a palavra é do chefe
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No jardim, dois patonildos e uma patonilda—um ménage à trois ovíparo. No banheiro uma viúva negra. No quintal uma rata fazendo ninho na trepadeira da varanda, bem em cima da mesa onde fazemos nossas receições bucólicas nas noites agradáveis. Pensamos que aquele barulhinho todo vinha de um pássaro, até quando resolvemos olhar com uma lanterna. Eeerk! Disk Pest Control. Na hora do almoço um menino de no máximo dezessete anos, vestido com o uniforme da firma de gerenciamento de pestes, bate à minha porta. Eu explico os fatos—ratos, aranhas, o que pode ser feito? Ele me olha confuso e espantado e responde que é novo ainda nesse negócio e vai precisar ligar para o chefe. Minutos depois ele volta dizendo meu chefe falou que podemos fazer isso ou aquilo, não mencionou as aranhas. Fui mostrar o local do suposto ninho, contei das ratazanas que devoraram meus tomates orgânicos no passado, mostrei a caixa preta onde todo verão a isca era recolocada e trocamos algumas idéias sobre a desgraceira dos ratos. Num certo ponto ele foi concordar e acrescentou—meu pai…ahn, meu chefe disse que… Segurei o riso, pra não deixar o menino envergonhado, afinal ter o pai como chefe não deve ser uma posição muito confortável!