resumo

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primeira visão do dia—foto da minha sobrinha Catarina banguelinha e de maria chiquinhas. fez subir imensamente meu nível de serotonina. assarei quatro peças de lombo, farei uma salada de spelt e aspargos, um molhinho pra servir com as alcachofras e refogarei ervilhas na manteiga. quase comprei um pernil, que aqui tem o lindo nome de pork butt. o vinho estava realmente bom. zinfandel. eu e minha nora bebemos quase uma garrafa. não consigo de jeito nenhum fotografá-la. ela se esquiva da camera. mas ela é muito mais bonita pessoalmente. e é uma simpatia. chove sem parar. deixei minha bike no campus na sexta-feira. vou ter que ir trabalhar a pé amanhã cedo. terremoto: nao senti nada, estou muito pro norte. acho que sentiram somente até Santa Rosa, umas 2 horas daqui. o planeta está chacoalhando demais…. Gregory Peck está muito lindo pra esse papel de padre missionário na China. The Keys of The Kingdom [1944].

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por uma vida mais rural

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Eu gosto de cidade grande, pra visitar. E depois voltar pro meu cantinho brejeiro. Nunca morei em cidade grande, por causa da profissão do meu marido, que tem que estar pelos cinturões verdes do mundo. Então estou divagando com uma total falta de experiência de viver em grandes aglomerações urbanas. Mas sinto que prefiro ter as cidades grandes por perto, ao meu alcance, e morar mesmo numa cidade pequena.
Um passeio que adoramos fazer é sair de carro pelas estradinhas da região, onde só tem fazendas, sítios, áreas espaçosas cobertas de grama verdinha, salpicadas de mostarda, povoadas aqui e ali por carneirinhos e vaquinhas. Passamos por pomares de amêndoas, nozes, castanhas, pistachos e um pouco mais pro norte as plantações de arroz e os pomares de oliveiras. Fazemos esses passeios com gosto, curtindo as cores, observando os detalhes, fotografando, parando aqui e ali pra olhar ou fotografar melhor.
Eu gosto de passear em cidades grandes, ir a restaurantes, museus, lojas, mercados. Não me levem a mal, mas esses passeios rurais são muito mais—são um verdadeiro tratamento zen, um bálsamo refrescante para a alma.

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tá um dia bom pra [re] começar?

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Depois que li o livro da Ruth Reichl, Not Becoming my Mother, fiquei um tanto grilada com a falta total de registro sobre a minha vida. Joguei fora todos os meus diários de adolescência, minhas cartas salvaram-se uma ou outra, quase não escrevo mais neste meu blog pessoal e o twitter é apenas uma boa ferramenta para se jogar palavras escritas ao vento. E minha preocupação é realmente deixar coisas escritas, já que não sou fotogênica, nem tenho talento pra filmes. Como meu filho vai se virar pra remontar minha vida, se não houver esse tipo de registro? Como ele vai saber como eu realmente me sentia e pensava e o que realmente aconteceu? Como ele vai poder me redescobrir, como a Ruth redescobriu a mãe dela?
Concordo que ainda estou ativa registrando algumas coisinhas, mas blog sobre o que eu comi e o que eu queimei ontem daria, quanto muito, um livro de receitas—As Comidas da Minha Mãe. Ou melhor—As Comidas e os Desastres na Cozinha da Minha Mãe.
Minha vida entrou numa rotina tão chata, que realmente não tem o que registrar. O que há de divertido e pitoresco num dia que se resume por trabalho—casa—trabalho—casa. Venho maturando uma idéia e gostaria muito de conseguir me organizar o suficiente para me comprometer fazendo um desses projetos tri-bacanas de publicar uma foto por dia, durante um ano. Ou pelo menos uma foto por semana. Mas teria que ser uma foto significativa, ela teria que contar alguma coisa sobre mim, desvendar algo do meu dia.
Estou me sentindo um pouco suspensa no ar, sem um chão firme pra pisar. Voltei a nadar em outubro e mal posso crer que sou eu mesma indo nadar todo final de semana, faça chuva, névoa ou frio. Pela primeira vez na vida atravessei o inverno nadando. Foi também a primeira vez na vida que fiz tantas viagens de avião, duas internacionais e duas domésticas num único ano. The times they are a-changin’. Embora a minha mente só consiga realmente se concentrar em comida, além dos filmes antigos, do blues e rock ‘n’ roll, tenho conseguido divagar em outras direções de vez em quando. Hoje tenho que sair para comprar pão e leite. E ainda não sei o que vou fazer de jantar.

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mas é in-crí-vel

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eles passam todos blasés na nossa frente, colocando a bunda na nossa cara e a gente ainda fica rindo que nem bobo, assim.

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os gatos já nasceram livres

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mistyzitoMeu gato velhinho, o Misty, teve um revertério provavelmente estomacal. Começou a vomitar, vomitar e ficou muitíssimo cabisbaixo, parou de ronronar e recusou comida. Para um gato que VIVE em função de comer, recusar comida foi o sinal mais claro de que a situação era grave. Chamamos a veterinária que atende em casa, mas depois de conversar com o Uriel ela sugeriu que apenas ficássemos monitorando. Eu chorei muito, pois o Misty tem uns 16 anos e isso em idade de gatos significa ser muito velho. Sei que por isso ele pode ter qualquer coisa e morrer muito rápido. Os sinais de senilidade já se mostraram há tempos, com perda de músculo e peso, fragilidade, surdez e hipertensão. Ele também bebe muita água, o tempo todo, o que significa que os rins não devem estar funcionando mais cem por cento. Tenho o coração nas mãos com o Misty e nessa noite de tensão lembrei de como a história deste gato está bem demarcada nos meus blogs. E este blog começou com relatos sobre ele, de como perdi uma gata e depois reencontrei um gato. Foi tragicômico.

Esta é a primeira vez que estou observando um animal envelhecer. Todos os outros bichos que tive antes morreram cedo, atropelados, envenenados, sequestrados ou se perderam. Nunca tinha visto a velhice num animal de estimação e vou dizer, não é um cenário bonito. Pior é a expectativa de que o pior pode acontecer a qualquer minuto. Desta o Misty se safou e eu agradeço aos céus. Agora é me preparar pra próxima.
O meu outro gato, o bate-pino Roux, adotei pra fazer companhia pro Misty e queria que fosse um gato encalhado, um rejeitado que ninguém quisesse. Encontrei ele, que é o meu Prozac natural, a única criatura que consegue me fazer sorrir às seis da matina e me deixa feliz só de olhar pra ele. Nunca pensei em comprar um animal. Meus animais de estimação sempre foram adotados— os enjeitados, abandonados, que me seguiam ou eram despejados e acabavam ficando comigo. Como foi o Misty e o Roux. Gastar milhares de patacas para comprar um bicho criado para ser vendido e dar lucro pro criador é, na minha opinião, um grande pecado. Com esse dinheiro poderia-se adotar um ou dois e ajudar mais outros mil. Mil vira-latas sinceros, mil causadores de sorrisos espontâneos, mil Prozacs naturais.

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o passado não condena