the little ones

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Tem uma pré escola na proximidade do prédio onde eu trabalho. Quando saio com amigas pra caminhar e as crianças estão brincando nos playgrounds, tem sempre alguém que comenta—olha aquele ruivinho! olha que fofa aquela bochechuda! que amor! que doçura! nhóin! E eu sempre sorrio amarelo, porque não tinha notado nada, não olho pra crianças, não me importo, não acho tão fofo assim. As crianças, por outro lado, parecem que me curtem. Me encaram na fila do supermercado, sorriem pra mim, mandam tchau. Mas não é recíproco. Gosto de falar com criança de igual pra igual, não através da mãe como se eles fossem uns descerebrados. Mas não puxo assunto, não olho, não me toco, não ligo.
Mas quando vou buscar meus ovos na fazenda e passo por um campo cheio de carneirinhos e cabritinhos, mal consigo prestar atenção na estrada, fico encantada com as criaturazinhas e meus olhos se enchem de lágrimas de puro amor.

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o passado não condena