para encobrir o mais nefando dos sentimentos. Eles se denuciam através do escárnio, que pra mim é a manifestação mais óbvia do ressentimento e da inveja. Só que esses invejosos não invejam aqueles tais que se acham invejáveis. Eles invejam o mundo, a vida, a espontaneidade, a sinceridade e a alegria.

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