but the world goes ‘round

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Histórias do cotidiano de uma pessoa comum têm que ser repetitivas. Não tem como escapar do ciclo – como as estações, os aniversários, as comemorações oficiais, os xis marcados nos calendários, as festas, as marés ou as fases da lua. Tudo vem e vai, vem e vai, vem e vai. É uma boa explicação e até uma reflexão para entender porque estou sempre escrevendo sobre os mesmos assuntos ou publicanto fotos tão parecidas por aqui.
Todo ano eu faço aniversário e publico aqui os números dramáticos em letras garrafais, depois esfria, as folhas das árvores ficam amarelas, vermelhas, douradas e caem, acendemos a lareira, o gato quase queima os bigodes, assamos um peru que dividimos com a família no dia de agradecer, fazemos compras, ficamos com dor no lombo varrendo folhas, começa a chover, eu me acovardo da piscina, tiro fotos dos enfeites de Natal, publico um cartão e desejo tudo de bom para todos, fico aliviada quando o ano se inicia, como nove sementes de romã, reclamo que não pára de chover, reciclo, recrio, me animo com a chegada da primavera, encho o saco da humanidade com as minhas fotos de flores e, principalmente, rosas. O jasmim abre, capino a horta, planto tomates, as pestes chegam devagarzinho. O Gabe faz anos, faço o meu próprio breakfast no dia das mães, reclamo que esta ficando muito quente, nado diáriamente, não tiro as havaianas legítimas dos pés, arranco mais mato, detono as pestes e colho tomates, o Ursão viaja, viaja, viaja e eu reclamo mais um pouco, as aulas e o ano recomeçam na UC Davis, eu aguardo ansiosamente uma brisa de outono, faço compras, combino uma social com os amigos, asso um bolo, vou dançar o Blues, penso no meu aniversário que já está chegando, jesus como este ano voou!
Por isso, estou parando um pouco de me incomodar com a repetição dos meus assuntos, pois a vida é terrivelmente repetitiva e não é assim que é bom?

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  • Fernanda, continuo lendo ss/
    crônicas (deliciosas) e não vejo a menor importância em
    repetir assuntos. É isto que
    faz a história de cada um ser diferente, pois ninguém vive exatamente igual ao outro. E lhe digo que chegando na minha idade (72) são aqueles fatos de todos os dias, sempre iguais, é que nos dão uma saudade do passado e agradecimentos por termos vivido as coisas gostosas
    do cotidiano. Continue assim… Lia.

  • Fer, você pode até se repetir – e quem não o faz? – mas as suas repetições são deliciosas. O cotidiano que você descreve, as fotos que você publica, os “causos” engraçadíssimos que você conta trazem, no mínimo, um sorriso e, muitas vezes, sonoras gargalhadas. Keep up the good work!
    Um beijo,

  • Ribs, a minha vida eh regida pelas estacoes do ano… 😉
    Meg, voce coloca sempre uma cereja no topo do meu bolo! Maravilhosa!
    Super beijo,

  • Minha queridinha:
    É assim mesmo que é bom, e vou dizer e provar por quê.
    Imagine se não houvesse o “outra vez” e o *de novo*.
    Aliás, o que é que se pede outra vez? once again, the good, for good;-)
    E mais, é o que nos garante a esperança quando estamos nos dias menos bons.
    E depois , pensando bem, as coisas se repetem sim, thanks goodness, mas se formos observar direito, a cada dia ou a cada ano, as coisas na ess~encia são diferentes, porque o filho casou, o a família aumentou, a viagem veio, as histórias são modificadas.
    Às vezes quase imperceptivelmente, mas houve mudanças. Nem que seja a alegria de constatar que tudo está se repetindo, again:-)
    Ah, lindinha, que tristeza a alternativa para quem as coisas não se repetem.
    Pense bem.
    E o molho que você dá no que conta hahahaha
    Gostei de uma que vc contou outro dia e que colou no meu ouvido:
    Que passa?
    O que passa es que la banda está borracha, está borracha, está borracha.
    Dito assim, faz rir, mas quando eu imaginei que ficaria feliz só de estar viva e lendo, vc dizer:
    De hoje em diante , eu vou modificar o meu modo de vida..
    E pra começar, eu só vou gostar de quem gosta de mim
    hahahahaha!
    Grande filosofia.
    Eu sou a favor da repetição.
    Há sempre, como diria Deleuze- acho que é Derrida, eu não lembro agora, diferença na repetição.
    E viva eu, viva voce, viva tudo, e viva o chico barrigudo.
    E ô, ê ô!
    Beijos, milhões de beijos e que a vida lhe corra linda como as rosas.
    Ay, que ricas e muy belas.
    Obrigada, sweetie.
    Meguita, a famosa:-)

  • muito legal a reflexão, mas achei sua visão um pouco american way of life… bom, é minha primeira visita, não sei se vc mora nos eua, mas aqui no brasil esse quotidiano baseado nas estações não é tão lúdico assim… pelo menos aqui no rio não temos primavera nem outono… mal temos um inverno! 18 graus já é mto frio. hahahaha. gostei bastante do blog. vou visitar sempre.

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o passado não condena