tempo & paciência

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Já faz uma semana que estou usando o Linux e até agora não tenho meus programas instalados aqui. No Photoshop, no Homesite, no Cute FTP ………. Haja paciência, mas eu dependo do Gabriel…. Não estou podendo fazer nada direito e ainda não posso puxar fotos da câmera, não posso usar o scanner. Ótima oportunidade para desenvolver ainda mais a minha paciência zen.

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hellos & goodbyes

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Na sexta-feira passada tivemos uma festa de queijo e vinho para nos despedirmos de um casal amigo que está voltando para o Brasil nesta semana. Bebemos, comemos, rimos, papeamos. Na quarta-feira eu fui visitá-los e enquanto conversávamos coisas da vida de exilados [de quantos hellos e goodbyes dizemos por ano] eu olhava para o rosto da minha amiga e pensava que nunca mais vou revê-la assim cara-a-cara. Quando a gente diz adeus, é pra valer. Não estou dizendo isso da boca pra fora. São dez anos dessa experiência, nunca reencontrando amigos que se foram e se espalharam pelo Brasil e mundo afora. Nós sempre choramos, nos abraçamos, prometemos escrever e mandar fotos, mas quando todos se ajustam novamente às suas rotinas, caímos na armadilha do esquecimento e as cartas vão ficando espaçadas, os telefonemas tornam-se anuais e logo a distância faz o estrago. Nunca consegui fazer isso acontecer diferente.
Ontem, outra despedida. Num churrasco na casa da Leila e Peter, falamos adeus para um médico campineiro que provavelmente nunca mais reencontraremos. Um cara bacana, que fala com o nosso sotaque e nos faz rir com suas histórias interessantes. Mais um que vai embora.
Mas esses goodbyes convivem harmoniosamente com os hellos. Todo ano conhecemos novas pessoas e muitas vezes deslanchamos amizades gostosas. Agora nossos novos vizinhos são brasileiros e já estamos organizando pequenos jantares regados a muito vinho e muito papo. É tão fácil! Então vamos aproveitar!!

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japfood

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Esse é o melhor restaurante japonês em Davis, segundo o amigo japa do Ursão. Eu não conhecia. Só conhecia o Fuji [meu favorito, so far] e o Tokyo, que nos dias de semana tem o horroroso Mongolian Barbecue à $3,95 per person, que eu detestei. É bom pra estudante faminto, que quer comer um monte de carne e pagar pouco. Vamos testar o Sushi Nobu hoje. O Ursão já foi lá com o pessoal do departamento dele [mais o amigo japonês]. E hoje é a minha vez de ver se é bom mesmo.

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mais explicações

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Ainda está tudo meio confuso aqui. Meus programas continuam na fila para serem reinstalados [é, eu não sei instalar nada nesse Linux…] e eu me descabelo diáriamente para fazer as coisas mais simples, aqui neste computador. Também não estou usando editor de texto pra escrever, porque o que o Gabe instalou aqui [Kword] transforma todos os acentos em pontos de interrogação quando eu faço copy/paste. Aliás, até o copy/paste no Linux é diferente. Estou me sentindo uma infoanta, aprendendo o beabá. Então estou escrevendo direto no Greymatter e não tem corretor ortográfico pra pegar meus erros no pulo, então desculpem o mal jeito, se eu escrever algo horrivelmente incorreto. Também não tenho tempo de escrever de manhã e quando chego aqui à tarde, estou me sentindo um sabugo de milho chupado e nem sei como tenho conseguido pensar, quando mais escrever coerentemente. Sem falar que ainda tenho que cozinhar, se eu quiser comer algo saudável. Puf!
Mas eu não posso reclamar. Estou fazendo um horário na escola, que quando as crianças vão descansar eu tenho mais de uma hora pra ficar sossegada, lendo o jornal e ouvindo música clássica. Estou a par de todas as notícias: o possível sequestro das meninas no Oregon; a mulher que matou o marido com analgésico de cavalo na região de Sacramento; a previsão do tempo, as desgraças em Israel; o julgamento da mãe que matou os cinco filhos; as estréias no cinema; eteceterá!
Hoje a Natalie me deu um desenho – um auto-retrato dela andando de patins! Eu queria colocar o desenho aqui, mas não sei onde está o scanner [ o programa, porque o aparelho está aqui do meu lado]. Também hoje foi um dia em que estive com a paciência meio tosca. Meu corpo doía, o sol não esquentava e todo mundo resolveu ficar brincando de lutar – um chutando a cara do outro -, resmungando e chorando sem motivo ou despencando de cima dos brinquedos e chorando mais ainda. É sexta-feira.

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Jazz is cool

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O programa UCDavis Presents tem um calendário interessantíssimo de atrações. Eu sempre olho o booklet anual deles, mas nunca tinha ido a um show. Neste ano de 2001/2002 eles tiveram [e ainda terão] todo tipo de apresentação: Kiri Te Kanaka, Jazz Orchestra do Lincoln Center com o Wynton Marsalis, Balé das Filipinas, Blues de Chris Thomas King [o Robert Johnson de Oh Brother, Where Art Thou?], Miami City Balé, Cesária Évora, The Shakespeare Revue, Drummers of Japan, Twyla Tharp Dance, Lech Walesa [sim, ele mesmo!], Mariachis, Dance Theatre of Harlem, The Chieftains, Acróbatas de Taiwan, Midori, Rubin Carter [The hurricane, em pessoa], Laurie Anderson, Mystical Arts of Tibet, Dança de Mozambique, Balé Espanhol de Antonio Márquez, Buena Vista Social Club presents Omara Portuondo, London City Opera, Saigon Water Puppet Theatre, Janet Reno [ohdear…] entre outros solistas, comediantes, musicos de todos os gêneros e figuras interessantes.
Eu nem sabia onde ficava o Freeborn Hall, aqui na UCDavis, onde a maioria dessas apresentações acontecem. Mas sempre há a primeira vez em tudo e terça-feira a Jean me convidou para ver um grupo do Newport Jazz. Uma trupe de sete musicos de primeira, dando um show de bola no piano, bateria, violoncelo, trumpete, saxofone e guitarra. Eles tocaram – com alguns solos e improvisações um pouco longos para o nosso gosto – por duas horas e meia e foram de Duke Ellington à Sonny Rollings e Tom Jobim. Foi muito legal, não só pela música deliciosa, mas também pelo papo e companhia simpatica da Jean.
E em breve, todas essas atrações ganharão um espaço muito melhor, saindo do Freeborn Hall para o Mondavi Center, que é um centro de artes pra ninguém botar defeito!

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beggar’s banquet

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O sinal na saída da one thirteen e entrada da covell é um ponto de pedintes. De vez em quando tem um lá de pé segurando um cartaz, mas eles não são mendigos, gente miserável. Algumas vezes são uns caras de pau que pedem dinheiro pra booze. O de hoje era um sujeito alto, loiro, de barba, vestindo um chapéu e um sobretudo longo de couro – um Indiana Jones. Só que ele segurava um cartaz de papelão dizendo “on the road. broke and hungry”. Essas cenas são a cara do sonho americano….

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Vinte anos de ET

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É inacreditável – o filme ET já vai completar seu aniversário de 20 anos!!! Neste sábado o canal 3 [NBC, eu acho] vai mostrar um especial, com takes inéditos e uma reunião do elenco, que vai ser muito estranho – todo mundo vinte anos mais velho!

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the documentary

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Eu preciso escrever sobre as coisas, pra finalmente parar de pensar nelas.
Domingo eu relutei, mas acabei vendo o documentário 9/11, televisionado pela CBS. Duas horas, sem intervalos, com as imagens feitas pelos dois irmãos franceses, que faziam um documentário sobre um dos bombeiros em treino, numa das fire stations de Manhattan. Eles estavam lá filmando, quando o primeiro avião chocou-se contra a primeira torre e pegaram tudo em video. Depois filmaram os bombeiros dentro da torre número um, a última a cair. As cenas são impressionantes, porque sabemos o que vai acontecer. Parece que estamos assistindo um filme de ficção, desses tipo “Inferno na Torre”, só que sabemos que ali tudo o que estamos vendo é verdade e que a tragédia vai muito além daquelas cenas.
Um dos irmãos filma as pessoas na rua, o ar de incredulidade em cada rosto. Depois ele filma o pânico. O outro filma os bombeiros dentro do prédio. Ouvimos uns estrondos e os bombeiros dizem “those are the jumpers…”. São as pessoas pulando do alto do prédio e ouvimos o barulho do baque dos corpos contra o chão. São muitos. Um dos bombeiros diz que está “chovendo gente”. Caem pedaços de vidros e material de construção e pedaços de gente. É o horror, mas ainda é apenas o começo. Quando o segundo avião se choca contra a segunda torre, ouve-se o barulho. Eles tentam achar saidas mais seguras para fazer a evacuação, porque não é seguro sair com toda aquela gente pulando e pedaços do prédio caindo. A tensão é tão grande que meu estomago encolhe e minhas mãos se agarram nas beiradas do sofã. Os irmãos filmam tudo. O desespero nas ruas, a primeira torre caindo e os bombeiros dentro da segunda torre, quando tudo balança e fica escuro de poeira. Ainda há mais filmagens dentro do prédio e quando finalmente eles saem e a segunda torre cai, a câmera continua ligada filmamdo tudo. A cena que me marcou foi a de um senhor gordo de óculos, com uma valise na mão, todo sujo de poeira, caminhando a esmo com a boca aberta depois da queda das duas torres. Ninguém nunca imaginou uma coisa daquelas acontecendo fora de um filme. Até agora nós ficamos só lendo relatos e tentando imaginar o que aconteceu lá dentro dos prédios. Agora temos as imagens, de um filme que não teve nenhuma produção, mas que me deixou sem dormir… mais uma vez.

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Sudão

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Uma mulher do Sudão me catou pra cristo e em dez minutos me contou toda a sua vida – sem brincadeira! Me deu até um desespero. De pé debaixo do sol ela desfiou o rosário: que o marido fez um PhD na UCDavis e trabalhou como professor numa universidade no Utah, onde nasceram os filhos e então ela decidiu voltar pro país dela. Maior erro. Ela contou que o governo que está no poder há dez anos – e é financiado e apoiado pelo Bin Laden – só promoveu a guerra, a destruição e a miséria. Segundo ela, o governo não quer que os rapazes atendam a universidade, pois eles querem treina-los para enviá-los para a guerra. Eu não fiquei fazendo perguntas, mas parece que é uma guerra religiosa entre muçulmanos e cristãos. O marido virou perseguido político e ficou anos sem conseguir arrumar emprego, nem mesmo em outros países islâmicos. Os filhos exigiram voltar para os EUA, onde estão estudando e nem pensam em voltar para o Sudão. Ela disse que o país dela é riquíssimo pois tem petróleo, ouro e lá chove muito. Até agora eu não sei por quê essa mulher me escolheu pra contar essas coisas. Em dez minutos ela me surpreendeu com os relatos da sua história pessoal e sem querer me fez adicionar esse país africano no meu pequeno e restrito mapa mundi mental.

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o passado não condena