lições de vida que eu aprendo com os gatos

*

As atitudes do gato Misty com relação ao gato Roux muitas vezes me fazem lembrar das atitudes dos humanos. O gatonildão não tolera o gatonildinho, não quer ser amigo dele, não quer ficar perto, não quer dividir o espaço, esnoba o fulaninho, vira as costas pra ele e é visivelmente intolerante. Se o Roux chega perto, ele vai embora, sai do lugar onde estava. O que eu vejo acontecer o tempo todo é o Senhor Misty sempre irritado, se retirando, pra lá e prá cá, deixando o lugar quentinho, correndo e fugindo. E vejo o alegre Roux sempre instalado nos melhores lugares da casa, espalhado, confortável, triunfante e feliz. Perceberam?

  • Share on:

bate-papo

*

Foi uma conversa animada e educada. Cinco brasileiras e uma americana abordando um assunto muito delicado. Podia ter virado uma discussão grosseira. Alguém poderia ter levantado a voz ou tentado impôr suas idéias no grupo. As opiniões eram diversas e divergentes, mas todas falaram, todas ouviram, com bom humor e delicadeza. Fazia tempo que eu não participava de um bate-papo tão gostoso, que estendeu-se até as duas e meia da manhã. Escrever é muito bom, mas eu também gosto de falar e curto os encontros pessoais, o olho no olho, a visão do sorriso, o som das vozes e das gargalhadas, e o calor dos abraços de chegada e despedida.

  • Share on:

não gosto e pronto!

*

Nem tudo na vida tem uma explicação. Certas coisas são como são e não adianta querer racionalizar. Dá pra entender, por exemplo, por que eu detesto sair de ré com o carro? Quando é possível, tento sempre dar um jeito de sair da vaga onde estou estacionada pela frente. Tenho ódio de ter que olhar pra trás, principalmente aqui, onde estou sempre ensanduichada por sport utilities gigantes que bloqueiam a minha visão. É certo que muitos acidentes acontecem em estacionamentos, então triplico minha atenção neles. Além de ser uma manobra arriscada, sair de ré de uma vaga realmente me dá nos nervos….

  • Share on:

eu não nado em dias nublados

*

É mais forte do que eu. Frio eu enfrento, mas nuvens cinzas não dá pé. Então no inverno eu nado pouquíssimo, uma pena. Mas este ano, pra compensar os dias nublados, me inscrevi numa academia seguindo os passos da minha amiga Juliana. Eu sou uma pessoa meio maria-vai-com-as-outras em alguns aspectos. Por exemplo, eu tenho a idéia – acho que precisava ir numa academia pra compensar os dias nublados durante o inverno. Mas daí penso, que academia? Como? Onde? Quando? Tenho um problemão decidindo essas coisas ou mesmo indo atrás, porque todo mundo aqui já sabe e quem ainda não sabe ficará sabendo agora, que eu odeio fazer exercícios, tenho mesmo uma alma sedentária e só gosto dos dias de céu azul quando eu vou nadar. Água é o meu ambiente, mas academia cheia de aparelhos de tortura e gente suando em bicas com toalhinha no pescoço não é. Mas porque eu nado, tenho desconto numa tal academia legal aqui em Davis, então por sugestão da Juliana eu agora vou lá. Já tentei ioga e pilates, e vou tentar um tal de spinning, que o meu irmão fazia em Los Angeles, e que eu tenho quase certeza que vou odiar. A academia também oferece aulas de vários estilos de boxing [esquivo-me], jazzercize [arghbleargh!], kick bag [nem quero imaginar o que seja isso!], bellydancing [tô foríssima!], step express [nem pensar], rear attitude [hmm..], on the ball [what?], ball fusion [fusion parece ser a palavra da moda], revi [?], ngr [?], h.e.a.t. [vá de retro!], hard-core [fuga rápida pela direita!], core [fuga rápida pela esquerda!], top it off [êta povo criativo], muscle works [imagina só…], bootcamp [exorcismo!!] e body basics [imagino uma tortura completa]. Além de tudo isso e das diferentes classes de ioga disso e daquilo e dos pilates daquilo e daqueleoutro, ainda tem aquela variedade incrível de máquinas medievais pra você correr, caminhar, pedalar, subir montanha, distender músculos, por os bofes pra fora e se acabar de suar. Eu acho que vou ficar no pilates e suas bolas assustadoras. Porque essa é apenas uma alternativa para os dias nublados, nada sério.

  • Share on:

pique no lugar!

*

Primeira experiência numa aula de Pilates Fusion. Nem preciso dizer que me senti uma incompetente. Não chegava nem a um terço do desejado nas esticações de perna, levantamento de corpo e flexões acrobáticas. Quando a tal bola gigante foi requisitada dei uma gargalhada e falei – are you kidding me? Mas tive que rolar o meu corpão pra frente e pra trás, morrendo de medo de dar vexame ou de me machucar. Não me saí cem por cento mal, porque consegui me equilibrar em cima da bola e fiz dois sets de exercícios corretamente. Suei, senti dores nos lugares mais descabidos e me senti uma total demente. Depois fiquei pensando por que nos submetemos à isso? Em nome do quê? Da saúde? De sentir-se bem com o próprio corpo? Parte da humanidade sem habilidades físicas como eu deve se perguntar, como eu me pergunto sempre, se não haveria uma maneira de ficar bem sem ter que passar por essa humilhação toda. No final da aula, olhei com desprezo para a professora toda malhada e com um astral de vencedora e murmurei baixinho – i hate you!

  • Share on:

um post voando

*

Outubro e novembro são meses de muitos aniversários. Minha agenda está cheia de nomes queridos, então de repente vira um ziriguidum. No final de semana me senti correndo a maratona das festas e encontros. Mas não estou reclamando de jeito nenhum!
Hoje quero ir ao almoço anual dos docentes da International House, pois é quando se tira a fotografia do grupo e eu gosto de sair nela. Motivo besta para ir a um encontro, mas eu sou assim mesmo, besta!
Fui à San Francisco de trem. Não fazia isso há anos. Os trens aqui são muito legais, mas uma coisa que eu nunca imaginei que aconteceria, aconteceu: na volta, o trem atrasou uma hora e ficamos – eu e minha amiga – mofando no banquinho de ferro desconfortável da suja e feia estação de Richmond. Senti um dejá vu, quando mofamos numa estação deserta em algum ponto de Bruxelas. Trauma, trauma!
O senegalês Youssou N’Dour cancelou pela segunda vez um show dele aqui no Mondavi Center em protesto contra as politicas daquele indivíduo inominável. Eu iria trabalhar no show e infelizmente não vou mais.
Minhas segundas-feiras são sempre atrapalhadas e corridas. Por isso um post voando….. Inté!

  • Share on:

o passado não condena