bem rapidinho

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Nunca fotografarei meu café da manhã, porque é só uma cumbuca de café com leite e bolachas tipo maria com manteiga. #NoGlamour

Não posso esquecer minha ex-chefe quando eu disse que não tinha visto os itálicos no html—faça um óculos, você tem um plano de saúde ótimo!

Tava falando de aposentadoria com colega e ele—o investimento é de acordo com o seu objetivo de futuro: viagens pelo mundo ou morar num sítio. E eu fiquei matutando: acho que ficara bem feliz com um futuro no sítio. <3

A Netflix streaming é boa só pra séries, porque os filmes são bem fracos. Pra eles tem que ter a conta de DVDs. E eu não entendo isso. Outra coisa que não entendo são as revistas sem interatividade no ipad. Uma replica da versão impressa no ipad é como fazer slide show na tv. Cancelei a assinatura de mais uma revista por causa disso. Uma revista brasileira, que já é bem ruim per se, daí você não consegue ler e é tchau mesmo.

Nem começou o verão oficialmente ainda e eu já estou—receitas com abobrinha procurar socorro!

A moça sentada do meu lado no jantar se chamava Hope e ficou falando de cabala, luzes controladoras, escuridão e teorias de conspiração. Se você acha que tá cheio de hippie maluco aqui na Califórnia, você tá certo.

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BERTIE: Touch of indigestion, Jeeves?
JEEVES: No, Sir.
BERTIE: Then why is your tummy rumbling?
JEEVES: Pardon me, Sir, the noise to which you allude does not emanate from my interior but from that of that animal that has just joined us
BERTIE: Animal? What animal?
JEEVES: A bear, Sir.

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i intend to be independently blue

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Dia 26 de maio fez cinco anos que mudamos de Davis pra Woodland e sinceramente já nem lembro como era a vida antes desta casa.
Fui ao picnic da firma com o chapéu de sertanejo do meu filho e meu óculos italiano de aro verde e o cara feio disse—you look very posh.
Nos campos que tinham girassóis no ano passado, neste ano tem tomate. Quando dirijo pelas back roads já estou marcando onde estão os campos de girassóis, porque no final de junho vai ter foto! muita foto!
Gente que fala muito alto perto de mim desalinha meu chakra.
Ainda estava me vestindo quando tocou a campainha, era um moço da prefeitura avisando que iam remover uma árvore da frente da casa dos vizinhos. Poxa vida, qual delas, perguntei, já temendo que fosse uma grandona. Aquela sycamore pequena que está doente, ele respondeu. Que tristeza quando as árvores têm que ser sacrificadas. Mas vamos plantar outra no lugar, completou o moço. Todo dia penso qual será a próxima, já que na minha vizinhança as árvores são centenárias.
Fui nadar e nas viradas vejo na raia ao lado um cara nadando pelado só com pés de pato azuis.
“☉_☉”
O calção dele era cor da pele!

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the humming family

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No domingo passado estávamos almoçando no gazebo quando apareceu um beija-flor e ficou insistentemente voando pra cima, pra baixo, pra um lado, pro outro lado. Eu já tava achando que o passarinho queria me falar algo, tipo estava me trazendo uma mensagem, risos. Na realidade ele meio que queria mesmo falar algo, dizer––SIMANDA SEUS CHATOS! Era uma mãe beija-flor esperando a gente sair pra entrar no ninho que ela fez na junção das tomadas, no fio das luzinhas do gazebo. Ela queria dar comida e aquecer os bebezinhos e a gente lá no tralalá, eu bebendo vinho, lendo livro. Assim que nos tocamos do que estava acontecendo, saímos e ela entrou correndinho no ninho. Desde que tomamos noção de que tem dois babês beija-flor dentro do ninho, eu vivo obcecada, vigiando pra ver se a mãe está no ninho, ou tendo um pânico achando que ela abandonou os bebês. Posso ver os dois bicos, às vezes vejo a mãe passarinha lá sentadinha, e fico matutando quando será que esse negócio vai acabar, porque agora nossos finais de semana estão regulados pelo vai e vem de uma beija-flor.

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how’s chances [ for one of those glances ]?

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Hoje é dia das mães e sou mãe há trinta e quatro anos, mas essa deve ser a primeira vez que cada clichê sobre esse dia, ou sobre todos os dias como quero acreditar, fizeram o mais completo sentido.
Fomos a um almoço de páscoa ortodoxa russa. Toda comemoração vale à pena.
Comprei o bouquet de flores um dia antes e guardei dentro da geladeira.
Ele é um dos meus amigos mais queridos. Vi uma foto dele novinho e fiquei perturbada com o quanto ele era lindo. Ainda é. Mas era muito mais.
Diálogos da minha vida I:
—quer experimentar o picles de aspargos?
—picles do que?
—aspargos.
—o que?
—aspargos.
—aspargos?
—sim, aspargos.
—ah, ASPARGOS!
Diálogos da minha vida II:
meu colega me perguntou como foi meu final de semana.
eu respondi—I did a lot of cooking.
ele ouviu—I did a lot of cocaine.
Dezenove anos de Califórnia.

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o cachorro branco da casa azul

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Na esquina da Second Street tem uma casa azul antiga, linda. Um dia passei em frente da casa e tinha um cachorro branco na janela. Passei em frente por vários meses e o cachorro estava sempre lá, olhando pra fora, com uma cara engraçada de excitado e curioso. Me acostumei com ele, achava tão legal, tão divertido, o cachorro na janela me fazia sorrir. Eu até acenava pra ele. Ele virou parte da minha rotina das caminhadas pela minha vizinhança. Um dia o cachorro sumiu. Achei que iria voltar, mas não voltou. Com o passar do tempo fui ficando triste, passava em frente da casa, olhava pra janela e nada. Elaborei várias teorias—ele morreu [nãooooooo!], saiu de férias [muito tempo], foi passar um semestre na Europa, o dono era roomate na casa e foi morar em outro lugar. Sempre falava com o Uriel sobre o cachorro, onde estaria, o que teria acontecido. Dobrava a esquina da Second já pensando nele, mas nunca realmente perdi a esperança de revê-lo. Ontem virei na Second, olhei pra janela, como sempre faço e meu coração se abriu como uma flor. Depois de meses, o cachorro estava lá outra vez! Acenei pra ele com um sorrisão escancarado—ELE VOLTOU! ELE VOLTOU! O cachorro nem me deu bola, continuou olhando pro horizonte, eu não causei nele o impacto que ele causou em mim. Fui engolfada por uma alegria imensa e um sentimento muito forte de positivismo e esperança. Caminhei dois quarteirões enxugando lagrimonas de alegria na ponta da echarpe. Minha felicidade não tinha tamanho. Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, o cachorro branco da casa azul voltou!

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☙✿❧ this little thing called love ☙✿❧

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No açougue do supermercado:
—não sei se você poderia fazer isso pra mim…
—posso fazer qualquer coisa por você!
Então ele fatiou os peitos de frango bem fininho. E eu fui pra casa e fiz involtini.
Meu filho chegou dizendo “ciao”, contou muitas histórias engraçadas, vendeu o carro velho, comprou um mais novo e está tentando alugar um flat.
Minha vizinhança está impregnada com cheiro de flor de laranjeira, rosas e jasmim. Chega a dar uma tontura, mas está maravilhosamente lindo.
Morar na Califórnia é—poder ter aspargos todo dia na marmita durante a primavera. 💚
Fomos ver os portraits do Andy Warhol que estão em exibição em Sacramento.
O canal 40s Junction na rádio satélite no meu carro tocou somente Doris Day num final de semana inteiro, em homenagem aos 92 anos dela!
Agora posso viajar como brasileira, como americana e como italiana.
Plantei seis pés de tomate.

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at the end of the day

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Hoje capinei como nos velhos tempos e plantei seis pés de tomate.

Não curto muito a páscoa, a não ser pelos ingredientes de primavera [aspargos, ervilhas]. Faço o almoço do domingo por causa do Gabriel. Mas este ano ele não está aqui, então desanimei totalmente. Fomos almoçar fora. Não fiz nem comprei nada. Zero chocolate.

O português do meu filho é muito bom, mas agora que ele está numa imersão, aprendendo o italiano na Itália, tô reparando algo engraçado. Ele anda trocando palavras no português por similares em italiano. Fica parecendo ator de novela brasileira, falando italiano com aquele sotaque de palhaço. Mas ele tá recebendo elogios dos italianos, pela gramática e ausência de sotaque. Então palhaço é só mesmo na novela.

Meu filho tem a personalidade que eu gostaria de ter. Faz o que precisa e quer fazer, não se importa de não ser popular. E por isso mesmo é.

Coincidências da vida. Assistindo Flaked, tenho uma amiga que pedala uma bicicleta com cestinha [em Flaked é uma caixa de madeira] porque foi pega DUI e não pode mais dirigir até até pagar a multa toda [eles parcelam] e fazer e escola. One too many martinis.

Tanta tristeza nesse mundo e eu chorando por uma lebre atropelada na estrada.

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o passado não condena