fomos visitar o mar

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Em pleno verão, quando a situação fica tórrida aqui no Sacramento Valley, gostamos sempre de fazer pequenas viagens para o litoral. No norte da Califórnia, ir para a praia significa levar agasalho para não passar frio. A água é só para surfistas, com suas roupas apropriadas. Aproveita-se a paisagem. E que paisagem. As praias frias do norte da Califórnia são lindas! Penhascos, faróis, caminho das baleias.
Sábado descemos até Santa Cruz, seguindo dicas de uma revista, que indicava a pequeníssima cidade de Davenport como ” a secluded seaside artist’s community, home of the Eugene O’Neill National Historic Site, and was recently featured in local rocker Neil Young’s latest film, Greendale” . Eu amo visitar sites de filmes. Uma das minhas cidades de praia favoritas por aqui é justamente o site de um grande filme. Adoro ir à Bodega Bay, não somente, mas também porque foi lá que Hitchcock filmou The Birds. Rumamos em direção à Davenport, pois eu queria ver o site do filme do Young e a casa do Eugene O’Neill.
Eu devia ter sacado que tinha algo errado com a reportagem, pois Neil Young não é artista local. Ele é canadense. Chegamos na pacata Davenport e absolutamente ninguém conhecia o tal site histórico do Eugene O’Neill. Almoçamos num café, degustamos morangos numa fazenda ao lado e seguimos para Pescadero, uma comunidade fundada por portugueses. De lá fomos para Half Moon Bay, onde caminhamos e browseamos pela historic downtown. Passamos por San Francisco e voltamos para Davis sem encontrar a tal casa do escritor.
Encafifada, fui procurar na internet e a casa do O’Neill é sim no norte da Califórnia, mas não é em Davenport e sim em Danville. Fiquei louca da vida! A revista é um encarte chamado The Best of California Drives, publicado pelo California Travel and Tourism. E com um errão desses… nos mandou para Davenport. Se bem que a viagem valeu a pena mesmo assim. Agora preciso ver Greendale, pra conferir no filme as lindas paisagens da cidade que visitamos.

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meu retrato em p&b

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tiafebylivia.jpg

Minha sobrinha Lívia me desenhou. Ela tem cinco anos e pegou todos os detalhes importantes para fazer um retrato convincente da tia que ela acabara de conhecer e com quem se impressionara. Que alta, que cabelo bonito, que linda! Como é bom poder deixar tamanha boa impressão numa menina assim tão meiga. Neste retrato ela me desenhou exatamente como eu estava: rabo de cavalo, colar de sementes gigantes, bolsa com tachinhas prateadas, calça comprida [e pernaslongas!] e risadona estampada na cara. Adorei este desenho da Lívia!

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jazz it up

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Bob Dylan na rádio paradise, furando onda no sonho, café sem açúcar, miçanga mania, limões crescendo, água azul cristalina, móbile de galinhas na janela da cozinha, vento refrescante no rosto, picolé de frutas tropicais, pilhas de papéis, linha azul turquesa, pêssegos saborosos, Nando Reis é um titã, menta chocolate secando, cestinha de pano listrado, telefonema feliz de Paris, lista de coisas pra fazer, gargalhadas a dois, sorvete de creme, mensagem com boa notícia de Campinas, chinelo de dedo, pequena viagem, alface com azeite, muitas revistas, foto nova no porta-retrato, cinco moedas de um centavo, cheiro de grama e terra, gato espiando na porta, colares coloridos, camiseta sem manga, querer é poder, postal da Grécia, lavanda, filme do Hitchcock, uma rosa vermelha no vaso, oitenta e sete graus.

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pink scarf

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Eu detesto fazer coisas de carro. Odeio colocar gasolina e também odeio fazer outras obrigações, como lavagem e manutenção. Só que não consigo escapar dessas chatices, já que sou a faz-tudo da família. Meu marido não tem tempo pra nada, por ser um ocupado cientista preocupado somente com o o futuro da agricultura mecanizada e, consequentemente, da humanidade.
O dia estava tórrido, com um vento quente soprando e eu, de mau humor e cansada, fui levar o carro na autorizada da Toyota pra trocar o óleo e checar o breque. Cheguei procurando pelo Dave, um sujeito gordo com quem Mr. Rosa já tinha conversado pela manhã. Com minha sacolinha de plástico contendo meu tricô, fui sentar na sala de espera da concessionária – um lugar conhecido meu de outros carnavais e verões, onde o ar condicionado parece não funcionar direito e que sempre me provoca um mal estar.
Eu já contava com um mínimo de quarenta minutos de espera, mas não contava com a mesa de centro da salinha repleta de revistas de golfe e a televisão pendurada no teto sintonizada num canal exibindo um programinha lixo. The People’s Court – uma vitrine com todas as baixezas possíveis na face da terra. Gente ralé brigando por causa de cinqüenta mangos, ignorância, estupidez, demência.
Minha salvação foi o meu tricô. Um funcionário chamado Chris entrou na sala para me fazer assinar um papel. O que você está tricotando? Um cachecol para a minha sobrinha e ela quis cor-de-rosa! Minha avó costumava tricotar pequenas boinas para mim, é legal poder fazer essas coisas para as pessoas, né? É sim!
Um calor de rachar coquinho na rua, nenhuma opção de leitura instrutiva ou diversão leve no meu tempo de espera na salinha abafada da concessionária da Toyota. Entre displays de pneus, tapetes e acessórios de carro, eu tricotava pacientemente um cachecol cor-de-rosa.

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let’s go Mozilla!

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Das minhas estatísticas:
MSIE 5.x – (46%)
MSIE 6.x – (41%)
MSIE 4.x – (3%)
Netscape 5.x – (2%)
Netscape comp. – (1%)
Mozilla – (1%)
Netscape 4.x – (1%)
Vamos mudar isso, gente! Let’s go Mozilla! O melhor browser ever, em versão nova. Depois de usar o Firefox por um dia, duvido que alguém queira usar o Internet Explorer novamente….

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justo você berenice

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justo você berenice
que não chega nem aos pés da vera fisher
me sai com essa sandice
de que meu som não chega nem no calcanhar de aquiles
do som do sting ex-the police
justo você berenice
que não chega nem aos pés da doris giesse
me sai com essa sandice
de que meu som não chega nem no chulé
do som daquele esfinge ex-mister prince
justo você berenice
que não chega nem aos pés da poeta alice
da penélope de ulisses
da irmã dulce, da marlene dietrich
Itamar Assumpção

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i’ve got boobs

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Já voltei para a minha rotina matinal da natação, mas desta vez com a preocupação adicional se o meu super biquini carioca iria agüentar o tranco das braçadas e da água super clorada. Primeiro fiquei com pena de mergulhar as peças diáriamente naquela piscina hiper saturada de químicos, afinal eu e o Moa rodamos muito, até finalmente encontrarmos esses biquinões sarados. Depois pensei, ah comprei pra usar, né? E meti bronca. Só que esses biquinis brasileiros não são pra nadar e sim para tomar sol e valorizar o corpo. E eles me deixaram com busto….. ah, que cafona dizer “busto”, mas é melhor que dizer “peitos”. E como eu sou uma figura extremamente pudica, já fiquei toda encanada que iria dar bafão na piscina, exibindo minhas não-tão-amplas formas de maneira aviltante e isso me tirou totalmente a concentração.
Vou pensar positivo – estou linda, estou na moda, estou diferente, estou pegando um bronzeado mais extenso e logo, logo, ninguém mais vai reparar nos meus peitos salientes. Se é que realmente repararam…..

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o umbigo

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Estou lendo a revista Claudia, que comprei no Brasil e só agora estou conseguindo folhear. Uma das reportagens que li era uma entrevista com a jornalista e empresária Gloria Kalil. Ela fala do seu novo livro sobre etiqueta – Chic[érrimo]. Eu nunca li os livros dela, mas a conhecia de nome.
A revista pergunta qual a principal regra da etiqueta moderna e Gloria responde: “Prestar atenção no outro. Quem só olha para o próprio umbigo não está apto a conviver. E atualmente isso é muito comum, o narcisismo virou um problema social.”
Quando li isso, lembrei imediatamente do encontro que tive com uma pessoa. É uma amiga de longuíssima data, que eu conheci quando ainda era criança. Toda vez que eu vou ao Brasil eu a procuro, mas já sabendo como vai ser a dinâmica do nosso encontro. Só ela fala e somente dela, dela, dela. Ela não pergunta absolutamente nada de mim, da minha família, é como se eu não tivesse vida. E fala o tempo todo dela, das filhas, do trabalho, do carro, do vizinho, do armário, do aparelho de som…..
É super exaustivo, porque você tem que ser agressiva e se impôr na conversa, se quiser falar e fazer ela engolir um pouco dos fatos da sua vida. E eu não entendo por que ela faz isso. Será desinteresse, despeito, defesa ou puro narcisismo?
Minha irmã ficou irritadíssima com esse encontro e com o convercê neurastênico. Quis saber por que eu insisto numa relação assim. Eu também não sei…. Acho que é porque preciso manter essa ligação – mesmo que nada saudável – com o meu passado.

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eu moro numa cidade chamada Davis

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Lembro que quando passávamos férias em família em algum lugar diferente, na volta eu sempre estranhava pequenos detalhes da minha casa e da minha cidade. Duas semanas viajando já eram suficientes para dar essa sensação de estranheza e exigir um certo reajuste. Lembro de surtar com o desenho da cerâmica do chão da cozinha da minha casa. Lembro daquele sentimento gostoso de reconhecer coisas familiares e ir-se reajustando à velha rotina novamente.
Quando abri a cortina da janela da cozinha pela manhã e vi os caminhantes e corredores do Arboretum, com suas caras americanas, seus chapéus, meias brancas – caras mais famíliares para mim do que a das famílias arrumadinhas dos shoppings da Barra da Tijuca – tive a sensação de que estava reentrando no meu cotidiano.
A principio estranhei a brancura da minha cozinha, a claridade da casa, o verde entrando pela janela. Assustei com o matagal se alastrando pela horta, os tomateiros tomando conta de tudo, já lotados de tomatinhos ainda verdes. Estranhei o estranhamento do gato, a bagunça da casa, o cheiro de verdura podre na geladeira, o gosto da água, o cheiro do sabonete, o barulho do trem, o cotidiano que não parou enquanto eu estive fora.
Fomos almoçar num dos nossos “carne-de-vaca” de sempre. Escolhemos o chinês. Dirigimos pela cidade enquanto fazíamos a digestão e decidíamos o que fazer. Minha cidade, Davis. Ela está crescendo, mas como eu nem tinha reparado? Fomos à nossa livraria favorita enquanto esperávamos dar o horário para pegarmos uma sessão de cinema. Ganhei um livro, que ele insistiu em me comprar. Vimos o filme na sala lotada de pipocudos, de mãos dadas, rindo muito. Depois, fomos comprar uma pizza para o jantar. Fiz uma tour pela cidade que ainda estou vendo com outros olhos. A casualidade dos chinelos, a tranqüilidade, as centenas de SUVs, os preços em dólar, o calor seco, a rotina de uma cidade pequena cheia de charme.
Essa sensação de estranhar, reconhecer e reajustar é a melhor coisa do mundo! Pena que dure tão pouco e aconteça somente quando viajamos.

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casa

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Depois de uma viagem longa e cansativa, estou em casa! Aproveitei muito minhas três semanas no Brasil. Fui tão bem recepcionada, tão bem acolhida, que nem tenho palavras para agradecer meus anfitriões – família e amigos. E não sei como me desculpar pelos telefonemas não dados e encontros frustados. Mas haverão outras oportunidades no futuro próximo, tenho certeza!
Agora, tentando voltar à minha rotina, vou ter muita coisa para pôr em ordem!

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o passado não condena