nem merecia satisfação

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Tava fazendo minha caminhada de rotina pela vizinhança no final do dia e cortei caminho por uma rua por onde não passo costumeiramente. Tava, como sempre, parando pra tirar foto das flores, quando vi uma velhota branquela de cara vermelha sentada na frente de uma casinha me chamando, fazendo um gesto com o dedo. Atravessei a rua e fui lá ver o que ela queria.

ela—você é de alguma companhia?
eu—companhia? não só tô fazendo minha caminhada.
ela—ahnm, caminhando?
eu—sim, moro aqui na vizinhança, tava tirando foto das flores.
ela—ah, é porque andaram acontecendo algumas coisas por aqui….
eu—ah tá…

Virei as costas, voltei pra minha caminhada e deixei a velhoca lá, confabulando sozinha. Em tempos de Tonaldo Drumpts cheguei a ficar ressabiada quando ela me chamou, pois pensei que ela fosse me dizer—o que você tá fazendo aqui, volta pro seu país! Mas era só uma idiota se achando a Xeroque Rolmes da vizinhança, fazendo a ronda com o olho, sem sair da cadeira, checando os indivíduos “suspeitos” que paravam pra tirar fotos “secretas” das flores.

Um pouco mais pra frente senti um cheiro absurdo de maconha vindo de uma das casas da mesma rua. Realmente, os inimigos são os outros.

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