our own private tsunami

*

O terremoto de ontem na costa do norte da Califórnia foi sentido aqui em Davis de uma maneira interessante. Eu não senti nada, como sempre. Muita gente não sentiu. Mas um grupo de nadadores que fazia o último treino do dia na piscina onde eu nado, exatamente na hora que o terremoto aconteceu perto de San Francisco, sentiu. O coach nos contou que ele estava escrevendo os sets pro workout de hoje na lousa branca, de costas para a piscina, quando ouviu todo mundo parar de nadar de repente e começar uma gritaria. Quando ele se virou pra olhar, viu a água da piscina ondulando como no mar, pra um lado e pro outro. A agitação na água durou dez minutos. Os nadadores relataram que sentiram um mal estar, uma tontura, enquanto nadavam e quando viram estavam no meio da agitação aquática. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer, mesmo quando em terra não se percebeu vibração alguma.

  • Share on:

sour

*
lovelygreenpples.JPG

  • Share on:

what’ll I do?

*

Somente no verão, ou quase lá, para acontecer de eu ir dormir tão cedo. Às nove meus olhos já estavam pingando. Resisti. Capotei às nove e trinta e oito… zZzzz….
Tenho certeza que vivo numa bolha quando faço coisas como mergulhar de cabeça numa caixa de cds de hits dos anos vinte. Estou simplesmente encantada, what’ll i do? É mais forte do que eu. Americanos me olham com curiosidade quando eu desfio pra eles a lista de bluesman que gosto. São todos dos anos vinte, trinta e quarenta. Gosto de música antiga de cinema, de jazz antigo… Sou a versão feminina do Seymour de Ghost World!
Essa é a época do ano em que a cidade esvazia. Aulas terminam, todo mundo de passagem nas mãos, muitas idas e voltas do aeroporto, despedidas, começa a temporada de viagens. Onde está o fulano? Na Europa. E a sicrana? No Brasil. E a beltrana com a família? No Havaí. E você, não vai viajar? Não sei… ainda!

  • Share on:

juntinho

*
pertinho1.JPG pertinho2.JPG
eu gosto muito quando ele fica assim, juntinho…

  • Share on:

the remains of the day

*

Fico imaginando um programa de culinária onde eu seria a apresentadora. Primeiro que eu não ficaria falando, falando, como na maioria dos shows culinários. Eu ficaria ouvindo música, como realmente faço na minha cozinha, às vezes cantando, outras vezes falando com os gatos, rindo sozinha e praguejando quando as coisas dessem errado. E tudo iria dar errado, como é normal acontecer. Eu iria cortar o dedo, esquecer o prato no forno, queimar o molho de tomate, não iria conseguir achar a tal forma ou um utensilho qualquer. Iria perder a paciência, cortar tudo grossão, acrescentar ingredientes à olho, inventar receitas, espirrar, derrubar, contornar. Assim seria o meu show e tenho certeza que seria um sucesso!
Este blog não é um espetáculo circense e meus queridos e fiéis leitores não são o respeitável público. Vem aqui quem quer, lê quem quer, comenta quem quer. Não há placas pedindo aplausos, nem risadas, nem vaias. E, mais do que tudo, este blog é o MEU quarto cor-de-rosa, que me pertence e eu não alugo pra ninguém!
Um blog extremamente fofo dá a receita de uma bebida deliciosa para o verão. E eu fui correndo fazer e imitar. É o KIR – uma dose de licor de cassis, quatro doses de vinho branco gelado num copo transparente e enfeitado com uma casquinha de limão. Delicioso!
Um churrasco coletivo é sempre uma preocupação. Será que a comida vai dar? E as pessoas vão se entrosar? E todos irão trazer coisas gostosas pra dividir? Como ficará o tempo? Muito quente? Vento? Logo saberemos….
Bati o meu próprio recorde nesta semana: quebrei três copos e uma jarra!
E foi também uma semana cheia de atividades. Um dia protagonizei uma cena de cinema. Vestida como a Sandra Bullock em Miss Congeniality – vestido longo, faixa de miss, botas Doc Martens e meias do Garfield, pistola de plástico amarrada na perna por um elástico e bandeirinha dos EUA numa das mãos – tive que cruzar o campus da Universidade da Califórnia à pé, dando passos largos e soltando fumaça pelas ventas louca da vida, porque o sujeito que iria me buscar na festa dormiu e não ouviu o telefone tocar. A vida é cheia de surpresas, você ainda duvida?

  • Share on:

my kitchen

*

Estou lendo um livro de receitas desses cheios de histórias, onde Miss Bessie, uma negra sulista, descreve seu prendizado na cozinha da avó e da mãe. Ela fala sobre tradições da cozinha do sul com suas diferentes etnias e aromas. Ela também diz que é possível descobrir muita coisa a respeito de uma mulher, apenas observando a sua cozinha. Segundo Miss Bessie, a cozinha vai dizer mais verdades sobre uma mulher do que ela mesma se permitiria
Pensei então na minha cozinha e as verdades que ela pode revelar sobre mim. É um espaço amplo e cheio de luz. Flores na janela desnuda em frente a pia. Uma boombox sempre presente num canto, onde eu coloco cds de Jazz pra tocar enquanto cozinho. Uma estante cheia de livros, revistas, cadernos de receitas e papeladas avulsas enfiadas em sacos plásticos e porcamente organizadas em arquivos. Peças de cerâmica por todo canto. Muitas colheres e garfos de madeira. Pelo menos três garrafas de azeite sempre à mão, perto do fogão. Dois panos de prato sendo usados e uma toalha de mão. Poesia magnética minimalista na geladeira – pastilha dizendo Water, do lado que saí a água e gelo e outra dizendo Beer, onde fica o resto das comidas. Alguns postais de viagens e umas fotos dos meus sobrinhos. Gatos sempre dormindo nos tapetes, armários desorganizados, despensa com estoque de vidros de azeitonas, grão de bico, macarrão de diversos tamanhos, formatos e expessuras, lentilhas e ervilhas secas, feijões, arroz basmati e integral e latas de tomate em conserva. Gavetas terrivelmente desorganizadas, caixa de pão sempre cheia, muitas latas de biscoito italiano, cheias de biscoitos que nunca lembro de comer e que acabam ficando velhos. Garrafas de vinho branco e tinto de cozinhar. Pia sempre com louça suja. Uma chaleira vermelha com água sempre à postos em cima do fogão. Pilhas de pratos de cor beige. Vaso de flores com utensílios de cozinha, cerâmica para garrafa de vinho com inúmeras facas, muitas sem fio. Tábua enorme de madeira no meio da bancada. Vidros cheios de coisinhas. Minha cozinha é grande, mas é cheia de coisas, uma bagunça onde só eu consigo me orientar.

  • Share on:

o sertão vai virar mar…

*

Voltando do Delta Venus Cafe ontem às onze da noite, senti um pingo de água cair na minha testa. Hoje acordei com o barulho da chuva….. Chuva??? Em junho??? Juro que nunca tinha visto chover em junho em todos estes anos que estou aqui. Estão todos comentando – coisa absurda, completamente estranho, totalmente incomum, super bizarro, isso é coisa do demo, culpa do Bush, onde já se viu?!
Pedi um chá quente lá no Co-op, fechei as janelas da casa, desliguei os ventiladores de teto, vesti blusa de lã e meias, cancelamos o picnic no Farmers Market. Esconjura! Espero que eu não morda a língua daqui uns dias, quando estivermos de volta ao normal, suando e desidratando com o calorão, mas não estávamos entrando no verão??

  • Share on:

o passado não condena