my kitchen

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Estou lendo um livro de receitas desses cheios de histórias, onde Miss Bessie, uma negra sulista, descreve seu prendizado na cozinha da avó e da mãe. Ela fala sobre tradições da cozinha do sul com suas diferentes etnias e aromas. Ela também diz que é possível descobrir muita coisa a respeito de uma mulher, apenas observando a sua cozinha. Segundo Miss Bessie, a cozinha vai dizer mais verdades sobre uma mulher do que ela mesma se permitiria
Pensei então na minha cozinha e as verdades que ela pode revelar sobre mim. É um espaço amplo e cheio de luz. Flores na janela desnuda em frente a pia. Uma boombox sempre presente num canto, onde eu coloco cds de Jazz pra tocar enquanto cozinho. Uma estante cheia de livros, revistas, cadernos de receitas e papeladas avulsas enfiadas em sacos plásticos e porcamente organizadas em arquivos. Peças de cerâmica por todo canto. Muitas colheres e garfos de madeira. Pelo menos três garrafas de azeite sempre à mão, perto do fogão. Dois panos de prato sendo usados e uma toalha de mão. Poesia magnética minimalista na geladeira – pastilha dizendo Water, do lado que saí a água e gelo e outra dizendo Beer, onde fica o resto das comidas. Alguns postais de viagens e umas fotos dos meus sobrinhos. Gatos sempre dormindo nos tapetes, armários desorganizados, despensa com estoque de vidros de azeitonas, grão de bico, macarrão de diversos tamanhos, formatos e expessuras, lentilhas e ervilhas secas, feijões, arroz basmati e integral e latas de tomate em conserva. Gavetas terrivelmente desorganizadas, caixa de pão sempre cheia, muitas latas de biscoito italiano, cheias de biscoitos que nunca lembro de comer e que acabam ficando velhos. Garrafas de vinho branco e tinto de cozinhar. Pia sempre com louça suja. Uma chaleira vermelha com água sempre à postos em cima do fogão. Pilhas de pratos de cor beige. Vaso de flores com utensílios de cozinha, cerâmica para garrafa de vinho com inúmeras facas, muitas sem fio. Tábua enorme de madeira no meio da bancada. Vidros cheios de coisinhas. Minha cozinha é grande, mas é cheia de coisas, uma bagunça onde só eu consigo me orientar.

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o sertão vai virar mar…

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Voltando do Delta Venus Cafe ontem às onze da noite, senti um pingo de água cair na minha testa. Hoje acordei com o barulho da chuva….. Chuva??? Em junho??? Juro que nunca tinha visto chover em junho em todos estes anos que estou aqui. Estão todos comentando – coisa absurda, completamente estranho, totalmente incomum, super bizarro, isso é coisa do demo, culpa do Bush, onde já se viu?!
Pedi um chá quente lá no Co-op, fechei as janelas da casa, desliguei os ventiladores de teto, vesti blusa de lã e meias, cancelamos o picnic no Farmers Market. Esconjura! Espero que eu não morda a língua daqui uns dias, quando estivermos de volta ao normal, suando e desidratando com o calorão, mas não estávamos entrando no verão??

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Nada Reação

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O coach Steve mandou uma das cinco pessoas da raia três passar para a raia dois, onde eu nadava sozinha. Veio uma bofete muito a contragosto. Tudo bem, não quer dividir a raia comigo porque gosta de fazer timinho com outros bofes e bofetes competitivos, então nem se voluntaria. Mas a bofete veio e depois de um set nadando borboleta comigo disse – vou voltar pra outra raia, tá? pra você não se estressar…. [ha ha! no worries, b-i-t-c-h!!] Eu faço uma cara de que estou cagando nessas horas. E estou mesmo…. cagando pra esses bofes e bofetes que nadam na piscina publica de Davis e pensam que são alguma estrela imbátivel da natação nacional.

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Nada Ação

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Dois pensamentos assustadores que flutuam insistentemente pela minha mente quando estou nadando:
um – qualquer parte do meu biquini vai sair do lugar e…. ah, bafão!
dois – vou vomitar involuntária e acidentalmente na água azul… blof!

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parada no meio do dia

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Ou melhor, como o dia começou realmente cedo, já estou me sentindo como se estivesse no final da tarde. E são apenas três e meia. Falta muita coisa pra ser feita. Cesta de legumes, cookies no supermercado, jantar, palestra na UC Davis. E umas mil e duzentas coisas pra organizar. Já desisti do arquivo acordeon, pois percebi que a única solução eficiente para a bagunça das papeladas da nossa vida nesta altura do campeonato seria um arquivo de metal, desses do tamanho de um armário, com pelo menos quatro gavetões e muitos fichários.
Hoje foi a primeira vez que vi o chão de terra num canto do quintal…. Antes era somente mato, mato, mato…… e mais mato!
Já há muitos tomates verdes pendurados nos tomateiros. Traumatizada com os eventos do ano passado, todo dia eu checo pra ver se eles ainda estão inteiros. Toctoctoc! O orégano, a menta e o thyme dominam.
Foi uma cena realmente patética, eu chamado o Urso para ver uma estrepolia do gato Roux. Ele parou o que estava fazendo e com um sorriso de orelha a orelha tirava fotos do bicho enrolado num tapete. De repente ele põe a câmera em cima da mesa, olha pra mim e diz – estamos precisando ter uns netos!

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o domingo pede caximbo…

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Final de semana tradicional de descanso e passeio está começando a virar raridade, especialmente entre as pessoas que têm uma semana corrida e usam o sábado e domingo para fazerem coisas na casa – limpeza, jardinagem, lavar roupa, compras de supermercado, cozinhar. Aqui em casa os finais de semana sempre foram ecléticos e variados, às vezes uma pequena viagem, noutras vezes trabalhos domésticos e muitas vezes passando como dias normais, cheio de tarefas comuns. Como eu sigo o Urso pai, que trabalha qualquer dia quando precisa – e sempre precisa, passo muitos finais de semana sem me dar conta que é sábado ou domingo.
Acordo às sete da manhã no sábado, na seqüência do Urso, que acordou às cinco para um teste de campo em Winters. O dia fica interminável quando acordamos muito cedo. Li e-mails e blogs, desci pro quintal e dei uma geral na horta, que tinha um pé de tomate tombado e muito, muito mato. Varri as folhas, cortei as rosas, desenterrei uma espreguiçadeira que estava toda empoeirada num cantinho há anos, presente da minha amiga Eli, e sentei no sol para ler revistas. Conversei ao telefone, tomei banho, peguei minha sacolinha e fui ao Farmers Market comprar alface. Encontrei minha amiga voltando de bike de downtown e passeamos juntas pelo mercado, encontramos pessoas e sentamos numa creperia para tomar um suco. Fofocamos e rimos muito. Cheguei em casa e fui fazer o meu almoço, comi muito, vi dvd, tricotei, comi rolinhos japoneses de arroz doce, falei com os gatos, vi fotos da festinha da Catarina, fiz massa de pizza, conversei no Skype com uma queridona. O dia não acabava mais… Jantamos tarde e fui dormir depois de ver um filme muito fofo na tevê.
Hoje acordei às seis da matina com a bunda de um gato na minha cara. Com esses folgados não adianta empurrar, porque eles não se tocam. Pensei, dá licença, hein, hoje é domingo! Coloquei os zémanés pra fora do quarto e voltei a dormir. No verão dormimos com as janelas abertas e o sol bate na cama bem cedinho. Os gatos adoram. Eu uso uma máscara nos olhos, mas gosto da sensação de receber um banho de sol quando ainda estou dormindo. Não tem teste no campo pro Urso hoje, mas tem um paper que precisa ter lido sem falta. Então teremos outro dia normal aqui em casa. Vou nadar, faço um almocinho, termino de ver os dvds, se rolar converso com algum amigo. E amanhã voltamos à rotina da semana… Tudo sempre igual, mas completamente diferente.

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o calorão vem aí, lá lá lá!

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Verão no Sacramento Valley não é bolinho. Se você não quiser virar uma uva passa, te aconselho a fazer uma boa compra de loção hidratante, além de um barril de protetor solar fator 60. E carregue um tanque de água quando sair de casa, pois o bafão vai te desidratar rapidamente e quando você se der conta vai estar cambaleando, como numa cena do John Wayne perdido no deserto, naquele filme dele com a Sofia Loren.. [total miscasting]
Quanto aos ambientes internos você não terá muito com o que se preocupar se for um estudante ou pesquisador na UC Davis, onde o ar condicionado está calibrado para dar conforto aos pingüins. A maioria dos restaurantes e espaços públicos fechados tem um bom sistema de resfriamento, com exceção dos supermercados da cidade, onde você precisa de um casaco de esquiador, luvas e gorro de lã pra fazer compras durante o verão.
Mas e as nossas casas? Como é que fica? Olha, o meu esquema, que tem funcionado por oito longos e tórridos verões, é fechar todas as janelas, persianas e cortinas da casa às onze da manhã. E ligar o ar condicionado no mínimo. Isso mantém a casa fresquinha e habitável. O pior que você pode fazer é esquecer as janelas abertas ou tentar abrí-las para arejar antes das nove da noite. Não abra, hein?! Não abra, não abra…… NÃO, por favor, NÃO ABRA…….. ((( BUOOOOOOOFFFFFFFFF)))) …… aaaaaaaaaaaaah!!!!!

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o passado não condena