sem prescrição

*

Uma das coisas que eu gosto no meu trabalho é o relacionamento que eu tenho com meus colegas. Não rola nenhuma frescurite, pois cada um fica na sua e não tem muito convercê. Eu quase não vejo o pessoal da administração—que é o que mais bate papo. Pertenço ao grupo dos geeks que bebem chá e dizem ni!
Melhor ainda é meu relacionamento com o meu supervisor. Às vezes até penso que ele poderia muito bem ser meu amigo, se não fosse tão nerdinho e fã do Paul McCartney. Quando fui fazer meu procedimento de embolização uterina no verão passado, fiquei preocupada como iria dizer pra ele que precisaria tirar dez dias de folga para me submeter a um tratamento num hospital, com recuperação, eteceterá. Como iria falar de ÚTERO e SANGRAMENTO com o meu chefe? Fiquei realmente preocupada, mas completamente sem razão, pois falar sobre útero e problemas uterinos com ele foi a maior tranquilidade.
Eu não tenho o perfil de uma hipocondríaca, muito pelo contrário, não faço o que tenho que fazer pois odeio me submeter a tratamento com remédios e chatices relacionadas. Mas no último ano meu convercê tem se restringido as minhas mazelas dentárias, uterinas e encefálicas. Então eu e meu supervisor pegamos essa hábito meio estranho de conversar sobre doenças—entre outras coisas, é claro!
Outro dia estava contando pra ele sobre o mega tratamento dentário que vou fazer, porque ranjo os dentes à noite e isso está detonando minha boca e me dando dores de cabeça descabelantes. Como ele tem um tom de voz bem alto, a jornalista que trabalha no fundo da sala ouviu os comentários dele sobre a minha história e veio me contar que ela também vai fazer um baita tratamento dentário com operação e horrores tais. Agora meu supervisor andou adoentado e já me contou todos os micro detalhes dos exames que fez, que não detectaram uma pedra no rim, como ele pensava que fosse, mas uma diverticulite no intestino grosso. Muito chato, muito chato mesmo.
Ele estava me contando sobre os exames que fez, sobre o ct scan que eu também fiz, e trocamos algumas informações naquele esquemão de papo de sala de espera de hospital—você tomou o liquido brilhoso pela veia? eu tive que beber. ah, mas ct scan não é nada, você iria odiar fazer era a ressonância magnética, essa sim, você tem que ficar trinta minutos preso num tubo….
Estavamos no maior troca-troca de informação médica, quando ouvi o meteorologista que trabalha no cubículo ao lado do meu grunir—toooo muuuuch informatiooooon…..
Depois dessa puxada no esparadrapo, fomos correndinho cuidar da vida e trabalhar.

  • Share on:
Previous
o espírito de Porto
Next
brilho
  • Feeeer, meu G-Zuz! eu tenho um problema de ciático horrível que me estressa muitíssimo além de quase me matar de dor, lógico. maaaas, antes de descobrir que era essa “coisa” do ciático, eu fiz vários exames – e em nenhum foi detectada a tal inflamação, pasme! -, inclusive uma tomografia computadorizada! NUNCA MAIS! ressonância, então? nem por decreto! foi a coisa mais horrível que eu já fiz na minha vida, JURO! preferia ter que ficar com a dor… eu fiz um “escândalo” na clínica… a moça teve que ficar “segurando a minha mão!”. prá piorar, ninguém pôde ir comigo e eu fui e voltei sozinha… af! ninguém merece… ficar dentro daquele negócio claustrofóbico, com aquela coisa apertada na cabeça, meu Pai! bem, graças a Deus achei uma mocinha muito boazinha, massoterapêuta, com a qual estou fazendo reflexologia, drenagem linfática e massagem terapêutica e, olha, está funcionando! estou fazendo dieta, tomando chá de mil de cores e já estou providenciando a troca do meu colchão… ah, a velhice… não vem sozinha, né? desculpe o jornalzão que ficou este coment, mas eu sou essa coisa prolixa mesmo… bjus prá ti, o Roux e o Misty!

deixe um comentário

o passado não condena