Dear Prudence, open up your eyes

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Olhando ninguém vai conseguir perceber o meu imenso temor, enquanto pedalo minha bicicletinha dentro do campus desta universidade. Eu me sinto arriscando, como se a qualquer momento um acidente fosse acontecer, especialmente quando tenho a falta de sorte ou de timing de pegar o fluxo da manada—bicicletas, skates, patins, patinetes, caminhantes, todos zigzagueando enlouquecidos, sem um sistema ou sinalização básica. Pedestres se jogam na rua sem olhar pros lados, falando ao telefone ou simplesmente perdidos no espaço ouvindo música. Bicicletas e skates cortam a sua frente e nunca avisam que vão mudar de lado. Quando estou na bicicleta eu uso o mesma esquema que uso com o carro, sinalizando e checando pelos ombros se vem alguém atrás de mim. Mas ninguém faz isso, transformando um simples percurso num caos muito grande, daqueles de dar medo. Nos circulos, onde as bicicletas que já estão dentro têm preferência sobre as que estão entrando, é um ôba-óba total, com pedestres atravessando junto e entrando sem olhar. Me sinto pedalando por um povoado de cegos e surdos, o campus anárquico dos alienados sem noção.

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A straight line exists between me and the good things
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A inveja é uma Imelda
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    Se aí é assim, imagine aqui. Onde não há ciclovias (ou seja, fora do eixo praias-e-arredores), os ciclistas dividem as ruas e avenidas com os carros. Eu, como motorista, devo confessar: odeio isso. Me dá uma aflição louca pensar que os ciclistas podem cair e eu passar por cima deles com o carro. E tem uns que são muito displicentes e ficam ziguezagueando na minha frente, “costurando” tudo quanto é carro. Eu xingo, heim, xingo muito, embora seja dentro do carro de vidros fechados e ninguém possa ouvir além de mim!

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o passado não condena