to see things as they really are

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my Vipassana on a plate
my Vipassana on a plate

Dez dias desconectada do mundo, dez dias sem falar, sem ler, sem escrever, sem pesquisar, sem ver previsão do tempo, sem tirar fotos, sem calcular quantos passos andei, dez dias sem google, dez dias longe do celular que ficou trancado num cofre, dez dias sem cozinhar, sem fazer yoga, sem dirigir, sem nadar, dez dias sem saber o que está acontecendo fora do meu espaço, dez dias em silêncio, dez dias de horários rígidos, acordando às 4am, dez dias ouvindo o mestre dizer “start again, start again”, dez dias sem conversar com meu marido, sem contar as coisas do dia, dez dias sem o estresse das notícias, dez dias tomando banho somente nos horários determinados, dez dias sem ouvir música, dez dias no mais absoluto silêncio.

Dez dias conectada comigo mesma, dez dias meditando em grupo ou sozinha, dez dias olhando o céu, as nuvens e as estrelas, dez dias comendo comida vegetariana levinha e gostosa que eu não cozinhei, dez dias bebendo chá, dez dias ouvindo os pássaros, dez dias olhando os esquilos, dez dias falando mentalmente [ou sussurrando] com as árvores, dez dias pulando buracos de gophers, dez dias ouvindo o pica-pau trabalhar dedicadamente estocando previsões pro inverno, dez dias ouvindo os sons dos insetos e dos acorns caindo das árvores, dez dias subindo e descendo morros, dez dias respirando o ar gelado da manhã, dez dias vendo o sol nascer na caminhada pro café da manhã, dez dias imersa numa enxurrada de pensamentos, dez dias deitada na pedra, dez dias olhando pra dentro do meu coração e da minha mente. Dez dias caminhando com atenção plena e vendo coisas que normalmente não teria visto, dez dias coletando delicadezas que vi no chão, dez dias subindo e descendo as escadas de degraus larguíssimos, dez dias respirando, respirando, respirando, dez dias inteiros, de horas exatas, sentindo cada segundo, cada minuto, dez longos dias, intensos, lindos, inesquecíveis.

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o passado não condena