Patricia Smith
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Asking for a Heart Attack
For Aretha Franklin
Aretha. Deep buter dipt, burnt pot liquor, twisted sugar cane,
Vaselined knock knees clacking extraordinary gospel.
hustling toward the promised land in 4/4 time, Aretha.
Greased and glowing awash in limelight, satisfied moan
‘neath the spotlight, turning ample ass toward midnight,
she the it’s-all-good goddess of warm cornbread
and bumped buttermilk, know jesus by his first name.
carried his gospel low and democratic in rollicking brownships,
sang His drooping corpse down from that ragged wooden T,
dressed Him up in something shiny, conked that Holy head of hair,
then Aretha rustled up bus fare and took the deity downtown.
They coaxed the DJ and slid electric untill the lights slammed on,
she taught Him dirty nicknames for His father’s handiwork.
She was young then, thin and aching, her heartbox shut tight.
So Jesus blessed her, He opened her throat and taught her
to wail that way she do, she do wail that way don’t she
do that wail the way she do wail that way, don’t she?
Now every time ‘retha unreel that screech, sang Delta
cut through hurting to glimpse been-done-wrong bone,
a born-again brother called the Holy Ghost creeps through that.
and that, for all you still lookin’, is religion.
Dare you question her several shoulders, the soft stairsteps
of flesh leading to her shaking chins, the steel bones
of a corseted frock eating into bubbling sides,
zipper track etched into skin,
all those faint scars,
those lovesore battle wounds?
Ain’t your mama never told you
how black women collect the world,
build other bodies onto their own?
No earthly man knows the solution to our hips,
asses urgent as sirens,
titties familiar as everybody’s mama
crisscrossed with pulled roads of blood.
Ask us why we pray with our dancin’ shoes on, why we
grow fat away from everyone and toward each other.
By Patricia Smith
sem dormir
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Fui levar o Ursão no aeroporto às 4 horas da manhã. O vôo partia às 6am, mas agora com todas essas novas normas de segurança, qualquer vôo doméstico tem uma exigência de check in de 2 horas. É estranho dirigir por aí de madrugada, ainda mais quando se está sonada. Ele foi numa viagem de trabalho e faz duas semanas que está preparando essa apresentação. E então ele não dorme…. Fica trabalhando até 4am. Eu também não durmo. Hoje liguei pra ele às 3am, puta da cara, porque nem sempre eu reclamo dessas coisas [que faz vinte anos que vejo acontecer], mas quando me enche os piquás eu rodo a baiana. Hoje foi um desses dias. Liguei e já fui dizendo ‘que palhaçada é essa?’. Depois me arrependo.
Mas ele sempre foi assim com trabalho. Não é à toa que ele é o melhor na área dele. No Brasil não existe ninguém que faça o que ele faz. Por isso ele está aqui, na Universidade da Califórnia. E mesmo aqui, são poucos que são tão bons na área em que ele atua. Ele já foi chamado de ‘rare breed’ por outros profissionais, porque ele é a elite.
Só que tem esse problema de trabalhar qualquer dia, qualquer hora, sábado, domingos e feriados. Eu tenho inúmeras histórias pra contar, porque eu acompanhei e fui o suporte dele todo o caminho, desde que ele estava no terceiro ano da faculdade. Tem aquele ditado cafona que diz ‘atrás de todo grande homem, existe uma grande mulher’, pois eu sou essa mulher! E não estou só atrás apoiando, mas estou ao lado acompanhando e guiando e muitas vezes na frente, abrindo passagem. É um trabalho full time ser esposa de alguém assim. Mas o orgulho de saber o que ele faz de especial e importante ajuda a passar as noites mal dormidas. Ainda bem, né? 😉
american family
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Consegui ver o primeiro episódio de American Family – a primeira série latina da tv norte-americana!
Foi bem morninho……
Meg e Marco , vocês não vão acreditar, mas mataram a Sônia Braga logo na primeira meia-hora!!! Com direito a cena no caixão e tudo. Ela até que falou bastante, no papel da mãe-dona-de-casa-boazinha e meiga da família mexicana. Apareceu numa cena fazendo tamales. Depois caiu dura e morreu….. Não me conformo! Acho que agora ela vai ficar como um fantasma, aparecendo nas reminiscências dos familiares.
Achei tudo bem chatinho e acho que não vou ver mais. Da próxima vez vou escolher rir de mim mesma, com o That 80’s Show.
entertainment
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Lindo dia ensolarado – 11° C/ 1° C
A CBS engavetou American Family, mas a PBS resolveu investir. Estréia hoje a primeira série dramática semanal latina da tv americana. No elenco Edward James Olmos, Raquel Welch e Dona Sônia Braga, no papel da matriarca da família, de chinelo com meia e avental. A história é centrada numa família de descendentes de mexicanos – os Gonzales – que vivem num bairro classe média em Los Angeles. Se eu lembrar o horário [canal 6, 8pm] eu vou assistir, pra ver como é que é!
No mesmo horário [8pm] estréia no canal 40 – Fox?] o That 80’s Show. Muita gente está dizendo que o show vai ser um fracasso, porque não estamos distantes o suficiente da década de 80 para podermos rir dela! Muita gente não vai gostar de se olhar no espelho do tempo! Há Há!
Se eu escrever aqui, vou ser obrigada a não esquecer!!
Buddy Guy no Jackson Rancheria em fevereiro.
Mahalia Jackson no Crest em Sacramento, em março.
Joan Jett no John Ascuaga’s Nugget, em Reno, em fevereiro [isso é que eu chamo de decadência…. uma punk no cassino em Reno!!]
Alguém já viu o comercial do Burguer King com o B.B.King? Eu fiquei CHOCADA! Será que o velhinho ta precisando de $$$ pra sustentar suas inúmeras famílias??
violência
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Este post da Clarice me deixou triste e pensativa….
Na sexta-feira fui ler a Revista Isto É e fiquei horrorizada com uma reportagem sobre a violência na cidade de Campinas. A minha cidade! Liguei pros meus pais, pra saber se era verdade tudo aquilo, porque muitas vezes a imprensa exagera nas más notícias. Meu pai confirmou tudo e disse que não era exagero não… Minha mãe concordou. E se minha mãe concordou, tenho mesmo motivos pra ficar preocupada. Meu pai disse que agora só se pode contar com a sorte. Fiquei chocada! Eu e meus irmãos brincávamos na rua em Campinas. Eu tive uma adolescência super livre, voltando para casa de noite à pé de bares e shows e namorando no carro….
Eu sinto em tudo isso um grande desprezo pela vida humana… somos formigas e nossa vida não vale nada….
how excellent is your name
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Minha religião é a Música.
Eu só estava lá por causa da Música. E eles só estavam lá cantando por causa da religião. Deus e Jesus são a inspiração para toda aquela maravilha. Eu me sinto culpada e envergonhada, porque não estou lá para louvar ninguém. Só estou lá para me arrepiar e aproveitar o som daquelas vozes.
Chegamos atrasados e o coral já estava posicionado na porta, pronto para entrar na igreja. Todos vestiam preto com detalhes em azul. Passamos por eles, que nos sorriram. Nós sempre nos sentimos bem vindos. Achamos um lugarzinho, que duas senhoras gentis nos indicaram. Dava pra contar nos dedos de uma mão o número de pessoas brancas dentro da igreja abarrotada de gente. Era óbvio que estávamos lá por causa da Música. Nossa pele e nossa cara nos denunciavam.
É muito difícil controlar minhas emoções quando eu ouço o Gospel. Eu já estava me emocionando no carro, ao lembrar da última vez que estivemos lá para ver o concerto das Mulheres de Branco e de como eu chorei descontroladamente quando elas entraram cantando e dançando na igreja. Eu não queria ser tão repetitiva nas minhas narrativas, mas com o Gospel não tem jeito, pois eu tenho sempre a mesma reação. Desta vez fiquei engolindo a vontade de chorar e segurando as lágrimas que insistiam em deixar meus olhos molhados. Não podia dar mais essa bandeira, de que estava lá só pela Música.
Foi uma missa cantada – a musical praise service. Eles não falam ‘missa’, eles dizem ‘serviço’. E o padre é um pastor. Eles são Batistas, do Novo Testamento. Eu reconheci algumas das mulheres no coral. As vozes maravilhosas, que mereciam estar gravadas em cds para a posteridade. Não acredito que ninguém ali pretenda seguir carreira artística. Eles cantam para o Senhor e para Jesus. Ali, a Música é somente uma maneira de rezar. “Praises go up, blesses come down”, eles afirmam. “Jesus, how excellent is your name!” é a frase repetida centenas de vezes durante o serviço. E a Música vem da alma e arrepia, faz chorar, dançar, bater palmas e pés.
Tudo aconteceu igualzinho como neste dia , com a diferença que desta vez o pastor deu uma bronca nos que estavam lá somente pelo entretenimento. A carapuça me serviu. Me senti mesquinha e vil, porque não tenho outra religião e não louvo nada nem ninguém, além da Música.
i see the light!
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Fui às compras. Não como Rosalie……
Quando chego em casa, surpresa: tem um monitor novo no meu desk, já instalado!!! Fiquei pulando de alegria aqui!! Presente do meu filho… Ele é uma graça!!!!
Agora vejo tudo como deveria ver. Tudo claro! Posso até ler textos em fundo preto ou escuro! Posso ver tudo! Fui olhar outras coisas que tinha feito nos tempos da escuridão e achei tudo bem mais claro. Que coisa!! Espero que o Gabriel jogue aquele monitor no lixo.
Nas compras, pela primeira vez desde que fiquei jobless, encarocei sem culpa. E consegui gastar meu gift certificate na GAP [no outlet]. Comprei até a colônia Grass, que é a que eu mais gosto.
Achei uma 501 Levi’s por $9,99!!!! Mas só tinha uma e a numeração era pequena. Lá na Ross , é claro!
Comprei um avental cheio de chili peppers! Eu não tinha um avental, dá pra crer???
Agora estou esperando para ver Ab Fab!
larala! 😉
the tiny person within
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Desengonçada!!!! Clumsy is my middle name!
Eu tenho esse problema com o meu espaço físico pessoal. Eu nunca sei onde estão os meus limites, a fronteira entre o meu corpo e o resto do mundo. Um tio uma vez me disse que isso é problema de gente que cresce muito rápido e não tem tempo de se acostumar com o novo tamanho. Eu achava que tinha algum problema de ouvido, alguma labirintite, mas depois percebi que isso é uma característica minha: uma pessoa pequena enclausurada dentro de um corpão, que parece que não me veste direito.
Então parei de me sentir tão constrangida quando piso e caio em cima das pessoas. Sempre que estou andando ao lado de alguém, eu vou caminhando diagonalmente até dar de encontro com o meu acompanhante. E piso nos pés das pessoas incessantemente. Ontem fui dar um abraço na Leila e já aconteceu uma pisoteada. Daí você tem que interromper os ‘ois’ e ‘tudo bem!’ pra se desculpar. Tinha um cara na Aspire, que toda santa vez que eu me encontrava com ele, eu pisava nos pés dele…. Parecia uma praga! Eu sou aquela que vou dar um beijo ou um abraço e dou cabeçadas.. tropeço.. enrosco a roupa.. caio em cima….. uf!
Mas dentre as mil e uma histórias constrangedoras, destaco uma: na festa de uma amiga estavam muitas pessoas, que apesar de eu conhecer não tenho muita amizade ou intimidade. Fui cumprimentar todo mundo educadamente e na hora de dar um beijo numa senhora, beigei a boca da mulher! Foi HORRIVEL!! Me senti uma patza! E ainda tive a falta de noção de limpar a boca da mulher suja com o meu batom e dizer “nossa, to beijando sua boca!! Há Há” [*riso de constrangimento, claro!]. Foi péssimo!!! A mulher não falou mais comigo e passou o resto da festa me evitando….
Na hora de ir embora, eu decidi sair à francesa, pra não correr o risco de fazer outra dessas……….
no ciocolat
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Becoming cloudy – 12° C/ 3° C
O problema lá no Ciocolat é decidir o que se vai comer. Meudeusdocéu, quanta coisa boa! A vitrine de sobremesas é uma coisa. Tantas tortas, mousses, truffles, cremes brulés, cookies, chocolates, pastries…. Afe!!!
Decidimos pelas pastries primeiro: cheese and raspberry danish, pear puff pastry e carrot cake! Depois atacamos de tiramissu e white peach mousse, com kiwi e blueberry.
Para beber, chás ingleses, sodas e cafés italianos. Nem olhei o cardápio de salgados, pra não ter um treco.
O lugar é bem pequeno, com mesinhas quadradas e uma lareira. Na cozinha duas chefs. A trilha sonora teve muito Jazz e até uma Elis Regina [que nós ficamos todas pimponas de ouvir!]. Tudo é servido em xícaras e pratos de porcelana antigos. Colheres e garfos de metal [de verdade, não de plástico!]. Ficamos 3:30 horas lá, comendo e falando. Quem não foi, perdeu!!! 😉