Thanzz Gozzz Izzz Fridzzz
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A festa estava realmente deliciosa, com ótima companhia e excelente papo. Mas já estou um pouco arrependida de ter ido dormir à uma da manhã, depois de dois copos de vinho branco e meio de caipirinha. Além da cara amassada e dos olhos vermelhos e ardendo, estou trocando as letras. E me sentindo sem forças para refrear uma forte inclinação de surtar, fitando o horizonte em branco, e dormir com os olhos abertos.
Muita calma neste momento!
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Toda manhã eu olho a previsão do tempo no meu dashboard. É uma mão na roda, que me ajuda a planejar o dia. Já está quente, mas eu temo pelos dias realmente quentes – digo, infernais, tórridos. E esses dias estão chegando. Me dá um baita desanimo, pois quando temos essas ondas de calorão, nossas atividades fora dos ambientes fechados ficam um suplício, se não perigosas. Se desidrata muito fácil, não há umidade, e o ar fica insalubre.
Respirei fundo e tentei ficar calma quando vi – hoje 32ºC, amanhã 36ºC, quarta 39ºC, quinta 41ºC, sexta e sábado 42ºC. Em Fahrenheit a coisa fica mais arrepiante – 90, 96, 102, 105, 108!! Lord have mercy…. Assaremos como tortas, secaremos como passas, vamos ficar à mercê do ar condicionado…
Mas eu não posso agir como uma amadora novata, pois já tenho prática desse inferno. Tenho técnicas para enfrentar a rua, que já uso há anos: chapéu ou sombrinha, bandana molhada no pescoço, garrafinha de água na bolsa e uma atitude extremamente positiva. Sem se abanar ou se mexer muito, repita este mantra enquanto estiver exposto ao bafão – “está tudo bem, está tudo normal, não está um forno, eu não estou suando, nem estou virando um maracujá de gaveta, está tudo bem, está tudo muito bem, está tudo normal!!”
média & pão com manteiga
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Estive tão estressada nesta semana, que ontem caí no choro lendo uma review de uma sandália na zappos.com.
Começou a estação das saladas. Em dias como o de ontem, fica impossível usar o fogão.
Acho que quero que Portugal ganhe a Copa. O Brasil já ganhou muitas. Não precisa ser fominha.
Amanhã veremos Seu Jorge.
Hoje, Farmers Market: nectarinas, damascos, morangos, framboesas, pêssegos.
Eu fico desanimada quando tenho que nadar com certos nadadores sem noção. Muita gente não sabe, mas existem etiquetas para lap swimming. Uma delas – if more than one swimmer is bunched close behind, the swimmer being overtaken should allow the entire group of faster swimmers to pass before pushing off the wall again (i.e. don’t push off right in front of someone else who’s also obviously faster.) – ou simplesmente, use o bom senso!
Já disse isso antes, mas preciso repetir: como esses meus gatos sujam a casa! geeez…
Summer days
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Acabaram as minhas caminhadas pelo campus para esticar as pernocas. O verão chegou! Agora só dá pra correr em pinotes de um prédio para o outro para usar o banheiro. Hoje, 37ºC sem vento e sem umidade aqui em Davis.
blinblon!
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Eu a conheci quando me recomendaram para ajudá-la numa história fantástica de compaixão e altruísmo. Ela é uma pessoa muito fofa, que adora o Brasil e os brasileiros, porém tem o péssimo hábito de aparecer na sua casa sem avisar ou ser convidada. E o faz sempre nos momentos mais impróprios, geralmente na hora das refeições. Toda vez que a campainha toca em horas inoportunas, pode apostar que é ela! Outro dia foi no meio do nosso jantar. Abrimos a porta com sorrisos verde de brócoli e amarelo de incomodo, e a convidamos polidamente para nos acompanhar. Ela aceitou…Colocamos então mais um lugar à mesa e terminamos o nosso jantar tentando nos mostrar simpáticos. Mas ontem ouvi o blinblon da campainha quando estava na minha preciosa horinha de almoço. Quase não acreditei ser possível, mas era ela, bem visível pela janelinha da porta. Poucas vezes na minha vida eu tive que ser extremamente seca e direto ao ponto – estou na minha hora de almoço! Ela ainda entrou e puxou um papinho, mas eu não estava no humor. Felizmente ela entendeu e se despediu com um abraço. Ela é uma graça de pessoa, mas um tantinho inadequada nessas questões sociais.
quanto vale?
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Nem sei muito bem como a conversa se iniciou, mas ela me pegou pra cristo no banheiro do Faculty Club e eu sinceramente achei que nunca mais sairia de lá. Meu sorriso simpático e minhas respostas monossilábicas provocavam uma multitude de divagações e explicações que ela considerava essenciais. Me senti afundando numa areia movediça de palavras, histórias, teorias e conselhos. Num determinado ponto do quase-monólogo lembro dela sacudindo o capacete com uma das mãos, elevando-o à altura dos meus olhos e dizendo resolutamente – trinta e seis dólares? ou sua vida? trinta e seis dólares? ou sua vida? o que vale mais? Na eminência de passar o resto da minha existência presa naquele banheiro ouvindo ela falar, respondi ligeiríssimo: a minha vida!!
na ponta do nariz
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Como tenho um olfato super-hiper-mega-big sensível e estou sempre sentindo o cheiro de tudo, despiroco total se sentir qualquer fedorzinho vindo do meu corpo. Quero a todo custo me convencer de que as outras pessoas não cheiram o cheiro que eu estou cheirando. Ás vezes fazemos uma reunião num horário conveniente para quase todas, exatamente depois de uma aula de capoeira. Eu estou cheirando forte a cloro da piscina, elas dizem estarem fedendo a suor pós-ginga do berimbáu. Eu não sinto fedor nenhum vindo delas. Por isso me acalmo um pouco quando penso que – bom, não penso nada, tenho certeza, estou com aquela catinga sovaquenta que por algum motivo trascedental resolveu incarnar sem o meu consentimento. E isso sempre acontece de repente, sem aviso prévio, sem ter acontecido nada especial. O sovaco simplesmente manifesta-se. De repente, snif, snif, sinto que algo não está bem. Invés de relaxar pra não deixar a coisa piorar, eu me estresso e quando percebo estou literalmente desesperada, achando que é o fim do mundo. Há muitos anos conheci uma moça cujo sovaco exalava o cheiro mais ardido e impregnante já experienciado pelas minhas narinas. Se ela entrava num lugar, espalhava rapidamente o seu rastro odorífero inconfundível. Ela parecia não perceber, ou não se importar. Como é comum se acostumar com o próprio perfume, seria possível também se acostumar com o próprio fedor?