um mês

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Primeiro dia de inferno astral, tomei decisões. Primeiro, fui finalmente em jejum de doze horas fazer o tal exame de sangue que meu médico pediu há mais de uma semana. Fico com o rosto quente com certos desaforos. Pra mim não custa nada eliminar coisas ou pessoas da minha vida. É um ato de auto-proteção e de preservação da minha paciência zen. Já tenho um terço da mala arrumada. Nem preciso dizer que tenho angustias pré-viagem. E essa é uma época difícil, com a colheita dos pistachos acontecendo na fazenda no sul da Califórnia, vejo pouquissimo o meu marido. Ele já avisou ontem pelo celular que volta na terça à noite. Viajamos na quarta. É sempre uma correria, um estresse. Os gatos não querem saber de nada, eles querem o rango i-me-di-a-ta-men-te, logo que você tira a bunda da cama e põe os pés no chão. Fui à ginecologista para o meu anual e fiquei completamente irritada com a variedade, ou melhor, não-variedade de revistas na sala de espera. Tudo que tinha lá era sobre mulheres grávidas ou crianças. Como não me encaixo no perfil da futura mãe ou da mãe descabelada e enlouquecida lidando com filhos pequenos, fiquei folheando as revistas com um tédio mortal e uma cara de ué. Todo mundo com medo do mosquito do vírus west nilo. Ontem no picnic um grupo grande ao nosso lado tinha muitas velas gigantes de citronela acesas. Nós lucramos!

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que coisa mais feia!

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Republicando um post velho , porque de repente, preciso falar novamente sobre essa copiação muito feia e queima-filme que eu ando vendo por aí….
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Gentileza gera gentileza. Eu acho super gentil e fino dar crédito para idéias e contribuições. Vi no blog do fulano, gostei e vou fazer igual. Peguei a idéia do beltrano. Sicrano me deu a dica. Trés chic! Feio mesmo é pegar as idéias e dicas alheias e propagandear como se fossem próprias ou tivessem apenas caido do céu. Quem faz isso desce vinte degraus no meu conceito.

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figo galore

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Tenho que inventar maneiras diferentes de comer a bacia cheia de figos, antes que estrague tudo. Já devorei um número enorme de unidades frescas…. e agora estou tentando comer o restante de maneiras mais criativas.
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» cortados em rodelas e misturados com yogurte grego [ah, uma das mais deliciosas maravilhas do mundo dos laticínios] e mel.
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» cortados ao meio, regados com mel e vinagre balsâmico, salpicados com feta cheese e assados em forno médio por meia hora.

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pança cheia

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Uma amiga mencionou um prato típico do norte ou nordeste chamado baião de dois e eu fiquei com as bichas. Então hoje resolvi fazer o tal prato, mas num esquema muito do improvisado. Procurei a receita no cybercook e ia tanto ingrediente regional – manteiga de garrafa, feijão não sei das quantas, farinha de não sei o que. Pensei, vixe maria, acho que vou ficar só na vontade. Mas a capacidade de improvisação do ser humano é uma coisa impressionante. Fiz o tal baião com um bacon americano que eu descongelei no microondas, um feijão italiano e um arroz basmati indiano que eram sobras de outro dia, adicionei pimentão e tomate, salpiquei com queijo ralado e servi acompanhado de um refogado de quiabo. Nem sei se combina, nem se esse baião fajuto pode ser chamado de baião. Mas que ficou muito bom e eu enchi a pança é a mais pura verdade!

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não é Fantástico!

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A bolota voltou pra mesa da sala de jantar. Pelo menos agora posso justificar tomar café da manhã na frente do computador. E posso conversar com a Roberta pelo msn e perguntar pro Urso, que estava escarrapachado no sofá da sala, se vamos ou não colher figos e comentar a resposta dele com ela. Me faz lembrar o tempo em que morávamos numa casa pequena, onde da cozinha se via a tevê na sala e do quarto no loft se ouvia tudo que acontecia no resto da casa.
Fomos colher figos numa estação experimental da ecologia. A árvore fica lá totalmente empoeirada, as frutas caindo de podre, parece que ninguém nesta cidade gosta tanto de figo quanto eu. A estação tinha uma plantação gigantesca de milho e eu já fico de olhão. Ganhamos muitas frutas e legumes que sobram de experiências de pesagem ou medição, não tem nada com manipulação genética, radiação ou pesticida envolvido. É tudo muito limpinho e saudável, às vezes tem uns números escritos nas cascas, mas fazemos vista grossa para este detalhe. Com os figos é diferente, a árvore fica lá, ninguém cuida, ninguém nem nota. Trouxemos pra casa uma uma bacia de figos madurinhos e docinhos… hmmm!

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greetings!

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no carimbo a data é de 1902 – na época os postais chegavam mesmo sem endereço. só precisava colocar o nome do destinatário, pois quantos Frank Spearman haveriam em Wheaton, Illinois?

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office space

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Eu tenho um escritório super bonitinho, pequeno, arejado, iluminado, decorado com fotos nas paredes, cadeirão onde os gatos dormem, desk legal com todas as minhas coisas organizadas – dicionário, agenda, bloquinho, grampeador, durex – uma mesa de costura ao lado, abajour, tapete, cadeira giratória, enfim, toda a parafernália. Mas não estou mais lá por causa desse problema com o wireless, que eu não consigo entender o que é que pega. Os inquiinos da guest house não mexeram na antena [que fica lá] e o computador não pega o sinal de um lado da casa. Detesto bagunça, coisarada fora do lugar e essa semana só aturei a bolota na mesa da sala de jantar porque andei super ocupada, numa correria total e nem tive tempo pra ficar irritada. Mas hoje, porcamiséria, não dá mais! Tentei todos os cômodos da frente da casa e nada. A solução foi descolar uma mesícola e instalar a bolota no meu quarto, que fica diretamente em frente da casinha de hóspedes. Estou num mal ajambramento total. E o meu filho – o técnico lindo e charmoso, está em Washington e não pode me ajudar.

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Robot Doc

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Eu imagino que exista uma matéria obrigatória nas faculdades de medicina deste país intitulada Robot Doc – how to conceal all your humanitarian feelings. Só assim se explicaria a atitude desinteressada e blasé de muitos médicos. Eu troquei de plano de saúde no final do ano passado na esperança de conseguir um atendimento de mais qualidade, mas foi tudo em vão, uma tremenda furada! Todos os planos são a mesma joça. E a joça atual não queria cobrir o retin-a, que é o gel que eu uso há anos para minhas espinhas de balzaca que teima em permanecer aborrecente. SantaPimponela! Ontem fui levar outra receita na farmácia, pois a assistente do dermatologista [pensa que é fácil ver o dotô?] garantiu que desta vez eles pagariam pelo remédio. Entreguei o papelete pro atendente e falei – i’ve been here too many times. Ele respondeu com aquela cara de entediado que também parece ser pré-requisito – yeah, i know…

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it’s party nite

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Primeiro eu fui entrando numa boa, sem nem me importar com o carinha que checava a identidade do pessoal que chegava. Peraí, ele me chamou, preciso ver uma identificação. Eu sempre banco a boba nessas horas, fico rindo como uma hiena e desta vez meus amigos me acompanharam. Vergonha, vergonha. Me desculpei dizendo, acho que está na cara que eu tenho mais que vinte e um anos. Risos gerais, aê-rá-rárá. Mas é regra, fui avisada, todo mundo que entra tem que mostrar a identidade. Então mostrei a minha e o rapaz levantou as sobrancelhas e me olhou com uma cara engraçada, como quem dizia, bem-vinda, senhora! Depois, como se não bastasse cometer uma gafe logo assim na chegada, precisei cometer rápidamente outra, pra formar um par de gafezocas. Paguei a cover de três dólares e enquanto um outro cara colava um bracelete de papel no meu pulso, perguntei quem está tocando hoje? A resposta foi uma tremenda cara de interrogação – tocando?? ninguém está tocando, hoje é a party nite. Dei o maior bandeirão de que não sei nada de nada, não frequento mais bares onde todos têm que provar a idade legal de beber álcool e não sabia que era party nite, nem o que isso significava. Bem-vinda, senhora! Me explicaram então que nas party nites das quartas-feiras você paga três mangos pra entrar e daí paga apenas um mango por cada copão de cerveja. Uma noite pra encher a cara à preços módicos. Logo o bar começou a encher de uma maneira enlouquecida com tipos de estudante de primeiro ano de universidade, ninguém com cara de mais de vinte e um anos – um mar de fake ids, eu presumo. A cerveja estava amarga e sem gelo, e eu completamente de penetra na festa errada.

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o passado não condena