thanks for the memories

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old phonograph old phonograph
old phonograph old phonograph

Vivo numa bolha do tempo cercada por tecnologia. Assisto filmes dos anos 30 num iPad e escuto música dos anos 40 numa radio satélite. Mas também rodo umas bolachas 78rpm num velho fonógrafo de 1927. Sou dessas.

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whole lotta love

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No dia 2 de abril de 2011 às 2:59pm coloquei os pés pela primeira vez na minha futura casa em Woodland e de lá tuitei—meu deuso que casa FOFA, da decada de 40, parece saida de um filme!
Precisei remeter às redes sociais para poder recontar exatamente o que aconteceu. Como olhei a casa no website na imobiliária e como depois que entramos nela não conseguimos mais sair. A memória mais forte é a de estar conversando na cozinha com o corretor e o Gabriel e desconectar do papo, dispersa, olhando à minha volta com a sensação de estar num lugar familiar. Quando visitamos a casa pela última vez antes de fazermos a oferta, olhei pro Uriel e disse—essa casa é simplesmente maravilhosa! Concordamos que a casa era para nós.
Então compramos, mudamos e já estamos aqui há quase dois anos. Ainda precisamos fazer um monte de coisinhas, como pintar as paredes por dentro, colocar cortinas nos zilhões de janelas, mas o básico já está bem arrumadinho. Com o Uriel trabalhando no Silicon Valley achei que iriamos passar muitos finais de semana na Bay Area, mas não é isso o que está acontecendo. Porque nos dias de folga do trabalho nós queremos simplemente ficar na casa, sentados no sofá da sala cheia de janelas lendo, ou eu na cozinha e o Uriel cuidando do jardim, o gato pra lá e pra cá no quintal, os passarinhos, as árvores, o silêncio e um resumo dos nossos dias mais tranquilos.

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mosca em boca fechada não entra

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A secretária pediu demissão depois de meses de uma batalha contra ogralinamulherdascavernas. Por isso me ofereci para ir buscar o carro do nosso programa que estava no serviço de manutenção do campus. Na volta, estava estacionando quando um colega chegou e ficou me esperando. Saí e vi que o carro estava todo torto na vaga.
eu—ficou muito torto, vou voltar e arrumar!
ele—não precisa, tá bom assim.
eu—não posso deixar o carro torto.
ele—não esquenta, ninguém vai reparar ou reclamar
eu—você não está entendendo, eu tenho VÊNUS EM VIRGEM e não posso deixar o carro estacionado assim torto!
ele—[silêncio]
eu—[isso é coisa que se fale? hahahaha!]
Estava finalizando um trabalho depois de muito esperar donaogralinasabereta terminar a parte dela. Anunciei que estava tudo pronto pra publicação e ela exclamou—all systems go! E foi logo comentando que sabemos que estamos ficando velhos quando entendemos o que essa expressão significa. Respondi que eu não sabia o que aquilo significava e tive que escutar a explicação, de que a frase era um jargão que remetia aos principios do programa espacial americano e que depois virou letra de música de sucesso gravada por um grupo musical, blablablablablabla. Encerrei o convercê dizendo—não saco nada dessas nerdices, as únicas frases que posso citar são as das músicas do Dylan. [ISSO É COISA QUE SE FALE? HAHAHAHA!]

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certainly—certainly

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Saio atrasada de casa regularmente de manhã pelo motivo de ficar trocando de roupa como se estivesse me arrumando pra ir ao baile da realeza. Como se fosse fazer diferença pra alguém [mas faz muita diferença pra mim, alright].
Vi o filme Tom & Viv e fiquei chocada com a história da Vivienne Eliot, a primeira mulher do poeta T. S. Eliot, que passou anos internada e tida como louca por causa de problemas hormonais. Quantas vidas foram desperdiçadas. Mas como felizmente já estamos em outro século, minha médica proclama em modo super assertivo—stop blaming everything on the hormones!
Dirigindo pela estradinha da roça no meu caminho pro trabalho, passei por cima de centenas de corpos de mulheres nuas. Alguém despejou uma coleção de revista de mulher pelada na encruzilhada. E pelo que consegui ver, pareciam ser daquelas da pior qualidade. Teorias sobre os motivos daquilo abundam.
Minha mãe sobre a experiência dela de trinta anos com filho morando em outro país—é muito dificil, é muito dificil. #eeulogosaberei
Na zumba tem um grupinho de meninas que fica sempre no fundão e só falam espanhol entre elas. Uma delas veste umas camisetas bem legais. Uma tinha um grupo de mexicanos desenhado nas costas e na frente escrito––Mexican! Not Latino, Not Hispanic. Outra trazia a marca da cerveja Corona. E uma tive até que ir elogiar, pois era aquela vermelha do Chapolin Colorado––No Contaban Con Mi Astucia!
Uma coisa muito constrangedora é ver gente totalmente bêbada, com aquela cara de mé, em foto publicada em rede social.
Meu marido colocou um ovo cozido inteiro pra esquentar no microondas. E depois me mandou um txt—o ovo explodiu! Nem respondi.

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pérolas do dia

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Decidi vestir uma blusa preta com bolonas brancas, cachecol de lã cor de mostarda, bermuda khaki e botas de cano alto com meia até o joelho. A bermuda é do meu marido. [I have no shame] Assim que cheguei no trabalho alguém comentou que eu estava parecendo uma jóquei. Bem feito pra mim e pras minhas escolhas infelizes de roupas espalhafatosas.
Descobri uma caixa de panetone num canto da minha despensa. Ainda é Natal lá em casa.
Se você comentou algo e a pessoa não perguntou. Se você contou algo e a pessoa não comentou. É claro que a pessoa não está interessada, nem muito menos quer saber. Elementar. Minha senhora.
minha mãe—fulaninha fez 50 anos.
eu—fulaninha sempre teve 50 anos.
meu pai—hahahaha, é verdade!
O problema de comprar roupa pra mim em loja japonesa é que o tamanho XL fica apertado. O mundo encantado das mulheres grandes.
Vi o adesivo colado no carro da moça—National Rifle Association—e me deu o maior bode.
Tiroteio no sul da Califórnia.

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i have never been so slapped in the face by a wet fish

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Julia tinha uma imagem um tanto romantizada de um tal escritor. Mas quando ela o conheceu pessoalmente foi um desastre. Sentiu uma grande decepção, porque o cara não era nada daquilo que ela pensava que ele era—au contraire. O fulano não tinha nenhum interesse por política, artes ou arquitetura, nem queria saber de comer bem ou visitar pontos de interesse histórico na França.
Cair na real com pessoas que de quem gostamos ou admiramos é realmente muito parecido com levar uma peixada molhada na cara. Dói, machuca, nos deixa perplexos e ainda fica fedendo.

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o passado não condena