some like it hot

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Ah, estava tão bom, almocinhos e jantarzinhos no quintal, caminhadas ao meio-dia, brisa maravilhosa à tarde, janelas da casa abertas o tempo todo. Tava demorando, mas finalmente o calor massacrante chegou. Eu checo a previsão meteorológica, mas também observo os sinais de fumaça quando estou planejando o meu dia. E o primeiro sinal de fumaça alertando que o dia vai ser tórrido é quando são apenas nove da manhã e você já está suando e querendo fechar todas as janelas e ligar o ar condicionado. Hoje está assim…. lordhavemercy, São Pedro ligou o forno!

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inbox

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We are leaving the Algarve beach area today, headed back to Lisbon. We stayed in a very touristy place with a beautiful beach but too many Brits; Rouz has invited you to be a member of * in the kitchen *; clap! clap! clap!; A idéia surgiu num impulso. Descartei. Ela voltou. Insistente. E eu fiquei curiosa. O que vocês vêem das suas janelas? Melhor ainda, o que é que tem do outro lado da janela do ambiente onde vocês usam o computador?; We would love to see you in Paris, but Jeannie may not be back in Vienna by Sept 17th; Um estudo publicado pela Universidade de Los Angeles, Califórnia, indica que a amizade entre mulheres é algo verdadeiramente especial; Martha Stewart: Plan the Perfect Fourth of July Celebration; That is all for now. I think we are pretty close to finishing this project. It looks very nice; Me lembrei dos discos do seu pai. Na sua casa que escutei pela primeira vez Jimi Hendrix (no princípio não gostei muito), Creedence, além da infindável coleção Bob Dylan (de quem eram mesmo os discos?); Hello, I’m going to study abroad in China and Annie a new CSA Student Assistant, will be taking over; minha memória evaporece feito a água de uma lágrima minha lembrança se vá sem deixar lembrança alguma em seu devido lugar se um dia eu esquecer que você nunca me esquecerá.

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bem-vindos!

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Me ligaram em cima da hora pedindo por favor para eu ir falar sobre o Brasil para um grupinho de Summer campers. Essa não é bem a minha praia, mas não consegui dizer não. Munida de uma jarra de guaraná com gelo e limão, dois cds de música brasileira e a bandeira tridimensional do Guto, fui enfrentar as ferinhas. Era um grupo de dez crianças de sete a oito anos. Uns bagunceiros! Perguntei se eles sabiam que língua falávamos no Brasil. Eles responderam ‘Spanish’ e ‘Brazilian’. Eu expliquei que era o português e os ensinei a falar ‘oi’, ‘obrigado’ e ‘tchau’, falei sobre as cores da bandeira, carimbei os passaportes deles e disse ‘bem-vindos ao Brasil!’, quando eles responderam ‘obrigado!’ e fomos pular amarelinha, cada casa com o seu número em português. Um, dois, três…dez. Eles beberam o guaraná e gostaram, depois ouviram um menino de dez anos do Rio de Janeiro chamado Pedro tocar o cavaco e cantar sobre um sonho que ele teve. Terminaram a viagem pelo Brasil dançando com os indiozinhos guaranis de Ubatuba, que cantavam uma música ritimada falando sobre um pássaro amarelo. Eu me despedi dizendo ‘tchau!’ e eles responderam com um sonoro ‘obrigado!’. Até que gostei da viagem, mas não sei se quero voltar…

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no bazar do jesus cristo

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Eu não frequento locais muito finos quando se trata de fazer compras. Tenho um vício horrível, que me leva à lojas populares e de ponta de estoque quando quero olhar roupas, sapatos, coisinhas pra casa. Se eu frequentasse as boutiques hip da minha cidade ou as lojas de departamento chics da região e apenas de vez em quando baixasse numa loja brega, tudo bem. Mas meu circuíto é composto quase que totalmente por essas lojas, eu quase que só compro nelas, eu não me dou opção.
Então, por castigo, toda vez que eu tenho os meus acessos consumistas, tenho que aguentar certas chatices. Os frequentadores dessas lojas formam uma fauna bem variada, que incluí desde figuras moderninha procurando por coisas diferentes, até pessoas super simples procurando apenas por barganhas e que vão sempre às compras com a filharada. Esse é o detalhe que me perturba: a filharada.
Não tem uma vez que estou lá no meio das araras, empurrando as centenas de cabides da esquerda para a direita ou vice-versa na esperança de achar aquela peça maravilhosa por um preço sensacional, que não esteja acontecendo algum imbróglio infanto-juvenil nas premissas. Tem sempre um bebê se esguelando de tanto chorar com a cara vermellha e sendo carregado por uma mãe se fazendo de tonta e que não está ouvindo a choradeira, enquanto contínua fazendo compras com a maior tranquilidade como se nada estivesse acontecendo. Tem sempre crianças pentelhas perdidas, chorando ou correndo pelos corredores, berrando, brigando entre si, e a mãe sempre gritando lá do outro lado da loja – fulaninho, pára já com isso, vem pra cá, tira a mão daí, chega, se você não vier vai ver só, cala boca, você vai levar uns cascudos – e eteceterá. Quem já não presenciou cenas assim? Comigo é toda vez… Parece praga, pagamento de carma, e justo comigo que nunca levei meu filho em loja ou no supermercado. Eu ia sempre sozinha, porque criança não tem paciência, criança quer comprar tudo o que vê, criança quer brincar e loja não é bem um playground.
Fico profundamente irritada quando estou na minha concentração zen consumista e minha meditação e reflexão são interrompidas por gritos e choros. Pior quando estou no provador e tem uma mãe com pelo menos três crianças socadas com ela, fazendo o que elas querem e podem fazer naquele local confinado. Vai me dando uma angustia. Mas a culpa é toda minha. Eu poderia estar fazendo compras num lugar mais sofisticado, mas a tentação da barganha é maior, então eu reviro os olhos, bufo, olho com cara feia pros lados, mas continuo lá, firme, empurrando os cabides pra esquerda ou pra direita e esperando achar aquela peça fabulosa por um preço inacreditável.

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coisas que eu não conto pra ninguém

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Como, sair em prantos de uma loja por causa de um cachorro.
Eu estava na thrift store do SPCA, onde todas as vendas revertem para ajudar os animalzinhos no shelter, e ouvi o pedido das mocinhas que atendiam ao público: quer fazer uma doação para o cachorrinho que precisa ser operado? Eu perdi até a vontade de olhar as bugigangas e quinquilharias da loja. No balcão tinha um vidro com dinheiro, uma cartinha explicando o acontecido e duas fotozinhas do bichinho todo estrupiado, machucado na cabeça e precisando de uma operação urgente. Nem consegui ler direito a história, enfiei uns dólares no vidro e saí da loja correndo, aos prantos, lagrimotas gigantes pingando na minha blusa.
Dirigi por um tempão chorando, sem conseguir me controlar. Eu dou esses bafões sempre, por causa de gente, de animal, até de planta se bobear. É muito duro ser assim, mas infelizmente é assim que eu sou.

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noite junina

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» jantamos mais tarde para poder aproveitar as luzes das lanterninhas acesas no quintal

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singing along

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É muito, muito, muito difícil pra mim escrever aqui. Não é falta de assunto, pois sempre fui famosa por conseguir tirar histórias de pedras. O problema é que eu só sei comentar sobre a vida ao meu redor e por isso a dificuldade de me expressar sem citar pessoas e suas relativas histórias. Vai que a personagem do meu texto entre aqui, se reconheça e não goste, se ofenda. Além do que já ouvi meu marido martelar quatrocentos e cinquenta e sete vezes na minha orelha que não quer aparecer, que prefere a privacidade. Assim não dá…..
Eu custei a admitir que tenho uma alma travesti. Tudo que brilha me atraí. Preciso me controlar pra não sair por aí comprando coisas que irão comprometer a minha imagem classuda minimalista. Mas a verdade é que eu a-d-o-o-o-r-o-o-o um paetê! Ontem caí de amores por umas sapatilhas de bailarina. Tinha dourada e prateada, super confortáveis, super baratas, mas não tinha o meu número [ufaa..!]. Fico enlouquecida, mas depois que a minha compra se frustra, caio na real e penso o que seria de mim andando por aí com uma sapatilha prateada…. Passo os olhos e os dedos sobre túnicas indianas bordadas com fios dourados, echarpes cheias de miçangas e pingentes e chacoalho a cabeça para ver se a vontade de comprar se dissipa….Salva pelo bom senso, no último segundo!
Acho que posso dizer que sou boa em dar o primeiro passo, me aproximar, acolher, abrir o espaço para um novo relacionamento. Mas não corro atrás de ninguém. E não agüento chatices e pentelhices. Não gosto de ouvir críticas não solicitadas, nem analises psicomancóticas da minha personalidade. Sem dizer que valorizo quem ouve e dou três passos pra trás com quem fala demais.
Transtornos de morar em downtown: ouvimos barulhos que os moradores dos suburbios nem imaginam existirem.

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o passado não condena