ways of seeing

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Para nós, pessoas do século 20, o mundo como conhecemos já não existe mais. Tudo o que crescemos considerando como o normal, já não é mais. Cinema, televisão, rádio, jornal, revista, fotografia, livros, telefone, cartas. Escrever com caneta, escrever na máquina, telefonar do fixo ou público, revelar fotos, folhear revistas, recortar imagens, fazer colagens, depender dos livros e da biblioteca para informação, ou dos jornais ou redes de tevês. Quando vi John Berger no documentário da BBC de 1972—Ways of Seeing, me pareceu que ele estava falando de um outro mundo, um outro século. E estava mesmo. A sensação é de que nada é mais o mesmo, que vivemos uma revolução sem precedentes, e que daqui pra frente quem ainda não se ajustou ao novo vai ficar para trás de uma maneira brutal. Vai ficar uma pessoa fora do seu tempo. Felizmente essa não serei eu. Nasci na metade do século 20, talvez viva até a metade do século 21 e ninguém, asseguro, vai poder me chamar de defasada, desconectada ou por fora.

Adoro tudo o que é antigo, amo os filmes do pre code de Hollywood, acho a moda do inicio até o meio do século 20 maravilhosa [embora entenda que devia ser tudo o máximo do desconforto], adoro ver imagens vintages, olhar pra trás, pra história, com curiosidade e interesse. Mas meu mundo é no século 21, com todas as modernidades e confortos que esse mundo pode me proporcionar.

A sensação mais forte, porém, é a de que apesar de todo esse desenvolvimento vamos fatalmente desbarrancar. Não sinto que o futuro será muito brilhante. Sinto que será sim bem diferente. Pro futuro que estou tentando visualizar agora, o século 20 vai parecer um sonho, um filme, com um roteiro bem ingênuo e muito mal escrito.

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⌘ that easy ⌘
  • Saudades dos bons tempos do nascimento dos blogs, finzinho do século 20, dos tempos em que eu parava mais pra ler e comentar meus blogs preferidos 🙂

    Preciso desacelerar e arranjar mais tempo para as coisas simples…

    R: que surpresa boa ver você por aqui Marcus! da saudades mesmo! abs!

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o passado não condena