Bud Cort

*

Vi um filme estranho do Wim Wenders chamado The Million Dollar Hotel, com roteiro e músicas do Bono do U2. Um pintor se mata num hotel para indigentes e doentes mentais em Los Angeles. O pai judeu rico do morto acha que o filho foi assassinado e contrata um policial [Mel Gibson] para descobrir o criminoso. É tudo muito surreal, porque obviamente ninguém matou o pintor. O personagem principal do filme é o melhor amigo do morto, um retardado mental vivido pelo ex-bonitinho Jeremy Davies [do polêmico Spanking the Monkey, quem lembra?] e o seu interesse romântico é uma esquisitona, vivida pela Milla Jovovich. O policial Mel Gibson veste um colete no pescoço e vamos descobrir no decorrer do filme que ele era um ‘freak’, que teve um braço extra removido das suas costas [e uma cena tétrica, onde aparece a cicatriz e ele se arrasta como um lagarto..]. Por isso ele entende os habitantes do hotel, todos malucos, marginais, dementes, estranhos. Entre eles, um cara que se dizia um dos Beatles originais e um bebum de peruca. O ator que faz o bebum tinha uma cara muito familiar. Fiquei encasquetada, mas como ele não tinha muitas cenas, demorei até sacar quem ele era: Bud Cort, o menino maníaco-depressivo do clássico Harold and Maude!!! Bizarro!!

  • Share on:

bye Bo

*

Íamos dançar com Bo Diddley hoje à noite, mas quando liguei pra comprar ingressos o show já estava sold out……

  • Share on:

solzinho

*
solzinho
[aproveitando…. ]

solzinho
[ … o solzinho da manhã!]

solzinho
[ cartas, pra mim?]

  • Share on:

Cinemão

*

Depois de meses sem pisar numa sala de cinema, fomos ver um filme ontem. Escolhi a comediazinha romântica Something’s Gotta Give, com a Diane Keaton e o Jack Nicholson. Foi aquela história de sempre: saímos de casa atrasados, por causa do Mr. U, que sempre dá um jeito de chegar do escritório no último minuto e sempre lembra que não tem dinheiro na carteira e tem que passar no banco no caminho. A irritação habitual…
Compramos os ingressos pra sessão das 7:20pm e quando entramos na sala já tinha começado os trailer. E a sala estava LOTADA! Só tinha lugar na primeira fila, aquela onde você fica com a cabeça inclinada pra trás e não consegue ver nada. Subimos as escadas porque vimos dois lugares vagos na última fileira, que é exatamente onde eu gosto de sentar. Tinha um casal sentado com duas cadeiras vagas, uma ao lado de cada um. O Uriel gentilmente pediu para o cara se eles podiam mudar uma cadeira pra lá ou pra cá, assim poderíamos sentar juntos e o cara respondeu com uma risada canalha na boca “Não! Eu quero ficar sentado aqui!”.
Ficamos pasmos! Eu fiquei muito puta e até roguei uma praga de caganeira para o escroto… Juro que nunca vi alguém agir dessa maneira grossa, normalmente as pessoas são gentis e mudam de lugar. O que custa descolar a bunda de uma cadeira e sentar na outra, pra outras pessoas poderem sentar juntas e ver o filme?? Mas o brucutu se recusou! Saímos da sala e fomos trocar nossos ingressos para a sessão das 10pm. Ficamos injuriados, porque se fossemos nós sentados lá e alguém viesse nos pedir pra pular uma cadeira, iríamos fazer com prazer. Mas nem todo mundo é assim. Tem muita gente podre neste planeta.
Com duas horas pra gastar e não querendo voltar pra casa, caminhamos por downtown no frio, voltamos pra pegar o carro, fomos tomar cosmos e comer crab wontons no Sophia’s Bar, depois fomos encaroçar numa livraria ótima perto do Co-op e então voltamos pro cinema. O Filme foi bem divertido, só não consegui engolir o Keanu Reeves apaixonado pela Diane Keaton. Se bem que ela está super bonita e o filme cutuca a ridiculice obssesiva que homens mais velhos [e no caso do filme, BEM mais velhos] têm por garotinhas mais novas. E dá o troco, com uma Keaton arrasando em charme e carisma. É uma comédia romântica clássica. Não é um filme memorável, mas nos divertimos muito, apesar de tudo.
Depois refleti sobre a atitude do cara que se recusou a mudar uma cadeira e concluí que ele na verdade nos deu um presente, porque pudemos passar duas horas agradáveis, bebendo cocktails num bar, conversando e olhando livros na livraria. Se não fosse por ele, teríamos visto o filme na sessão das sete e voltado pra casa mais cedo. Até em transtornos como este, há vantagens!

  • Share on:

how cold is cold?

*

Porque eu vivi alguns anos num dos lugares mais frios do mundo [Saskatchewan, Canadá], entendo e morro de rir toda vez que leio ISSO AQUI!

  • Share on:

o sol chegou

*
yesterdaycloudy
[a vista daqui, ontem….]

todaysunny
[a vista daqui, hoje!]
  • Share on:

o dia é especial

*

Estou pedindo, implorando, um solzinho. Só chove nesta terra! No dia da tempestade, perdemos uma das latas de lixo, que foi parar na outra rua. Naquele dia, fecharam a I5 que liga a Califórnia ao Oregon, de tanta neve que caiu… Inverno sem sol não tem graça.
….
Fui comprar uma roupeta nova para o reveillon e, como sempre, acabei trazendo algo mais. Eu fico horas e horas dentro da loja, pensando e decidindo. Se eu pudesse, comprava tudo o que eu gosto. Mas tive que escolher. Só que não pude resistir a uma calça da Calvin Klein que estava em oferta por sete mangos – de linho beige, cintura baixa, cinch waist [prende com uma fivela], boca larga. Ficou legal, mas eu ri com o Ursão depois – não importa se a calça serviu perfeita ou não, o que importa é que ela custou uma barganha. Eu estou viciada nessa vida de comprar barganhas e não consigo mais comprar nada em preço normal. Virou um hábito [um bom hábito, pelo menos]. Só tem uma coisa que me irrita nessas minhas garimpagens: é difícil encontrar coisas bonitas e baratas no meu tamanho de girafa Large/12. No tamanho Small tem de tudo, variado, sortido, bonito, bacana. Eu até que tento me enfiar no Medium, mas sempre me dano e fico entalada, desesperada, sufocada, dentro do trocador. No tamanho Large tudo é mais feio e escasso. Será o benedito que nós girafas não podemos querer ser elegantes e modernas? Mas no final deu tudo certo, achei uma blusa cinza trés chic, que combinou com outras peças básicas que eu já tinha e passei o reveilllon bonitona!
….
Enquanto dava e recebia telefonemas no dia trinta e um preparei uma ceia deliciosa para dois. Fiz até bolinho de bacalhau, com os restos da bacalhoada que minha mãe fez em fevereiro. Fiz lombo recheado com ameixas, galantine de legumes, farofa com tomates secos, salada verde com nozes. E sobremesa, daquelas dignas de elogio! Super simples, mas fez sucesso! Só que eu fiz muita quantidade e então vamos ter ‘já-te-vi” por muitos dias….
….
Ainda estou com muita tosse…… que praga!
….
Hoje eu e o Ursão comemoramos 22 anos de casados. Parece brincadeira como o tempo passa….. Dizer isso soa tão chavão, mas não consigo pensar em nada mais apropriado pra escrever. Os anos voam mesmo e, felizmente, vamos ficando mais maduros e sábios! Já passamos mais da metade das nossas vidas juntos e é muito legal poder ter tantos anos de tão boa companhia!!

  • Share on:

muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender!

*

Meu irmão me ligou de um hotel em Bruxelas. Lá já eram nove horas da noite. Aqui eram onze da manhã. Eu percebi essas diferenças no dia trinta e um de dezembro de mil novecentos e noventa e nove, quando acordei com as comemorações do ano novo na Austrália e fiquei o dia inteiro vendo o ano dois mil se iniciar em países ao redor do mundo. Quando liguei pro Brasil à meia-noite de lá, ainda eram seis da tarde aqui e me deu uma espécie de ansiedade terrível. Me irritei. Somos quase os últimos a entrar no novo ano… Quando estamos abrindo nossas champagnes, comendo nossas lentilhas e uvas, garfando nosso lombinho e devorando nossas castanhas, outros povos já foram dormir ou até já acordaram num novo ano. Morar neste fuso horário exige muita paciência…
Então chegamos ao final de mais um ano…. em dezembro de 2002 eu estava fazendo planos pra 2003 e hoje estou fazendo planos pra 2004. Ou melhor, estou na expectativa de 2004, porque planos eu não sei se consigo mais fazer….
Neste ano que termina hoje eu fiz muitas coisas, abri algumas portas, fechei outras muito bem fechadas, realizei um monte de coisas diferentes e plantei muitas sementes, algumas metafóricas, outras bem reais – quem diria que eu poderia plantar e colher legumes no meu quintal?
O que será deste novo ano? Saberemos logo, ao vivo e em cores. E espero poder escrevinhas minhas impressões por aqui, como venho fazendo obcecadamente nos últimos anos. E agora vamos fechar este caderno de 2003, porque já acabaram as folhas e ele está totalmente rabiscado, recheado, borrado, rasgando na capa, com as pontas dobradas. Amanhã começo um caderno novo!
Feliz 2004!

  • Share on:

Matraquilhos

*

“A tia Dé estende na bancada de mármore as azevias que recheia com o puré de batata doce e canela que fez na véspera. A minha mãe, num estado de ansiedade que ninguém compreende, frita os cuscurões que, pouco depois, polvilhará, em gestos apressados, com acuçar e canela. Na sua mesa, a Madalena faz bolinhos com um bocadinho de massa que a avó lhe deu. No escritório, o meu pai lê, pela segunda vez, o Diário de Notícias. De vez em quando, não resiste e vem até à cozinha provocar a minha tia e a minha mãe.
-Ó Adelhia (ele transforma o “l” em “lhe” e, por isso, o nome da minha tia ganha uma sonoridade diferente na sua boca), este ano, estes fritos não prestam para nada !- diz, provando uma azevia que ainda não foi polvilhada.

De vez em quando encontramos verdadeiras preciosidades neste mundo de blogs. Gente que escreve tão bom de ler, assim como a Ana do Matraquilhos. Ela escreve um texto melhor que o outro e me fez sorrir e viajar pra um Portugal que ainda não conheço e relembrar um Brasil que já ando esquecendo….

  • Share on:

o passado não condena