What seems to be the trouble?
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Frases da maravilhosa Bette Davis, compiladas pelo Time Cinefilia. Algumas são simplesmente fantástica e se adaptam à muitas situações cotidianas. “What seems to be the trouble” é a favorita do Moa, que também vou adotar. As minhas favoritas, que eu certamente teria onde encaixar em qualquer discurso, são:
“You sound like a book, and a very cheap one”
“If I weren’t in such a hurry, I’d break right down and cry”
“I don’t say nice things nicely”
“If you could read my mind, you’d shrivel where you stand”
“Good riddance to bad rubbish”
“I don’t mind”
marvelous, marvelous!
eu vi
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Resolvi comprar um cookie no coffee shop e no caminho vi algumas placas amarelas distribuidas estrategicamente ao redor do quad:
Naquela reação instintiva de dar uma escaneada geral com os olhos, indagando mentalmente onde, como, o que, vi as fotos coloridas e ampliadas de gente, ou pedaços de gente, tripas ensanguentadas. Não sei do que se trata o manifesto fotográfico, só sei que está lá, choca os quase desavisados, e isto não está certo.
Esta é a Força que Atravanca o País
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Estava tentando mandar outra reclamação pro Procon-SP, a respeito daquele assunto descabelantemente irritante que já deu nos meus piquás e nunca se resolveu. Eram quase meio-dia aqui, o que nos meus cálculos de diferença de fuso horário seriam quase quatro horas da tarde no Brasil. Preenchi o formulário e quando cliquei em enviar recebi a mensagem:
“Desculpe-nos o transtorno, mas estamos fora do nosso horário de atendimento.”
Até o formulário eletrônico fecha o guichê antes das QUATRO DA TARDE, afrouxa a gravata e vai até o bar da esquina tomar uma cerva, falar mal do governo e do técnico da seleção. Isso é que é Ordem e Progresso, minha gente!
hora da soneca
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Quando fiz uma classe de Corporate Cultures anos atrás, li um livro que descrevia a estrutura física de grandes corporações do inicio do século vinte, quando as mulheres entraram em grande número para o mercado de trabalho. Foi uma classe muito legal, onde discutimos muita coisa interessante sobre as culturas corporativas. Um dos textos que eu li descrevia o posicionamento dos banheiros femininos nos grandes prédios das grandes empresas. Eles eram escondidos, com acesso discreto e possuiam uma sala de repouso, com sofás, poltronas, divãs, onde as mulheres poderiam se refrescar, conversar, tirar um cochilo, descansar e, principalmente, se recompor durante aquele período estressante e desgastante do mês.
No prédio onde eu trabalho não tem banheiro. Ele não é bem um prédio, mas uma casinha, chamada de anexo de um outro prédio grande. A vantagem é que ficamos no centrão do campus, cercados de muitos outros prédio, todos com muitos banheiros. A discussão sobre o fato de não termos um banheiro nas premissas é puramente filosófica e não acrescenta nada. O importante é que podemos, ou melhor, temos que sair do nosso prédio para fazer nosso xixizinho – sem mais detalhes. Pra mim é ótimo sair, caminhar, tomar sol, ver gente, lugares diferentes. Eu vou à três banheiros, em dois prédios vizinhos, Ainda preciso explorar mais, ir mais longe, mas por enquanto está bom.
Um dos banheiros, o maior deles, tem três privadas, duas pias, dois espelhos e um divã encostado numa das paredes. Nele, vejo sempre alguma estudante deitada, tirando uma soneca. Mochila no chão, pernas dobradas, corpo virado para a parede. Para mim é inconcebível dormir dentro de um banheiro público, mas entendo perfeitamente a necessidade de uma descansada, quando se está no esquema terrívelmente pesado e exigente do sistema academico baseado em trimestres. Quando o bicho pega, um soninho reparador vem bem a calhar. E elas deitam e dormem, numa boa. Como nos banheiros das grandes corporações do inicio do século vinte, as modernas universidades deste novo século também oferecem um conforto extra às mulheres. Restroom, não poderia ser mais apropriado.
Amigas para sempre
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[Odette, Fernanda & Higia]
[Higia & Odette]
Minha mãe me escreveu contando que hoje ela iria à Embu das Artes visitar a amiga Higia, pois na semana passada elas completaram 50 anos de amizade e queriam comemorar. Cinquenta anos de amizade não é pra qualquer um! Elas se conheceram no trabalho, duas mulheres modernas. Eu revi a Higia algumas vezes depois de adulta, a última vez quando estive no Brasil em 2004. Mas a imagem dela que ficou congelada na minha memória é a dessa visita que ela nos fez no interior de São Paulo, na década de 70.
foi por um fio!
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Posso quase jurar que vi a porta fechando quando saí. Fiquei duas horas fora e quando voltei quase tive uma síncope quando encontrei a garagem totalmente aberta, escancarada para o mundo, convidativa, como a boca de uma caverna misteriosa. Foram minutos de tensão e tremedeira, minha casa ficou aberta por duas horas! Corri primeiramente para checar meu laptop, que tem residência na mesa da cozinha. Depois corri para o andar de cima, checando tudo e me certificando se não tinha ninguém escondido por ali – mas se tivesse? o que teria acontecido? luta de espadas como nos filmes? Ufa, ufa, ufa… Estava tudo no lugar, nenhum intruso, somente o Misty me olhando com cara de aparvalhado e o Roux tendo um dos seus faniquitos regulares. Levei horas pra me recuperar do susto. Mal posso acreditar que a porta da garagem não fechou e eu não vi. Na garagem tem entrada para a casa, através de uma porta que fica sempre aberta. Ontem eu agradeci à todos os deuses e deusas pela sorte de morar numa cidadezinha pacata e brejeira como Davis!