ser brega é…

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Ficar citando à cada insignificante oportunidade, fatos do período que passou fora do Brasil—geralmente no interior do Alabama, hospedado por uma família de mormons. Nada contra o Alabama, nem contra os mormons, quero deixar isso muito bem claro.

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a real fine lady

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Ele me perguntou quantos anos eu achava que ela tinha. É difícil dizer, talvez uns cinquenta, ou um pouco menos. Ela é muito bonita e muito bem cuidada. Mas a idade se mostra em alguns detalhes, nas mãos, no rosto. Estava se equilibrando num par de sapatos de bico fino e salto alto e agitando um leque. E sempre sorrindo, simpática, com os olhos fortemente delineados com lápis preto. O marido começou a nos contar a história da vida dele—uma longa história, por sinal. Meus pés formigavam no chinelo havaiana e eu já me mostrava impaciente. Ela continuava agitando o leque, sorrindo e murmurava—oh, my husband… dear!

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um livro semi-aberto

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Consequência de uma vida [quase] pública, é que muitas vezes minhas orelhas ficam muito quentes, quase fervendo…

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abriu!

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quase um filme noir

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É um dos grandes clichês do cinema—a peruca e os óculos escuros. Nos filmes, a personagem coloca uma peruca e um par de óculos e se transforma, se disfarça, passa incógnita, ninguém a reconhece. Nós rimos, pois achamos isso deveras inverosímil. Mas vou contar uma coisa: a artimanha da peruca e óculos realmente funciona. Cruzei com essa mulher na calçada e se ela não tivesse aberto um sorriso e falado hi, Fernanda!, teria passado por mim sem eu tê-la reconhecido. Ela costumava ter um cabelo comprido e preto e estava sempre com seus óculos de vidro e grau. Naquele dia ela passou por mim vestindo uma peruca de cabelos curtos cor de chocolate em camadas e vestindo óculos de Jackie O. Era de fato outra pessoa e quase me enganou.

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upa-lé-lé

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Eu não estou encontrando palavras pra descrever o meu estado de ânimo nesta segunda-feira. Talvez possa usar apenas uma: c h u m b o. Saí pela manhã com a certeza de que o pneu da bicicleta estava murcho e que eu iria voltar à pé pra casa. Mas até agora segurou bem. Eu é que estou à beira de murchar, ou pior, de sair correndo e gritando. Até as minhas pernas doem, porque me cobraram um trabalho que eu estou protelando pra terminar há semanas. A palavra chave é ANALISE. Eu detesto duas coisas que as vezes preciso fazer: ESCREVER e ANALISAR. Me deem uma tonelada de design, estilo, código, fontes, tabelas, links, imagens. Mas não inventa essa história de escrever e analisar, porque acaba dando nisso.

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trinta e cinco minutos

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Não acontece nada por aqui que possa ser liberado para a apreciação do respeitável público. A vida vai a contento, comendo-se, bebendo-se, socializando-se, abraçando-se, despedindo-se, comprando-se, dirigindo-se, chorando-se, rindo-se, banhando-se, brincando-se, amando-se, dormindo-se.
Como o papo enche liguiça oficial é sempre aquele do clima, vou dizer que esfriou um pouquinho, mas o suficiente para se ver muitos casaquinhos e moletons passeando pela cidade. Eu, como sempre, já me empolguei em agasalhar o pescoço.
É a monotonia da rotina: quando chega as quatro e doze, eu já estou contando os minutos, não quero começar nada, não quero terminar nada, estou pronta. Quero ir!

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The laughing gas experience

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Me colocaram uma máscara de borracha branca e rosa, que parecia um nariz de porquinho cheirando a chiclete de tutti-fruit, e me instruiram a inspirar e expirar pelo nariz. Assim, mesmo com as mãos crispadas, fui esquecendo o motivo de estar ali. E dei um passeio pelas brumas, ouvindo e respondendo perguntas. Foi tudo muito rápido, embora na verdade não tenha sido.

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o passado não condena