a palavra é do chefe

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No jardim, dois patonildos e uma patonilda—um ménage à trois ovíparo. No banheiro uma viúva negra. No quintal uma rata fazendo ninho na trepadeira da varanda, bem em cima da mesa onde fazemos nossas receições bucólicas nas noites agradáveis. Pensamos que aquele barulhinho todo vinha de um pássaro, até quando resolvemos olhar com uma lanterna. Eeerk! Disk Pest Control. Na hora do almoço um menino de no máximo dezessete anos, vestido com o uniforme da firma de gerenciamento de pestes, bate à minha porta. Eu explico os fatos—ratos, aranhas, o que pode ser feito? Ele me olha confuso e espantado e responde que é novo ainda nesse negócio e vai precisar ligar para o chefe. Minutos depois ele volta dizendo meu chefe falou que podemos fazer isso ou aquilo, não mencionou as aranhas. Fui mostrar o local do suposto ninho, contei das ratazanas que devoraram meus tomates orgânicos no passado, mostrei a caixa preta onde todo verão a isca era recolocada e trocamos algumas idéias sobre a desgraceira dos ratos. Num certo ponto ele foi concordar e acrescentou—meu pai…ahn, meu chefe disse que… Segurei o riso, pra não deixar o menino envergonhado, afinal ter o pai como chefe não deve ser uma posição muito confortável!

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já era

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Ando sem muita paciência com muita coisa que antes eu me esforçava pra aturar. Finalmente aprendi a arte de defenestrar sem culpa. Hoje eu defenestro e pronto. Não olho pra trás, não sinto arrependimento. Porque a vida é curta, mis amis, para ficarmos perdendo tempo tolerando coisas intoleráveis, aturando coisas inaturáveis e persistindo com o que não faz diferença. Então tem sido assim: encheu, é tchau e sem benção!

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pra descer o santo ajuda

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descerdegraus.JPG
já pra subir…
29degraus.JPG
pufff, pufff, apenas mais 290 degraus…
190degraus.JPG
pufff, pufff, só mais 190 degraus…
tamú quase lá…

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era exatamente o que eu queria!

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Sou sem dúvida uma privilegiada que tem tudo o que precisa, muito do que nem precisa e quase tudo o que deseja. Por isso eu nunca espero presentes pelo valor material, porque tenho que ter ou preciso ter e espero alguém me dar. Quando eu realmente quero algo, eu mesma compro. Quando eu espero um presente nas poucas ocasiões em que presentes são realmente esperados, estou na expectativa do gesto delicado, da consideração e demonstração de afeto. Por isso o presente em si realmente não me impressiona, pois eu poderia eu mesma ter adquirido. O que me comove e me toca é o presente ter chegado com aquela delicadeza de quem pensou em você, na sua personalidade, no seu jeitão, refletindo sobre o que iria te agradar, mesmo não sendo um presente caro, mesmo não sendo um presente enorme.

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defrosting mode

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Pelo menos no inverno você sabe que vai fazer FRIO o tempo todo e no verão [com exceção das noites] CALOR o tempo todo. A primavera deve ser a estação mais instável de todas. Com uma previsão de máxima de 31ºC, mas com uma temperatura de 10ºC às oito da manhã quando eu saio de casa bicicletando, decidi prevenir com uma blusa de linho de manga comprida. Parece zombaria, mas estou com os dedos roxos e a ponta do nariz congelada. Se eu ficasse ao sol o dia inteiro, mas estou confinada a ambiente com temperatura controlada—ou melhor, descontrolada, pois estou me sentindo num freezer. Vou trazer um sueter preventivo, pra não precisar mais sofrer nessa interminável estação.

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um em cada canto

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Eu adoro a minha casa, que é cheia de luminosidade e tem vários cantinhos que eu considero favoritos. Eles são a minha biblioteca na cozinha, minha poltrona gigante cor de chocolate ao lado da lareira, uma cadeira vermelha com almofada ao lado da janela da sala onde fica uma estantezinha, a espaçosa cadeira de balanço na frente da janela do meu quarto e a mesa no quintal embaixo das árvores enfeitadas com luzinhas.
Neste final de semana eu usei todos os meus cantinhos favoritos, aproveitei cada um de um jeito, numa determinada hora. Me senti extremamente contente por poder tomar café da manhã no quintal, ler sob o sol, escrever perto da janela, sentar na minha poltrona super grande, que acomoda confortavelmente o meu corpo, onde estou agora, esperando para pegar uma sessão de cinema.

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uma semana em dois dias

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Nas primeiras horas a sensação é de estar voltando para um lugar do passado, nebulado por vagas lembranças. Infelizmente essa impressão se dissipa rapidinho. E retornamos para aquele ponto exato onde estávamos quando nos afastamos. Bem-vinda à rotina.
Sexta, sábado e domingo virtual, vai tudo parando, parando, diminuindo. A terça e a quarta virtual são os dias mais agitados!
Me sinto como um espelho onde as pessoas se vêem refletidas. Me descobri de repente assim: me influencio fortemente pela maneira como sou tratada. É uma mímica um tanto ridícula, mas é inevitável. Gosto desse toma-lá-dá-cá sincronizado, porque as relações desiguais não merecem mais um pingo da minha atenção e cortesia.
Fico toda feliz com a movimentação no campus por causa do Whole Earth Festival. Mais feliz eu vou ficar quando chegar em casa no final do dia e encontrar tudo limpinho e cheirosinho!
Ontem um monte de idéias e assuntos passando pela cabeça, prontos pra virar um texto mega-forte. Hoje, nada. Pra que então andar com aquele bloquinho de capa de couro fino dentro da bolsa, menha felhá?

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o passado não condena