eu poderia estar comprando…

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Eu tenho um sério problema com relação à gastar meu dinheirinho com roupas caras. Para sapatos, eu advogo em favor de um bom investimento em pares de qualidade, confortáveis, e que não deixem os pés bolhudos, craquelentos, chulezentos ou em carne-viva. Se bem que muitas vezes sou surpreendida pelo conforto de uma sapatilha de seis e noventa e nove da Target. Mas com roupas eu sou mais turrona. Ninguém ainda conseguiu me convencer que as roupas compradas em lojas caras, no estilo e cores da estação, são melhores do que as que eu compro baratotalzissimas nos outlets, liquidas e pontas de estoque. Elas têm etiquetas com nomes e marcas famosas, e tanta qualidade quanto as roupas de qualquer outra loja regular. Só que custam um quinto do preço. Pra mim isso dá uma certa tranquilidade, pois se eu certamente e fatalmente espirrar molho de macarrão, pingar caldo de laranja, ou enroscar na maçaneta da porta e fazer um rasgo na minha roupitcha de alguns poucos dólares, não vou me descabelar nem um fio.

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TGFS – um passeio de índio na hora do almoço

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Minha horazinha de almoço é preciosa. Vou rápidamente pra casa de bike, tiro os sapatos, falo com os gatos, escovo os dentes, repasso perfume, leio correspondência, relaxo. Eu valorizo esse break no meio do dia. Mas hoje fui obrigada a mudar essa rotina, por causa de um evento anual para os funcionários da UC Davis. É o TGFS – Thank God for Staff, quando ganhamos um almoço indígena no parque, com atividades índigenas para o entretenimento da bugraiada. Nada contra os índios, que devem se divertir muito mais que os funcionários da Universidade da Califórnia, naquele picnic lá onde judas perdeu as botas, com uma comida insonsa e sob um sol de rachar coquinhos.
O dia já começou mal quando quase perdi a carona para a fazenda, onde teríamos mais uma reunião chata com os writers, quando eu fico lutando contra mim mesma para não soltar dez bocejos por segundo e tentando desesperadamente fazer com que meus olhos parem de se revirar de sono e tédio. Voltando da reunião chata, perdemos o comboio da turma que iria caminhar brejeiramente até o local do picnic. Adam e eu, deixados para trás, seguimos sozinhos e atravessamos o campus falando amenidades. Quando chegamos no TGFS eu já percebi a fria. Logo na entrada, um carpete vermelho – isso mesmo, com um bando de gente de ambos os lados carregando cartazes com dizeres cafonas elogiativos, e berrando frases estúpidas como – você são os MELHORES! Outro bando entrava na nossa frente e tirava a nossa foto, como se fossemos celebridades e eles paparazzis. Mas o pior ainda estava por vir. Bem na nossa frente, com a cara toda vermelha e a mão toda suada de cumprimentar um por um dos funcionários, estava nada mais nada menos que o chancellor da UC Davis, Larry Vanderhoef.
Entramos no picnic, arrumamos uma sombra pra estender o quilt que eu levei, pegamos água e comida – que estava bem mais pra menos do que pra mais, comemos, conversamos e voltamos, novamente à pé e pelo caminho mais comprido, torrando no solão da uma da tarde. Não comi nada especial, fiquei com o pé sujo, cansada, suada, descabelada, fiz uma bolha no dedinho, estou achando que estou fedendo e ainda tenho que trabalhar mais algumas horas. Já decidi que não vou ao TGFS do próximo ano. Nem pra poder apertar a mão suada do chancellor e dizer com cara de eu-te-conheco-de-outros-carnavais: ahn, helloow….

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Um dia inadequado para o uso de saias

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Uma das coisas que eu tenho o hábito de fazer logo pela manhã é olhar a previsão do tempo. Isso ajuda a me orientar no que vestir para enfrentar o dia. Se eu sei que vai esfriar, chover, esquentar, nublar, posso me antecipar.
Bom, pensei, hoje vai fazer quase trinta graus, será um dia ótimo para estrear uma das minhas tantas saias compradas e nunca usadas. E vesti aquela saia estampada de um veludinho ultra leve. Mas nada na previsão do tempo me alertou sobre a ferocidade do vento.
Já pedalou uma bicicleta contra o vento? É duro, é difícil! Imagina então pedalar contra o vento implacável, com todo tipo de folha, flor, galho, poeira e fragmentos da natureza voando em redemoinhos, batendo na sua cara, engarfanhando-se no seu cabelo, te cegando os olhos, entrando pela boca, e você ainda ter que se preocupar em segurar a saia, que insiste em se abrir como uma flor e mostrar ao mundo que tipo de calcinha você usa.
Cheguei ao trabalho inteira e até que consegui manter uma certa postura enquanto pedalava bem devagarzinho. Depois de me recompor, espirrar e limpar o nariz por meia hora e beber um chá, fui falar com a minha supervisora para tirar umas dúvidas. A primeira ação dela foi elogiar o meu visú primaveril – que saia mais fofinha! A segunda foi espanar umas flores secas que estavam engruvinhadas no meu suéter.

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o fabuloso e heróico resgate dos pés de pêssego

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Chorar pelo gato, cachorro, cavalo, elefante, macaco, passarinho, foca, tartaruga, é coisa normalíssima pra mim. Não posso nem ver show de culinária onde os cozinheiros degolam o peixe ou cozinham o crustáceo vivo. É um mar de lagrimotas. Mas chorar por causa de uma planta ainda era coisa que eu não tinha experienciado. Foi um choque emocional que me partiu o coração ficar sabendo que os dois pessegueiros estavam morrendo, enfiados cada um num tambor de plástico, sem água e sem o menor cuidado, no estacionamento poeirento do Western Center. Eles tinham servido para um propósito de pesquisa e desde então estavam lá ao deus dará, resistindo e insistindo em continuarem verdes e vivos.
Ontem os pessegueiros foram bravamente resgatados, pra minha alegria e alivio. Joguei tanta água neles, que quase afoguei os pobres pés de prantas. Eles agora vão poder verdejar, florir e frutificar a vontade, um em cada canto do meu quintal.

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Espelho Meu

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Se acabassemos numa ilha deserta, eu e ele, sem nenhuma superfície refletiva onde eu pudesse me olhar, acho que eu seria a mulher mais pimpona, me achando a tal, do planeta. Acordo com aquela cabeleira selvagem, look corte-de-navalha-a-seco feito pelo cabeleireiro chinês, parecendo uma louca fugida do hospício, e vou reclamar pra ele, olha só! Ele diz, mas seu cabelo está lindo, super sexy. E fala com tanta sinceridade que me dá vontade de chorar. Eu preciso começar a acreditar nele.

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televisão de gato

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laparecebom.JPG
Programa de hoje: rosas, gerânio, jasmim, lavanda…..

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um atrás do outro

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Preciso dizer isso, porque estou aqui de longe observando com aquela cara de mas-não-é-possível…
FERIADO no Brasil, DE NOVO????????????

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Elegância 24 horas

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Tenho vontade de gritar quando leio em revistas femininas aquelas dicas de como se vestir pra trabalhar e depois apenas jogar um xale, trocar o colar e o brinco e sair linda e fresca para um encontro com amigos numa happy hour ou um jantarzinho romântico. Ora, dá licença, mas quem é que consegue estar linda e fresca depois de uma jornada de trabalho? Nem propaganda de margarina consegue ser tão enganosa.
Vou dizer o que acontece comigo. Tomo banho às 7:30am e me visto. Vou pro trabalho linda, aprumada e cheirosa às 8am. Na hora do almoço já não estou me sentindo tão super-duper. Lá pelas 3pm estou me achando um saco de batatas, meio desconfortável, descabelada, irritada com tudo que por acaso esteja levemente apertado, desconjuntada, desalinhada, descombinada, amarrotada. Só penso em ir para casa e tirar aquela roupa, tomar um banho, não quero nem saber de ir direto pra uma happy hour ou para um jantar romãntico. Se eu não passar por um chuveiro e uma mudança total de roupa, não vou à lugar nenhum.
E agora que o calorzinho vem chegando, o que fatalmente vai acontecer é eu acabar tomando um banho quando for pra casa almoçar. Sei que chocarei a malta desavisada voltando para o trabalho de banho tomado e com uma roupa diferente, mas sorte a minha que posso ter esse luxo de chuveiro no meio do dia. Porque sinceramente, a minha elegância não é tão resistente quanto o meu desodorante.

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a vida é bela, ou feliz aniversário G.G.R.

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Duas espinhas gigantes no meio da cara tentam passar a perna no povo, dando a ilusão de que ainda estou na puberdade. Mas a verdade é que aquele moço altão e lindo ali, muito parecido comigo, não é meu irmão. É meu filho, soprando vinte e quatro velinhas hoje! Coisas estão acontecendo, bicho. O tempo vooooooa.

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até que demorou muito…

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Infelizmente aconteceu. O Roux machucou o Misty naquelas perseguições diárias implacáveis. Já chorei um barril de lágrimas. O coitado do gatonildão está cabisbaixo e acuado, com a perna machucada. Ele não deixa ninguém olhar, grune se a gente tenta por a mão, então não sabemos se ele foi mordido ou se se estrumbicou tentando fugir. E o Roux com aquela cara de tonto de sempre continuava tentando se aproximar e teve que ser trancado em outro aposento. Vamos ter que levar o Misty no vet amanhã e o Roux vai passar o dia trancado no banheiro. Não dá pra arriscar….
» dois dias depois… O Gabriel e a Marianne fizeram o grande favor de levar o Misty ao vet. Felizmente foi só uma contusão na perna, não foi fratura. Aconteceu quando o Misty tentava fugir das investidas do Roux. Como todos já sabem, o Misty é um gato pesado, sem a mobilidade e a capacidade de defesa dos gatos normais [não declawed]. Ele não pode atacar, então ele foge. E não tendo leveza, acabou se estrupiando. Está tomando um narcótico e esperamos que ele fique bom em breve. Enquando isso o pobre Roux passa as noites e as horas do dia em que não estamos aqui trancado no quarto. Ele não está gostando nem um pouco dessa cassação da sua liberdade, mas por enquanto é o jeito. Mas como se impede um gato brincalhão de tentar brincar? E um gato que não quer conversa de não sair correndo? Não temos ainda uma estratégia para o futuro…

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o passado não condena