Minha casa ainda tem paredes virgens, paredes brancas, paredes limpas. Eu olho revistas, tento me inspirar, mas ainda não consegui o feito de decorar as muitas e muitas paredes desta casa. Sem falar que eu sinto um certo receio de pregar pregos, fazer furos. E pra pendurar o quê?
Mas a situação não é tão terrível quanto eu penso, pois já tenho algumas coisas penduradas: um quadro lindo e original, presente de uma amiga pintora, pendurado com tachinhas e sem moldura na parede da cozinha, outro quadro, que foi um achado, de preço, moldura e cores, pedurado em cima da lareira, algumas fotos p&b do meu pai e do Robert Doisneau na sala de tevê, vários quadrinhos com aquarelas de Veneza e quadrinhos com reproduções de pintores espanhóis que meus pais me deram de presente pendurados no corredor e no quarto de hóspedes, além de preciosos desenhos do meu filho Gabriel que ficam enfeitando uma parede do meu quarto.
Mesmo assim, a casa insiste em parecer nua. Então hoje saí numa missão de encontrar quadros para vestir algumas paredes. Consegui colorir um pouco a sala de jantar e até estou com um quadro extra, que não sei onde pôr, pois além do receio de pregar prego e fazer um buracão medonho, ainda tem o problema da indecisão. Imaginem uma libriana tentando equilibrar tudo harmoniosamente, nada pode ficar fora do lugar, nem torto, nem descombinando. É uma verdadeira tortura, pois o meu desajeitamento colide de frente com a minha librianice e tudo vira um martírio… Pregar pregos na parede não é fácil. Agora só falta o Ursão olhar e falar que não gostou de nada…