na tonga da mironga do kabuletê
*
Quando os fogos de artifício começaram a pipocar, eu já estava deitada, de luz apagada, vendo Sergeant York na tevê. Fizemos uma maratona atrás de um restaurante aberto para almoçar. Acabamos no supermercado, comprando ingredientes para preparar um rango brejeiro em casa mesmo. Vimos de relance os bicicletistas pedalando por downtown. Esse foi o nosso 4th of July.
Estou no quarto de hóspedes, onde vou ficar até agosto. Sou sempre protagonista de histórias bizarras. Precisa de uma? Me avisa que eu tenho muitas. Uma nova inquilina mudou-se para a nossa guest house, fechou as janelas, ligou o ar condicionado e não desligou mais. O trambolhão, que dá para o nosso quintal e pras janelas do nosso quarto, faz um barulho insuportável. Ela não paga eletricidade. E não aceitou o nosso pedido de desligar o treco durante a noite. Quiprocós pra cá, quiprocós pra lá, foram quase dois meses estressando e arrancando os cabelos, até finalmente conseguir que ela nos desse uma explicação. Ela não desliga o a/c e abre as janelas porque tem alergias, e um cachorro de três pernas. Dois bons motivos para infernizar a nossa vida e nos fazer mudar de quarto. Já recebeu o convite para retirar-se. Muda-se em agosto, quando poderemos finalmente voltar à vida normal, como abrir as janelas do nosso quarto à noite e almoçar ou jantar no nosso quintal.
Hoje, péssima notícia vindo da minha dentista. Como eu odeio essa raça de profissionais. Nada pessoal, entendam.
Mas que gente fina, culta e civilizada, hein?
A hipocrisia, a hipocrisia máxima: fulanetes que criticam e ridicularizam nos outros, coisas que são igualmente criticáveis e ridicularizáveis neles mesmos. Que tal começarem a se olhar de vez em quando num espelho, queridos?