sem prescrição

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Uma das coisas que eu gosto no meu trabalho é o relacionamento que eu tenho com meus colegas. Não rola nenhuma frescurite, pois cada um fica na sua e não tem muito convercê. Eu quase não vejo o pessoal da administração—que é o que mais bate papo. Pertenço ao grupo dos geeks que bebem chá e dizem ni!
Melhor ainda é meu relacionamento com o meu supervisor. Às vezes até penso que ele poderia muito bem ser meu amigo, se não fosse tão nerdinho e fã do Paul McCartney. Quando fui fazer meu procedimento de embolização uterina no verão passado, fiquei preocupada como iria dizer pra ele que precisaria tirar dez dias de folga para me submeter a um tratamento num hospital, com recuperação, eteceterá. Como iria falar de ÚTERO e SANGRAMENTO com o meu chefe? Fiquei realmente preocupada, mas completamente sem razão, pois falar sobre útero e problemas uterinos com ele foi a maior tranquilidade.
Eu não tenho o perfil de uma hipocondríaca, muito pelo contrário, não faço o que tenho que fazer pois odeio me submeter a tratamento com remédios e chatices relacionadas. Mas no último ano meu convercê tem se restringido as minhas mazelas dentárias, uterinas e encefálicas. Então eu e meu supervisor pegamos essa hábito meio estranho de conversar sobre doenças—entre outras coisas, é claro!
Outro dia estava contando pra ele sobre o mega tratamento dentário que vou fazer, porque ranjo os dentes à noite e isso está detonando minha boca e me dando dores de cabeça descabelantes. Como ele tem um tom de voz bem alto, a jornalista que trabalha no fundo da sala ouviu os comentários dele sobre a minha história e veio me contar que ela também vai fazer um baita tratamento dentário com operação e horrores tais. Agora meu supervisor andou adoentado e já me contou todos os micro detalhes dos exames que fez, que não detectaram uma pedra no rim, como ele pensava que fosse, mas uma diverticulite no intestino grosso. Muito chato, muito chato mesmo.
Ele estava me contando sobre os exames que fez, sobre o ct scan que eu também fiz, e trocamos algumas informações naquele esquemão de papo de sala de espera de hospital—você tomou o liquido brilhoso pela veia? eu tive que beber. ah, mas ct scan não é nada, você iria odiar fazer era a ressonância magnética, essa sim, você tem que ficar trinta minutos preso num tubo….
Estavamos no maior troca-troca de informação médica, quando ouvi o meteorologista que trabalha no cubículo ao lado do meu grunir—toooo muuuuch informatiooooon…..
Depois dessa puxada no esparadrapo, fomos correndinho cuidar da vida e trabalhar.

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careteiras

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minha mãe & eu

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[sessenta e cinco]

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Não posso deixar o arquivo engolir o blog e preciso deixar registrada para a posteridade a minha última façanha.

Depois de várias décadas, dirigindo pra lá e pra cá em três países diferentes, tomei uma multa lascada por alta velocidade. No inicio de janeiro eu estava correndo pela 113, a estrada que liga Woodland a Davis, voltando do hipermercado, com o sol das quatro da tarde no olho, pisando fundo no acelerador porque eu não gosto de dirigir e quero sempre chegar rápido. Mas naquela tarde um carro preto e branco com as luzes vermelhas e azuis piscando se materializou atrás de mim e eu nem tentei me fingir de boba nem nada, simplesmente parei o carro e fiquei esperando a versão high tech século vinte um do officer Poncherello sair do carro piscante dele e caminhar lentamente até o meu, com seu uniforme preto impecável e aquela cara de bunda que policial faz pra mostrar autoridade. Agora já posso confirmar que eles fazem mesmo uma cara de bunda, porque a própria olhou pra mim, com desprezo, com irritação. E me deu um carcão daqueles. Perguntou se eu sabia quanto era o limite de velocidade naquela estrada. Quando eu respondi—75, ele me corrigiu num tom mais alto—65! E perguntou se eu sabia em que velocidade estava? Quando respondi—80, ele me corrigiu num tom mais alto—81! Oitenta e UM! Foi o UM que me lascou.

A multa chegou pelo correio esta semana e a facada será de $360 mangos, mais $66 para poder fazer a escola de trânsito, que eu vou ter que fazer senão nosso seguro do carro vai aumentar vinte por cento. Acho que aprendi a lição. Desde o meu primeiro encontro com o Poncherello de Woodland, que agora estou tentando com todo esforço obedecer ao limite de velocidade das estradas californianas.

»as velocidades aqui são em milhas, então 65m é 105km e 80m é 129km.

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:-)

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[daqui pra frente] tudo pode ser diferente

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Em San Francisco, a Bush Street foi rebatizada de Obama Street no dia da posse do nosso novo presidente. Tive um pensamento epifânio vendo Barack e Michelle Obama dançando na tevê—pela primeira vez na minha vida, me sinto realmente representada por um político. Até coloquei o website da Casa Branca nos meus favoritos. Quem diria, hein?

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o arquivo engolirá tudo?

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Será que devo transformar de uma vez por todas este blog jurássico num fotoblog, porque sinto que os assuntos se esvaecem. Vou contar que tivemos uma passagem de ano com a casa cheia de gente, todos alegres, muitos brindes em várias línguas—tin-tin, saludo, cheers, skol! E que rimos muito daquele gato brasileiro que precisa de espaço e a piada virou we are brazilians, we need spaceeee, and take showeeers, and eat meaaaat. Nada de novo no front.
Claro que demos muitas risadas por causa dio meu irmão, que começou a fazer umas caras engraçadas enquanto bebia vinho e deu material pra irmã palhaça e despirocada tirar mil fotos ridículas para divertir a familhoca daqui e de lá.
Quando as visitas vão embora, a casa fica imensa e vazia, somente um eco do ronco gatos dormindo.
E começa tudo de novo. Nenhum ânimo de trabalhar, nem de cozinhar, nenhum entusiasmo iminente, nenhum novo interesse, só as mesmas chatices de sempre, com o agravo de que agora estou muito, muito brava com gente sem noção que acha que o seu trabalho não vale nada, que é só ir clicando e pegando suas fotos, seus textos, como se a web fosse uma grande horta coletiva, onde não é preciso investir nenhum suor e pode-se colher todos os frutos à vontade.
A grande verdade é que estou FARTA de blogs e bloganças. Estou cansada da falta de respeito, das bobageiras escritas e tolices rompentes e queria muito transformar tudo em fotoblogs, com o right click antipaticamente desabilitado.

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o passado não condena