let yourself go — relax!

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Pela manhã sonhei que quebrava um espelho e sentia um pesaroso desespero—sete anos de a! Acordei, mas não passou a sensação de que me estrepei, por acidente. Ouvi comfort jazz pra ver se me desconectava. E suspirei a manhã toda, me sentindo tão exausta. Deixei o bilhete que eu sempre deixo pro pessoal da limpeza—a casa está imunda! Tenho que admitir que além de supersticiosa, ainda tenho um monte de manias. E ser maníaca tem muitas desvantagens. Não gosto de coisas desalinhadas, nem de roupa apertada, nem de gente que cola e fica muito perto. Tenho que manter um raio bem amplo de personal space. Sou completamente espontânea em tudo o que eu faço, isso quer dizer, não fico pensando muito, sobre nada. Quando me decepciono ou me espanto, dou aquela brecada de desenho animado e uma meia-volta sem retorno. Antes eu contava coisas, tudo finalizando em números pares. Às vezes ando olhando para os meus pés, evitando pisar em riscos na calçada. Raramente presto atenção em detalhes quando estou num lugar cheio de gente ou numa cidade muito grande. Mas acredito em mudanças e que tudo é questão de se dedicar e praticar.

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o gira

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litterrobot_roux.jpg
Segui uma dica quentissima da Lu e comprei o Litter-Robot, o banheiro de gatos da família Jetson. Montamos a coisa e esperamos pra ver a reação dos gatonildos. Obviamente que ficaram todos assustados e sobressaltados, especialmente o Roux. A manhã foi a prova de fogo, pois logo apoós o breakfast começa a funçao do banheiro. O Misty usou o dábliu cê high tech sem problemas, mas o Roux está até agora dando pulos. Me arranhou pela manhã, quando fui tentar colocá-lo de volta no seu lado da comida, saiu enlouquecido dando pinotes pela casa, subindo e descendo as escadas em modo pânico total. Como estou monitorando o robot, percebi que o Roux já usou. Mas vai levar uns dias até tudo voltar à normalidade. O banheiro funciona que é uma belezura: uns minutos após o gato fazer o piriri ou o tororô e se retirar, o negócio gira e coa os pedregulhos intestinais. Ah, mal posso acreditar que finalmente acabou a minha fase manutenção de banheiro de gatos. Cagonildos e mijonildos como os meus gatos são, eu praticamente vivia agaixada em frente do não-tão-lindo jardim zen!

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além da hora

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Quando você se vê refletida num espelho e imediatamente pensa, preciso dar um corte nesse cabelo, é sinal que você realmente precisa dar um corte nesse cabelo.

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passa boi, passa boiada

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paisagem.jpg

Arriscamos decidindo ir num tal festival do crawdad numa minúscula cidade chamada Isleton. Uma festa estilo da Louisiana no interior da Califórnia, onde o protagonista era uma lagostinha de rio cor de laranja. Na ida já achamos que tinha algo estranho, pois a Jill nos guiou por estradas minúsculas, lugares por onde nunca tínhamos passado antes. Como conhecemos essa área e tínhamos uma idéia pra onde estávamos indo, achamos muito estranho, mas tudo bem, resolvemos confiar. Já a volta…

Tá certo que somos dois confusionildos e reajustamos o destino umas cinco vezes—vamos pra Jackson? não, vamos pra Sacramento! peraí, melhor ir pra casa. não, vamos ver exatamente onde estamos! Quando finalmente decidimos onde a Jill iria nos levar e voltamos pra estrada, começou a jornada para lugar nenhum. Ficamos mais ou menos uma hora acompanhando o American River. Passamos por campos de trigo, e campos de milho, e campos de trigo e milho, e campos de girassóis, e campos de pêssego, e campos de uvas, e campos de cardamomo, e campos com carneirinhos, campos com vaquinhas, um pavão cruzou a estrada, uma galinha de angola cruzou a estrada, e passamos duas vezes pela mesma ponte—êpa, peralá! Paramos o carro quando a Jill mostrou a bandeirinha de chegada e estávamos no meio do nada, com aquele horizonte de zona agrícola, nem um sinal de cidade em centenas de quilômetros. Resolvi olhar as configurações do GPS e foi então que constatei que ele estava programado pra evitar estradas com tráfego. Brilhante!! Reconfigurei tudo, adicionei umas features extras e ordenei—VAMOS PRA CASA, PELOAMORDEDEUS! Dirigimos ainda por uma hora em cima do levee que segura o rio, passando por campos de trigo, campos de milho, campos de trigo e milho, campos de uva, campos com vaquinhas. Foi a viagem curta mais longa que fizemos na vida.

*Preciso de um bocado de cara-de-pau e bastante senso de humor pra confessar minhas próprias mocozices num blog público, mas acreditem isso é quase terapêutico. Além do que, só assim pra ter tantas histórias pra contar, como o relato minucioso do tal festival, que está rolando lá na cozinha.

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believe you can

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I don’t believe in magic,
I don’t believe in I-ching,
I don’t believe in bible,
I don’t believe in tarot,
I don’t believe in Hitler,
I don’t believe in Jesus,
I don’t believe in Kennedy,
I don’t believe in Buddha,
I don’t believe in mantra,
I don’t believe in Gita,
I don’t believe in yoga,
I don’t believe in kings,
I don’t believe in Elvis,
I don’t believe in Zimmerman,
I don’t believe in Beatles,
I just believe in me.
* por favor, compre, não faça o download ilegal.

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Ferrrr, arrê!

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Pra mim era apenas outro carro vermelhão-cafona na estrada. Mas quando nos aproximamos ouvi o meu excitado marido exclamar—é uma Ferrari, uma Fe-rra-ri!! Sim, e daí? Eu não saco lhufas de nada. Ele me explicou que é um carro caríssimo, muitos milhões de dóla, fila enorme de milionários esperando anos para poder comprá-lo, pois pra ter um Ferrari não precisa só ter dinheiro, mas também ter poder e ser muito bem relacionado. Hm, interessante. Passamos pelo Ferrari e olhamos pra baixo pra ver quem dirigia. Eu com aquela minha face blasé e ele analisando cada micro-milímetro do carro. Dentro, um cara de meia-idade, um pouco acima do peso, fumando um charuto e segurando no volante com uma mão só, aquela pose de quem pode. Também vimos que ele tinha um GPS e outras gadgets no dashboard do carrango. Seria um produtor de Hollywood? Poderoso, cheio da grana e tal, mas peloamordedeus, que cafonão!

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barf!

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O calor úmido te abraça com mil tentáculos e te esmaga, gosmento e apertado. O calor seco te nocauteia com um soco forte e certeiro, tira a sua respiração, te joga no chão todo quebrado.
Para dias muito quentes e secos eu tenho minhas técnicas de sobrevivência—calma, muita calma pra começar. Andar sempre devagar, não fazer nenhum movimento brusco, nem se abanar, sempre com aquela cara de paisagem fingindo que nada está acontecendo e que não é comigo. Beber muita água, tomar chuveirada morna no meio do dia. Lenço molhado no pescoço se tiver que sair na rua. Ou o vestido molhado. Ou uma linda sombrinha. Casa fechada, forno desligado, tudo no breu. Nada de agitos, nem danças, nem correrias. Ventilador de teto, ventilador portátil, ar condicionado quando necessário. Chapéu, chinelo, roupa fresca e folgada.
Já para os dias muito quentes e úmidos eu não tenho nenhuma técnica e só posso sugerir, fuja dessa selva!

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Pague dois leve um

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Ah, a pressa, sempre inimiga, sempre impelindo aos erros e as trapalhadas. Uns minutos antes de voltar pro trabalho na hora do almoço, decidi que tinha que comprar um álbum do Creedence Clearwater que meu pai tinha e eu ouvia quando era criança. Estou com esse post-it mental há dias, mas tinha que escolher a pior hora pra ir no ITunes fazer a compra. Achei o álbum—ôba, só $6,87! Comprei. Ah, olha outro também por $6,87 e com umas músicas legais. Cliquei, comprei. Ouvindo as músicas no trabalho, notei que tinham umas repetidas. Peraí, são TODAS repetidas, na sequência! Mas será a benedita que comprei dois álbuns iguais—capas diferentes? Sim, comprei!

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o passado não condena