um detalhe

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Tenho uma vizinha super charmosa. Tudo dela é bonito e discreto. Copiei descaradamente as luzinhas de Natal que ela colocou nas janelas da casa dela. Copiei também a guirlanda natural na porta da frente. Se bem que o Uriel disse que na dela tem um toque de vermelho e na minha não tem. Fón!

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adiantando-me

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Nunca trabalhei tanto nem tão rápido. Mas férias já estão surgindo no horizonte. E não quero ver caras nem falar de assuntos de trabalho por duas semanas. Meu filho foi prá lá e minha irmã está vindo pra cá. Trocas de hemisférios nesta época do ano são um pouco traumáticas. Calor lá, frio aqui. E as seis horas de diferença de fuso horário que realmente acabam com qualquer um. Estou animada com as decorações de Natal, porque este ano teremos uma árvore de verdade, que será escolhida no bosque das árvores natalinas pelos meus sobrinhos. Comprei até enfeitinhos novos. Justo eu, a blasé. Natal é uma festa que me deixa mais triste do que feliz, porque pra mim parece que o mundo enlouquece por um mês, entra em surto por uma noite, quando todas as frustrações são descontadas nas comidas e presentes. E acabou, recicla os papéis coloridos rasgados, congela dos restos de peru e farofa e segue-se em frente, igualzinho como antes. Porque na verdade nada muda. Nem com o inicio do novo ano. Nestas férias de final de ano não quero fazer nada, nem me preocupar, nem estressar, nem me cansar. Se conseguirei, isso já é outra história.

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[a vitrola]

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Onze anos de bla bla bla aqui neste blog. Onde eu arrumo tanto assunto?

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Passei o dia com a cara enfiada no iPad e assisti pela Netflix toda a primeira temporada de Downton Abbey. Fazia anos que eu não via uma série, sem falar numa assim tão legal. O problema é que agora vou ter que esperar até janeiro de 2012 pra poder ver a segunda temporada.
Minha chefe contou que em Massachusetts os gazebos nos quintais são cobertos com tela por causa dos mosquitos. Nessas horas levanto as mãos pros céus por morar num lugar com verão seco. Vamos todos virar uns maracujás de gaveta, mas podemos almoçar al fresco durante o verão nos nossos gazebos sem tela.
No sábado eu e o Uriel giramos a manivela do nosso phonograph, colocamos um 78 pra rodar e dançamos o blues no meio da sala da nossa casa.
Em breve toda vida online vai se resumir ao Facebook. Todo mundo fazendo tudo por lá, sem conseguir sair. Buñuel feelings.
Comprei botas novas, da mesma marca, mesmo estilo, só a cor que é diferente.
Leio revistas velhas, rasgo e guardo páginas com idéias e receitas.
Essa é a minha última semana na casa dos 40. And I feel fine.
Fiz o que achei que deveria ser feito. E pronto.
Quase tudo não me interessa.

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bike-less

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Dei a última pedalada e estacionei minha bike nas grades de bicicletas bem atrás do meu prédio no campus. Minha intenção era dar uma volta nela todos os dias, pra não deixá-la mais toda empoeirada e com teias de aranha parada num canto. No dia seguinte pela manhã fiquei um tanto confusa quando não achei minha cruiser azul com o trim-trim em forma de joaninha pregado no guidão. Logo entendi o que tinha acontecido quando vi a corrente que prendia a bike na grade caída no chão. Fui vitima de um dos famosos roubos de bicicleta no campus da UC Davis. Os ladrões provavelmente passam, munidos de alicatões, e vão pegando as bicicletas mais fáceis. A minha era. Presa com uma corrente vagabunda, pois nunca pensei que alguém fosse querer roubar uma bike velha daquela.
Fiquei imensamente triste, pois essa bicicleta foi meu meio de transporte por mais de seis anos, carregou sacolas de picnic, foi pedalada pelo meu irmão, fez campanha presidencial, tomou chuva a beça, me ajudou a chegar em tempo record em casa quando o Fedex deixava as esperadas encomendas da Apple no fundo do meu quintal. Pois agora não tenho mais bicicleta. Pior, não tenho mais aquela bicicleta que eu gostava tanto. Fiz a ocorrência na polícia, a bike tinha registro, mas acho que nunca mais vou reencontrá-la. Contando o ocorrido pra minha chefe, eu mesma concluí—esse foi o final de uma era.

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os destaques da semana

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Estou toda animada com o feriado da próxima segunda-feira. Sou proletária?
Foi olhar minha bicicleta que ficou estacionada no campus e ela estava toda empoeirada e cheia de teias de aranha. Dei uma limpadinha e depois pedalei numa voltona com ela e até chorei uma lagrimota, porque eu sinto um pouco de falta de ter essa mobilidade. Se bem que pedalando a bike eu nao via as paisagens que vejo hoje, dirigindo meu carro pelas county roads. Quem pode ter o privilégio de dirigir por campos de tomates, girassóis, melancias, abobrinhas, além de pomares de nozes, amêndoas e de azeitonas no caminho pro trabalho? #eu
Sábado fomos até o Silicon Valley e entramos num restaurante italiano em Redwood City. Sentamos, fui usar o banheiro e quando voltei disse pro Uriel—não quero jantar aqui, vamos embora, vou dizer pro garçon que queria comer pizza e aqui não servem pizza. E assim fiz, mesmo com o sorriso amarelo de vergonha alheia máxima exibido pelo meu marido. Foi meio bafão, admito, porque eles ja tinham colocado pão, molhinho de azeite e água na mesa e ficou todo mundo com aquela cara de nhoque. Mas foi a melhor coisa que fiz. Escolhemos outro restaurante dez vezes melhor e tivemos um jantar delicioso e perfeito. Tem horas que a gente tem que simplesmente fazer o que precisa ser feito.

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Já está ficando muito escuro quando eu acordo às 6am. E como é difícil sair da cama quando ainda parece que é noite!
Dá pra confiar na recomendação de um creme hidratante capilar vinda de uma moça cujo cabelo caiu todinho por causa de auto abuso de tinta e produto quimico?
No restaurante Chez Panisse o tomate só aparece no cardápio nos meses do alto verão, exatamente como na minha casa!
Ganhamos uma melancia super doce [e pepinos, abobrinhas e berinjelas] do quintal do nosso vizinho da frente, o Dude. A horta dele é muito prolífica.
Mostra muito o carater da pessoa ela criticar o trabalho e a capacidade do seu antecessor num emprego.
Caminhando pelo corredor de um prédio no campus vestindo minha saia longa de listras transversais, uma moça que vinha atrás de mim exclamou—your skirt is an optical illusion, i’m tripping! [ha ha ha!]
The Shirley Temple—two parts ginger ale, one part orange juice, and a splash of grenadine, garnished with a maraschino cherry.
Meu vizinho da Elm Street tem uma serra elétrica.

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Gerald & Sara

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The MurphysEstou lendo dois livros sobre um casal que nasceu, viveu e morreu rico e nunca precisou trabalhar. Os dois viajaram muito, tiveram todas as casas do jeito que queriam, reformavam e decoravam antes de mudar, nos lugares, cidades e países que quiseram morar, lançaram modas de vanguarda, deram jantares deliciosos, recepcionaram muitos amigos—que não eram qualquer amigos, mas sim Cole Porter, Pablo Picasso, Scott e Zelda Fitzgerald, Ernest Hemingway, John Dos Passos, Fernand Léger, Jean Cocteau, Dorothy Parker. E despertaram muita admiração, inveja e paixão. Dizem que ela teve um caso com Picasso e que Fitzgerald era fascinado por ela. E ele, um verdadeiro dandy, sempre o mais elegante, o mais generoso, o mais articulado. Não é um livro de ficção, nem roteiro de filme do Woody Allen. Essas pessoas existiram mesmo e eu estou gastando meu precioso tempo lendo sobre a vida delas. Criaturas invejáveis, etéreas, lindas, ricas e que nunca precisaram fazer compras no mercado, lavar roupa ou acordar às 6 am e preparar a marmita do almoço.

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mais um piu

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Tenho algumas inabilidades. Um colega perdeu a irmã super nova. Compraram flores e passaram um cartão de condolências para todos assinarem. Eu pedi ajuda, porque simplesmente não sei o que dizer em alguns casos. Morte é um. Então a secretária me deu várias opções de frases sinceras pra escrever e eu escolhi uma.
Trouxe na minha lancheira chips natureba feito de arroz integral e feijão azuki. #vivo na hippilandia
Tenho 25 livros nas nuvens!
Comprei uma saia longa listrada.
Sparkling viognier e torta de tomate no jantar. #summer
Todo cafona se acha chique. Todo chato se acha legal. Eteceterá.
Um dos meus vizinhos tem uma antena espinha de peixe no telhado. Devem ter esquecido ela lá, pois um troço desses nāo tem mais nenhuma utilidade.
Eu nao tenho tevê no terreo da casa, então minha diversao é sentar na poltrona com um copo de vinho e olhar a escuridao lá fora. E conversar com o gato Roux.
Coloquei na rádio do Elvis na SiriusXM e ouvi ele cantando uma música super groovie que nunca tinha ouvido antes—Polk Salad Annie. E no final deixaram a fita rolando e dá pra ouvir o assédio das fãs, ele rindo e dizendo “me deixem pelo menos respirar!” e o barulhinho dele beijando as moças! 😉
Infelizmente nem sempre posso corresponder ao que as pessoas esperam de mim. Mas sei que tudo ficará como dantes no quartel de abrantes.

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o passado não condena