tem jeito?

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No ano passado comprei um livro na fnac.com.br e foi tudo bem, compra processada, entregue, ponto final. Este ano fui coprar outro livro. Nada, nada, nada. Já são dez dias e o pedido não foi processado ainda, está lá parado e não sei qual é o motivo. Quando percebi a demora, uma semana atrás, comecei a maratona para me comunicar com a fnac.com.br. Vai lá no site e tenta achar uma seção de atendimento ao consumidor? Você conseguiu? Eu não. Tem lá um formulário para você entrar em contato com eles. Preenchi um formulário pedindo informação sobre o meu pedido parado e nunca recebi resposta. Toca entrar na seção de devoluções e cancelamentos, onde tem um e-mail e dois números de telefone. Estou ligando para esses números há três dias e eles tocam, tocam, tocam e nada! Mando uma mensagem para o tal e-mail de devoluções pedindo por favor para o meu pedido ser cancelado. Vinte e quatro horas depois, nada. Quarenta e oito horas depois, nada. Liguei na loja da Paulista pra pedir ajuda, me deram os dois números de telefones onde eu ligo, ligo, ligo e ninguém atende. Jesuscristo, o que fazer?? Já estou com dor de estômago de ódio e irritação. Hoje entrei no site do Procon e deixei uma mensagem explicando o meu caso com a maldita Fnac. Será que eles vão me responder? Será que o caso será resolvido? Será que isso tem jeito?
Como você cancela uma compra que obviamente está com algum problema se não há maneira de contactar o serviço de atendimento ao consumidor da loja???
Fnac.com.br – nunca mais vou comprar absolutamente NADA nessa loja!

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back to earth

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Aterrisei no planeta terra às oito e meia da manhã. Mal consigo murmurar um bom dia para o urso alegre e camarada e quase chuto o gatonildinho feliz que dá um pulinho faceiro e agarra a minha perna pra dizer que está alegre de me ver. Manhãs assim são fodas. Fico amarga por horas e horas, como se estivesse puta da cara por estar de volta à este mundo injusto, cansativo e chato.
What a bore!
No sonho eu mudei de casa duas vezes. Senti tristeza porque meu endereço não era mais em Davis, mas o lugar era interessante. Na segunda casa eu descia umas escadas e saia de frente para um pequeno lago e um caminho de tijolinhos vermelhos que levava para um lindo bosque. Pensei que morar ali valia a pena, não somente pela casa, mas também pelo quintal.
Tenho muitos sonhos recorrentes, de mudanças, viagens, malas desfeitas ou refeitas, retornos para casas préviamente abandonadas com a máquina de lavar cheia de roupa suja e a geladeira cheia de comida. São sonhos que me irritam. Alguns – nem vou mencioná-los – me fazem acordar chorando. Mas há os sonhos com lugares onde nunca estive, lagos, florestas, caminhos de tijolinhos vermelhos e casas em endereços estranhos, onde invés de começar a arrumar e organizar mais uma vez todos os armários, vou sair para uma caminhada.

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all you can eat at jusco

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Se na minha cidade falta bons restaurantes italianos, certamente tem uma abundância de restaurantes asiáticos. Só pra se ter uma idéia da demanda, a cidade tem sessenta mil habitantes e quase quarenta por cento da população de estudante na UC Davis é asiática. Então é um restaurante em cada esquina para servir a clientela faminta e já à postos segurando chopsticks ou hashis. Lembrando de cabeça são pelo menos dois vietnamitas, uns três coreanos, uns cinco tailandeses, uns sete japoneses e incontáveis chineses, fora os indianos, nepalianos e alfaganistaneses que não sei se dá pra contar como asiático, e os lugares que só vendem suco ou chá com bolotas de tapioca, mas que também são bem populares. Então quando saimos pra comer fora, opções para comida oriental não faltam. O Uriel sempre sugere os tailandeses, dos quais eu ando meio enjoada. Fazia muito tempo que não íamos à um japonês. Em downtown, perto da minha casa, tem uns três. Um deles abre às onze da manhã e às dez já tem fila na porta. Não sei o que eles servem lá, mas o restaurante tem uma fila enorme na calçada todo-santo-dia. Resolvemos ir num outro logo a frente, que nos foi recomendado pelo Gabriel e Marianne, o Jusco.
jusco.JPG
O lugar é pequeno e bem antigo, no velho e bom estilo ‘sujinho’, que à primeira vista nem anima. Mas como eu e o Uriel temos um histórico de indecisões em porta de restaurante, quase caímos fora no último segundo. A família inteira trabalha no restaurante, cozinham, servem, limpam. Não sabíamos que eles faziam o ‘all you can eat’ e nunca tínhamos ido à um ‘all you can eat’ japonês. Ficamos meio perdidos no inicio, mas recebemos as intruções para marcar o que queríamos numa fichinha com os nomes dos sushis, rolos e comida quente. Fui marcando tudo o que não tinha peixe cru. Marquei muita coisa, naquele entusiasmo de quem está com fome. A comida começou a chegar em pequenos pratinhos e não parava mais… Comemos muito e estava tudo delicioso. Só uma coisa nos deixou um pouco estressados: pra não haver desperdício, eles avisaram num cartaz na parede e no menu que CADA SUSHI NÃO COMIDO E DEIXADO NO PRATO CUSTARIA 0,50 CENTS EXTRA! Raspamos os pratos e abandonamos pra trás somente os rabinhos do camarão…
» post casado com o Chucrute com Salsicha, onde em breve publicarei a minha velha e eficiente receita de sushi!

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vida social I

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Uma das coisas chatas da vida social é conhecer gente nova em festa. Eu passo por essa situação como se estivesse num trabalho de parto, que se desenvolve sempre em etapas, uma mais difícil que a outra. Eu raramento me aproxego de alguém e já vou sacando um questionário da bolsa. Geralmente eu que sou a vítima, a presa encurralada e cercada de perguntas. Acho que as pessoas me vêem e logo pensam: preciso conhecer aquela nariguda falando com aquele sotaque interessante, vestida com aquelas roupas exóticas e que – opis – acabou de tropeçar [ou quebrar um copo, ou derrubar vinho na anfitriã, ou falar uma gafe]. Dai sou abordada, primeiramente com as gentilezas de oi meu nome é fulano ou fulana, dai eu digo o meu nome e eles repetem, eu explico que é FernandAAAA, por favor, não me faça passar pelo vexame de ser chamada de homem, algumas risadas tolas, um papinho furado de alguns minutos e logo vem a primeira pergunta decepadora de cabeças: o que você faz?
Responder o que eu faço pode levar horas e necessitar de muitos copos de vinho intercalados de copos de água. Então essa pergunta fica sempre mal respondida, mal entendida e gera muita frustração. Eu gostaria muito de me livrar da pergunta e da conversa nessas horas, então penso no que poderia responder quando a tal frase fatal fosse finalmente verbalizada: o que você faz?
– sou palhaça, mas dormi de touca e o circo foi embora da cidade e me deixou pra trás, então estou tentando me recolocar no mercado de trabalho da região.
– eu vendo Amway [ou Mary Kay]. essa resposta é garantia de afastar todo e qualquer ser racional e passar o resto da noite comendo, bebendo e lendo revistas na festa.
– sou dublê de corpo em slash movies.
– sou treinadora do time de gamão dos cidadões de terceira idade de Roseville.
– escrevo, mas ninguém quer comprar meus escritos, então em alguns anos certamente cortarei minha orelha e morrerei de infeção e na miséria.
– crio minhocas.
– sou a nova gerente do Bates Motel.
– sou manéquin de luvas.
– o que eu faço? como assim o que eu faço? que tipo de pergunta é essa? are you talking to me? ARE YOU TALKING TOOOOO MEEEEE?????

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vida social II

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Depois que você fica com a boca seca de explicar o que você faz, vem a próxima pergunta: você tem filhos? Dai eu entro na segunda etapa do parto de conhecer gente nova em festa. O diálogo se desenrola mais ou menos assim:
-tem filhos?
-sim, tenho um.
-ah, quantos anos tem o guri.
-ahn, ele não é mais guri, já vive a vida dele.
-oh, como assim?
-meu filho tem vinte e três anos.
-oooohh! [em estado de choque, boca e olhos arregalados] mas você não parece ter idade para ter um filho de vinte e três anos!!!
-e eu não tenho mesmo …
A situação fica completamente constrangedora nesse ponto, pois no olhar incrédulo do meu interlocutor, a jovial pessoa interessante e excêntrica com quem ele estava conversando e interrogando se transforma de repente numa anciã decrépita e desdentada – uma VELHOCA. E não há o que fazer. Sou mãe de um homem de vinte e três anos. Só posso ser muito velha ou uma extra-terrestre.
Antes ou depois do choque da revelação que eu sou uma sogra e, consequentemente, uma coroa decadente, acontece um outro diálogo que eu odeio e que é iniciado com a pergunta o que te trouxe aqui pra Davis? Nessas horas quero afundar rapidamente numa areia movediça e desaparecer enquanto dou um tchauzinho com cara de sinto muito. Mas a educação me obriga a responder. Vim com o meu maridooo… O quê? fala mais alto. Vim com O MEU MARIDOOOOOO! Dai sou bombardeada de perguntas sobre o que ele faz nos micro-hiper-super detalhes. Me sinto a perfeita songa la monga, que veio pra Davis seguindo e dois passos atrás do marido gênio. Marido, marido, marido, mas será o benedito que esse pessoal não tem outro assunto?

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brunch

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saladadefrutas.jpg

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lições de vida que eu aprendo com os gatos

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As atitudes do gato Misty com relação ao gato Roux muitas vezes me fazem lembrar das atitudes dos humanos. O gatonildão não tolera o gatonildinho, não quer ser amigo dele, não quer ficar perto, não quer dividir o espaço, esnoba o fulaninho, vira as costas pra ele e é visivelmente intolerante. Se o Roux chega perto, ele vai embora, sai do lugar onde estava. O que eu vejo acontecer o tempo todo é o Senhor Misty sempre irritado, se retirando, pra lá e prá cá, deixando o lugar quentinho, correndo e fugindo. E vejo o alegre Roux sempre instalado nos melhores lugares da casa, espalhado, confortável, triunfante e feliz. Perceberam?

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o passado não condena