um amor sem tamanho

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Meu marido e meu filho mudaram a minha vida e o meu mundo. Não sei como teria sido a minha vida sem eles. Com certeza, de alguma maneira, eu teria sido feliz. Mas não seria a mesma felicidade, seria uma felicidade diferente da que eu sinto agora.

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o lenço

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Outro dia fui trabalhar usando um lenço de pescoço que tem uma história peculiar. É um lenço com estampa de pele de animal. Nunca achei que fosse o meu estilo, mas acabei mudando de ideia. Meu irmão me deu esse lenço de presente, anos atrás quando ele foi morar em Londres. Eu guardei o lenço como recebi, na caixa, embrulhado lindamente em papel de seda. Nunca usei e um dia resolvi dar ele de presente pra outra pessoa. Uns anos depois recebi um presente da pessoa pra quem eu tinha dado o lenço e quando abri—adivinha só— era o tal lenço, ainda na caixa, embrulhado lindamente em papel de seda. Quando recebi o lenço de volta, exatamente do mesmo jeito que tinha recebido e dado, entendi que ele era pra ser meu. A pessoa que me representeou com o presente que eu a representeei não era novata nessa dinâmica. Ganhei muitos presentes dela que tinham sido comprados por mim e dado para ela. Ela faz isso normalmente, o tempo todo, nenhuma surpresa ai. A grande surpresa de receber o lenço de volta é que achei que ela iria realmente gostar dele e usar. Pra minha sorte não foi o caso e agora eu mesma uso o presente que foi originalmente intencionado pra ser meu.

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☙ waiting for a friend ❧

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Querido A. Sinto imensamente a sua falta. Mas não volte até você estar duzentos por cento recuperado, porque neste momento sinto que nosso ambiente de trabalho está contaminado por alguma praga, há muitos doentes, é uma gripe nojenta, e a cada semana mais inocentes caem enfermos. Eu mesma fiquei doente novamente durante o final de semana prolongado e ainda não estou me sentindo lá grandes coisas. Muita gente veio falar comigo depois que recebemos aquele email requisitando doação de férias pra você. Alguns estavam assustados pensando que você estava com alguma doença séria. Espero que nossos colegas tenham sido generosos e você tenha conseguido todos os dias que precisava. Estou contente que você está se sentindo melhor e mal posso esperar para vê-lo de volta. Sinto muito que não consegui ir te visitar. Eu fiz planos [arruinados pela praga] e até te preparei um vidro lindo com sal aromatizado com laranja e alecrim. Descanse bastante e se alimente bem. F.

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a woman on the verge

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A proletária estava toda feliz com um final de semana prolongado—President’s Day na segunda. Na sexta à tarde começa a se sentir mal e passa os três dias de folga doente. Alguém me rogou praga, porque não é possível que estou doente desde o dia 5 DE JANEIRO! CHEGA! BASTA!
Fomos dar um rolê de carro pelo Capay Valley, porque a minha cara de abatida estava assustadora. Precisava tomar um ar, refrescar, sentir o sol. E estava realmente um dia lindo, daqueles típicos de primavera, céu azul, campos verdíssimos, amendoeiras em flores, saí pra tirar umas fotos e achei bem quente, olhei no widget do tempo—26ºC! AINDA ESTAMOS NO INVERNO! PARA TUDO! REBOBINA!
Fico injuriada, reclamando que já vai estar 30ºC em março, que o verão vai ser de lascar, pior do que o pior deles, que foi o do ano passado, como vou sobreviver. E o Uriel muito calmo e sorridente—ah, esse calor agora não quer dizer nada, pode voltar a fazer frio a qualquer momento! MAS SIM, É CLARO, COM CERTEZA!

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the little ones

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Tem uma pré escola na proximidade do prédio onde eu trabalho. Quando saio com amigas pra caminhar e as crianças estão brincando nos playgrounds, tem sempre alguém que comenta—olha aquele ruivinho! olha que fofa aquela bochechuda! que amor! que doçura! nhóin! E eu sempre sorrio amarelo, porque não tinha notado nada, não olho pra crianças, não me importo, não acho tão fofo assim. As crianças, por outro lado, parecem que me curtem. Me encaram na fila do supermercado, sorriem pra mim, mandam tchau. Mas não é recíproco. Gosto de falar com criança de igual pra igual, não através da mãe como se eles fossem uns descerebrados. Mas não puxo assunto, não olho, não me toco, não ligo.
Mas quando vou buscar meus ovos na fazenda e passo por um campo cheio de carneirinhos e cabritinhos, mal consigo prestar atenção na estrada, fico encantada com as criaturazinhas e meus olhos se enchem de lágrimas de puro amor.

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o reforço

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No trabalho minha amiga queria tirar minha foto na cozinha segurando umas mexericas.
eu—ahwn hmwn não sei não..
ela—você é bonita!
funcionário baixinho—sim, você é!
eu—okay, tira logo essa foto!

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o passado não condena