once—more?

*

—vocês vieram de onde?
—viemos de Woodland ali no condado de Yolo.
—Woodland? é que percebi que vocês têm um sotaque…
—ah, é que somos brasileiros.
Foi um convercê curto com o artista hipongo que vive na vinícola que visitamos no condado de San Joaquin. Ele foi direto ao ponto, porque não é sempre que as pessoas perguntam. Você fica falando com o seu sotaque, que é algo totalmente evidente, e consegue até visualizar os zilhões de pontos de interrogação flutuando pelo ar. Porque o sotaque do português brasileiro ainda não é tão popular a ponto de ser facilmente identificado. Só que quando rola esse tipo de questão, a resposta nem sempre soa correta pra mim, porque o Brasil não tem nada a ver com a história—nós realmente viemos de Woodland, ali no condado de Yolo, e o fato de falarmos com um sotaque é apenas um detalhe.

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  • Puxa, como é que uma pessoa ousa jugar outra desse jeito? Que rapaz mais sem noção!
    Quando me perguntam de onde eu venho eu respondo de Bruxelas. Um dia alguém disse que eu tinha um sotaque do Sul da França e aí, sim, eu respondi que vinha de um Sul que ficava mais embaixo hahahaha
    Cada cabeça um universo mesmo, viu?
    R: exatamente, Tereza!

  • Fer, Que comentario mais nada a ver ai o do rapaz. Eu entendi perfeitamente o que tu quiseste dizer e o que de fato expressaste. Tem muita gente com bronca de estrangeiro, principalmente os que voltam. E nao acho que isso aconteca so com os brasileiros que voltam. Triste, mas verdadeiro. Acontece muito na America do Sul, embora saibamos que na Europa “os sudacas” nao sao bem-vindos tampouco.
    R: Janine, cada cabeça uma sentença, não é? cada um tem sua experiência, boa ou ruim. mas querer generalizar a experiencia de todos baseado na sua é um erro. ouvi uma vez de uma amiga chilena que conheci no Canadá—você no estrangeiro é um embaixador do seu pais, sua atitude e postura vai determinar o que os outros vão pensar e a imagem que vao fazer do seu pais de origem. entendi perfeitamente o que isso significa e é onde baseio toda a minha vida, aqui, no Brasil ou em qualquer outro pais.

  • Tudo bem, você pode ter expressado algo além do que realmente queria dizer. Mas nada do que eu disse é mentira e qualquer pessoa que já morou fora sabe disso. Eu li o post em que vc afirma que ficou 6h aguardando para ser atendida e teve a janelinha fechada na cara, oq ue a fez chorar por outras 6 horas. Ou seja: você sabe que eu não menti, aliás, vc deve saber melhor que eu o que é sofrer preconceito por ser estrangeiro, já que me parece que mora fora do Brasil há milênios. Sim, para eles vc não veio de Woodland, mas sim do Brasil. E, por mais triste que possa parecer, não há nada na Terra capaz de mudar isso.
    R: suas ideias sobre ser estrangeiro sao diferentes da minha. talvez voce tenha tido uma experiencia ruim. nao é o meu caso. historias na imigracao sao semelhantes em todos os cantos do mundo—sei de americano saindo aos prantos da policia federal no RJ quando estava no processo de imigracao pro Brasil. ser estrangeiro é tambem uma questao de postura. nao vejo nada de errado em ser estrangeiro. acho isso ótimo, um plus, alem do que vivo numa cidade super multicultural cheia de gente de outros paises. legalmente sou brasileira-americana. como meus avós foram italianos-brasileiros. e o meu lugar no mundo agora é aqui.

  • Para os americanos vocês sempre serão estrangeiros. Uma pessoa com sotaque estranho de outra parte do planeta nunca será um nativo de Woodland, mas sim um estrangeiro que mora em Woodland. Vocês jamais serão americanos. O green card é um mero documento, ser verdadeiramente um deles é algo que não pode ser comprado. Não fique frustrada com isso, basta se acostumar e entender que sempre será vista como “aquela que não é daqui”. Eu vivi algo semelhante quando morei fora do Brasil.
    E não me leve a mal, mas se o Brasil “nao tem nada a ver”, pq vc bloga em português? Não seria mais adequado escrever em inglês? Assim, talvez mais americanos pudessem entrar aqui. Eu descobri esse blog pois fiz uma pesquisa em português.
    Saudações!
    R: hahahaha, fazia tempos que eu não via alguém fazer uma interpretação tão errada e equivocada de um texto. saudações!

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