parece que só acontece comigo
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Fui à um encontro de tricoteiras num pub em Sacramento na quarta-feira à noite e sentei, tricotei e socializei com o grupo errado, até descobrir que o meu grupo estava na outra sala. Ops! Isso acontece.. não foi só comigo, além do mais eu não conhecia ninguém, era a minha primeira vez nesses encontros.
Resolvi comprar uma estante para a cozinha, pois não tenho mais lugar para os meus livros de receitas, que ficam empilhados de uma maneira não muito prática num móvel pequeno que já não serve mais pra essa função de biblioteca culinária. Combinei de me encontrar com a Cath em San Francisco e aproveitei a viagem para passar na Ikea, que fica no caminho. Lá no meio da loja, eu estava olhando umas coisinhas e deixei o meu carrinho, ainda vazio, parado num canto. Quando me virei para pegar o carrinho, vi um idiota levando ele embora à passos largos. O cara simplesmente ‘roubou’ o meu carrinho no meio da Ikea, que é uma loja imeeensaaa e pra pegar outro carrinho você tem que andar pacas. Ainda saí correndo atrás do fulano, mas ele se pirulitou tão rapidinho, que não consegui alcançá-lo. Fiquei puta lá no meio da loja, carregando um monte de coisa nos braços, com uma expressão incrédula na cara, pois nunca pensei que isso pudesse acontecer. Fui falar com um funcionário, pra perguntar se tinha jeito de pegar outro carrinho sem ter que voltar pro início da loja e ele me disso que isso [roubo de carrinho alheio] acontece sempre. Não foi só comigo.
Passei a tarde em San Francisco passeando com a Cath. Fomos à vários lugares, especialmente nos cenários de filmes. Chegamos alí na beirinha da baía, debaixo da Golden Gate onde Madeleine, a personagem de Kim Novak em Vertigo, se joga na água e é salva por James Stewart. Fomos até a Ocean Beach e Cliff House, voltamos para o centro e decidimos ir para North Beach visitar a City Lights, a adorável livraria dos beatniks onde eu ‘bato ponto’ toda vez que vou à cidade. Estávamos cruzando a Union Square cheia de luzes, gente e carros, enquanto eu dirigia, falava pelos cotovelos e pensava como iria chegar em North Beach dali. Passei um sinal vermelho em grande estilo, quase atropelando os pedestres, quase batendo o carro, ouvindo xingos do pessoal na rua e o ataque dos nervos do marido da Cath, que estava sentado quietinho no banco de tras do carro. Levei uns cinco minutos para me tocar da cagada e começar a tremer e me sentir a maior estúpida do universo. Parece que só acontece comigo, mas os semáforos em San Francisco ficam ofuscados pelas luzes e é fácil se distrair alí na Union Square, com tanta gente e movimento. Bafão total, me desculpei até não poder mais….
Voltei para Davis já bem tarde para não pegar trânsito pesado na I80. Tinha uma batida de uns cinco carros perto de Berkeley e eu fiquei um tempão dirigindo a 10 milhas por hora. Cheguei em casa cansadérrima, mas quis montar logo a estante com a ajuda das mãos hábeis do Ursão, para já poder reorganizar os livros hoje. Êpa, alguma coisa está errada….. Faltou comprar uns ferrinhos para cruzar atrás da estante e mantê-la fixa. Cacilda, que confa! Parece brincadeira, só acontece comigo, mas vou ter que voltar lá na Ikea hoje, só pra comprar os dois ferrinhos!!
cine-papito
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Eu preciso escrever sobre cinema, pois tenho assistido coisas interessantíssimas. E afirmo que não é preciso viver nas salas de cinema ou nos eventos cinematográficos para poder escrever sobre o assunto. Minha diversão e cultura são providos por duas caixas que ficam ao lado da minha cama: a da tevê e a do cable!
Numa noite tive uma sessão corrida de filmes mudos: Buster Keaton, Harold Lloyd e Charles Chaplin. Keaton em The General de 1927, um filme de ação. Lloyd em The Freshman de 1925, uma comédia de costumes. E Chaplin em City Lights de 1931, uma comédia romântica. Três comediantes soberbos.
Agora tudo é Scorsese, por causa do novo filme do diretor The Aviator, que relata episódios da vida de outro diretor, Howard Hughes. O filme estréia nesta semana nos cinemas daqui e apesar de ter o Leonardo DiCaprio no papel de Hughes, parece ser um filmão. Pelo que vi em algumas cenas de divulgação, Cate Blanchett está simplesmente fantástica como a maravilhosa Katharine Hepburn, que eu revi dias atrás no clássico The Philadelphia Story.
Scorsese está então em todos os canais dando entrevista ou sendo o astro de documentários como Scorsese on Scorsese, produzido pelo canal Turner Classic Movies onde o diretor fala sobre a sua infância e família e alguns dos seus principais filmes. Fiquei surpresa quando vi que no seu primeiro filme, de 1967 chamado Who’s That Knocking at My Door? tinha o Harvey Keitel como protagonista. Keitel, De Niro e Joe Pesci são atores que batem ponto nos filmes de Scorsese.
Revi Raging Bull e concluí que não gosto das cenas ultra-violentas dos filmes do Martin Scorcese. Não sei se conseguiria rever Goodfellas e foi por isso que nunca quis ver Gangs of New York.
Descobri, nessas minhas maratonas de filmes antigos que o James Stewart me irrita. Só gosto dele nos Hitchcocks Vertigo e Rear Window. Revi Bell Book and Candle e me enervei com a chatice do Stewart, apesar de sempre gostar de ver a Kim Novak brilhando, tão linda!
Só agora que me toquei que estou escrevendo para o blog errado. Este post deveria estar no Cinefilia.
Run Forrest Run!
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Eu ando correndo em direção oposta aos oportunistas e personas non gratas com quem já tive o desprazer de me relacionar através da internet. Mas infelizmente tá difícil, pois vira e mexe dou de cara com um deles. Eu já não frequento os meios onde eles parasitam, mas mesmo assim ainda consigo ver seus mil e um tentáculos. Lord have mercy!
o angu
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Todo mundo tem seus dias de desastre na cozinha e hoje foi o meu. Querendo aproveitar o estoque de legumes orgânicos na geladeira, resolvi fazer uma sopa, que cozinhou, cozinhou e começou a ficar estranha. Adicionei uns feijões, também da cesta orgânica, e dai o negócio ficou parecendo o conteúdo de um caldeirão borbulhante de bruxa. Bati tudo no liquidificador na esperança de melhorar o aspecto da gororoba, mas a situação só piorou. Foi então que resolvi adicionar uns macarrõezinhos….
Dizem que a fome é o melhor tempero, mas nem isso ajudou. O acompanhamento também ficou péssimo, a sobremesa decepcionou, o jantar foi um completo desastre e tenho certeza que ninguém vai querer a receita.
número errado..ôpa!
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O Ursão trabalhou em casa o domingo inteiro e foi para o escritório lá pelas nove horas da noite para fazer umas coisinhas. Quando deu meia-noite eu já comecei a pensar em ligar pra ele, como eu sempre faço, pra perguntar que horas ele volta e ter o nosso diálogo habitual – você vem pra casa? – daqui a pouquinho – ah, então lá pelas três? – há há há!
Já tinha apagado a luz do quarto e estava vendo um filme no escuro quando peguei o telefone e apertei os números. São os únicos números que eu sei decor – o da minha casa e os do escritório e laboratório do meu marido.
Disquei – tinninninnininininininin….
-Alô?
-Alô?
-Uriel?
-Uriel? Aqui não tem nenhum Uriel…
-Ah… desculpa!!! Quem é?
-É Ricardo… mas peraí, você está falando português?
-Estou! Nossa, você mora aqui em Davis?
-Moro! Que coisa, como pode!!
-Poxa, que coincidência! Mil desculpas por ligar tão tarde….
-Eu pensei que era a minha namorada….
-E eu estava tentando ligar pro meu marido, devo ter apertado um número errado. hahaha! que coisa!!!
-Mas que coincidência mesmo, você ligar sem querer justo para um brasileiro!
-Nem fala! Prazer em conhecê-lo então Ricardo….
-Prazer o meu!
-Tchau!
-Tchau!
Nem preciso dizer que não conheço esse Ricardo, não tenho a miníma idéia de como fui ligar para a casa de um brasileiro vivendo em Davis, Califórnia, depois da meia-noite, tentando ligar para o Urso. Como não disse nem meu nome, tal o atordoamento que fiquei, agora torço para poder encontrar o Ricardo por aí e poder me apresentar devidamente!
spammers are us
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Meus anos como usuária da rede mundial chamada internet já está começando a pesar nos meus ombros. Lembro que no início, quando eu comecei a usar a bitnet, todo mundo ainda era um pouco cru como eu e virava e mexia alguém enviava como lembrete uma lista de etiqueta para a net. Eu devo ter lido aquilo tantas e tantas vezes que absorvi até os pequenos detalhes, que tornou-se hoje parte intrínseca da minha personalidade virtual e que eu uso como senso comum no meu comportamento online.
Mas parece que tem gente por aí que nunca leu a Netiqueta!
Gentileza e educação são detalhes primordiais em qualquer ambiente, inclusive no virtual. Mas infezmente, isso não é regra básica para a maioria. Duas coisas que me irritam profundamente na internet são:
– Pessoas que te mandam um e-mail com uma assinatura de vinte linhas, te importunando com os seus links sobre tudo: vendendo alguma coisa, empurrando o portfólio, e o blog, e o site, e a lista de discussão, e as suas crenças políticas ou religiosas, ou simplesmente poluíndo o visual do e-mail com avisos de atenção isso ou aquilo e sempre com frases imensas no final, copiadas de algum livro de citações, tentando te impressionar com sua inteligência e senso de humor. E não bastando ser chato no final das mensagens, tem uns que colocam tudo isso no INÍCIO, pra ter certeza que você VAI LER. Essa pessoa pra mim é um SPAMMER.
– O segundo caso é o do sujeito que visita o seu blog e deixa comentários fazendo propaganda do próprio blog, pedindo visita, deixando mil links, pedindo pra você ir ler o que ele escreveu, que com certeza deve ser um texto-obra-prima. Discrição e modestia são virtudes raras na vida virtual. Eu abomino auto-propaganda…. vem no MEU blog deixar um rastro para ganhar visitantes? Pega um fio do que eu escrevi para iniciar um comentário que vai terminar falando dele? Esses também são SPAMMERS, além de serem totalmente mal educados e egocêntricos.
Precisamos urgentemente circular a Netiqueta novamente por aí, pois eu já ando irritada com esses chatonildos virtuais há tempos…..
o melhor lugar
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» esse sofazinho é disputado palmo a palmo, pois ele fica no quarto mais ensolarado da casa e consequentemente o mais quentinho. como vocês podem ver, o Roux sempre saí ganhando na disputa e consegue o melhor lugar. eu dou uma olhada neles e o Misty está no melhor lugar, cinco minutos depois eu olho de novo e a posição dos gatos já está invertida – isso quando o Roux não esta espichadão no sofá e o pobre Misty no chão… esses gatonildos!!
foggy night
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A preguiça de cozinhar na sexta-feira à noite me levou ao supermercado num horário em que eu normalmente não sairia mais de casa. Fiquei surpresa ao ver que uma neblina densa cobria toda a cidade. Eu dirigia bem devagar, naquele clima sombrio que a neblina causa – as luzes pálidas, as siluetas difusas, a sensação de quietude e de que está mais frio do que o normal. A paisagem com neblina é linda, mas é também desconcertante. Enquanto eu dirigia cuidadosamente pelas ruas embaçadas da cidade, ouvia o rádio que tocava uma música falando da maravilhosa Califórnia. Que ironia, pois o que eu via ao meu redor tinha mais cara de paisagem de filme sobre o Jack, o estripador.