keep up with the Joneses all the time

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Estava 37ºC e eu exclamei—que calor! Só pra ouvir uma alemã retrucar—mas você não deveria estar acostumada com isso, não está no seu sangue?
♪ ♫ meu sangue latino, minha alma cativa, lalaralá ♪ ♫
Se eu tivesse mais tempo iria me envolver nas politicas de Woodland. Principalmente nas relacionadas a comida e agricultura. Ainda mais que agora tem um grupo que está se reunindo e conversando sobre a possibilidade de abrir um food co-op pro condado. E eu queria muito me envolver nisso.
Ouvi no rádio [NPR] que de cada seis americanos, um é latino. E que a maioria desses latinos prefere falar, ler e ver tevê em inglês. Nada como a realidade desalinhando o chakra dos estereótipos.
Velhota de shortinho e sandalhão—eu lido muito bem com insetos, pode deixar comigo que eu mato sem problemas essa barata.
Moça que faz zumba comigo tem uma cara de malvada. Tento não ficar muito perto dela, com medo de levar empurrão. E ela ainda tem umas unhas enormes, no estilo das da Barbra Streisand, pintadas com a bandeira dos EUA ou tons degradês de verde ou salpicadas de purpurina.
Não entendo por que esse povo que bebe café precisa carregar a canecona pra onde quer que vão—pro banheiro, pra reunião, pra instalar o fio, eteceterá.
Tenho certeza que este verão está sendo o mais quente dos últimos anos. Mas se está quente em Paris também, nem vou reclamar. [rsrsrsrs]
Zen and the art of swallowing frogs gracefully.

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once—more?

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—vocês vieram de onde?
—viemos de Woodland ali no condado de Yolo.
—Woodland? é que percebi que vocês têm um sotaque…
—ah, é que somos brasileiros.
Foi um convercê curto com o artista hipongo que vive na vinícola que visitamos no condado de San Joaquin. Ele foi direto ao ponto, porque não é sempre que as pessoas perguntam. Você fica falando com o seu sotaque, que é algo totalmente evidente, e consegue até visualizar os zilhões de pontos de interrogação flutuando pelo ar. Porque o sotaque do português brasileiro ainda não é tão popular a ponto de ser facilmente identificado. Só que quando rola esse tipo de questão, a resposta nem sempre soa correta pra mim, porque o Brasil não tem nada a ver com a história—nós realmente viemos de Woodland, ali no condado de Yolo, e o fato de falarmos com um sotaque é apenas um detalhe.

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〈 perception 〉

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Triple-digit temperatures—a combinaçāo de palavras que mais temo. Quer verāo de verdade, com bafāo sem umidade tipo sauna seca? Vem visitar o nosso central valley e ver a uva virar passa. Ouvi no rádio uma coisa que já sabia: aguentamos o baque do bafão seco de 40ºC daqui muito melhor do que se fosse 32ºC mas com umidade. E o calor tórrido sem umidade durante o dia e as noites frias do nosso clima de deserto deixam felizes os tomates e as uvas.
Na maioria das vezes qualquer vinho que eu beber aqui nessa Califórnia será bom. Uns melhores. O white zinfandel seria o nosso rosé?
Acho que sou a pessoa que mais come no meu trabalho. E a que mais ocupa espaço na geladeira com comida. E a única com uma coleção de talheres, pratos de bambu e xícaras estocados no armário do cubo.
Vida na roça—pensei que era um acidente quando vi três carros de policia, uma caminhonete do animal rescue e uma policial toda alvoroçada correndo pela estrada. Mas era apenas um bulldog fugitivo tentando escapar. O cachorro todo pimpão estava dando um olé nos humanos, pinoteando de um lado pro outro da estrada com a banha da pança balançando. Todos que estavam nos carros riam.
Muitas vezes eu odeio tanto, tanto falar com sotaque. Mas daí me dizem que 40% da população no campus da UC Davis é estrangeira e desencano.
Eu juro que li numa revista TPM que a moça tem um retrato na parede da sala pintado com o seu próprio sangue. Como será que ele foi feito? Ela foi no laboratório e tirou um tubo de sangue, ou pinchou o dedo com o alfinete e foi pingando sangue na paleta do pintor? Eu não sou editora e muito menos tenho o português perfeito, mas lendo essas revistas TPM, que pego de gratis pro iPad, vejo muitos errinhos publicados.
Na reuniāo de trabalho eu falando sem parar sobre o meu gato velhinho que esta doente. ‪#lotionness‬
Sinto muito mas não tenho tempo pra fazer picles com a casca da melancia.

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a vida social [dois]

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A minha participação um tanto quanto ambígua nas redes sociais tem me deixado reflectiva sobre o que tudo isso realmente significa pra mim. Na vida real eu não sou, nunca fui, uma pessoa gregária. Nunca fiz parte de turmas, grupos, clubes, gangues. E na vida virtual eu pareço seguir o mesmo padrão. Comigo também não rola usar apelidos, nem criar personalidade virtual misteriosa, escondida atrás de um avatar místico. Também não consigo usar as mídias para fazer zilhões de amigos, embora faça amizades, mas no meu ritmo e esquema. Frequento todas as rodas virtuais, mas não sou uma figura popular ou notória. Mas isso acontece porque simplesmente não consigo fazer diferente. Vira e mexe me imagino adolescente e as redes sociais como o páteo da escola, onde você pode estar sozinho, com um amigo ou numa turma. Transpondo isso para a vida real, tenho certeza absoluta de que pelo menos metade das pessoas com quem eu tenho contato virtualmente não me convidariam para fazer parte da sua turma. E vez e outra me transporto para um cenario que marcou o inicio da minha adolescência, onde uma dupla de meninas apontando os dedos na minha direção, gargalhava diariamente durante os intervalos das aulas me deixando completamente deprimida e perturbada. Tudo porque eu, que cresci rapidamente e fiquei alta e desengonçada, vestia uma calça fora de moda e que tinha ficado pula-brejo.

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That American in Paris

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an american in paris an american in paris
an american in paris an american in paris
an american in paris an american in paris

An American in Paris é um filme encantador. Um dos mais adoráveis que já vi, dirigido pelo Vincente Minnelli, com Gene Kelly e Leslie Caron cantando e dançando os números musicais de George Gershwin. Posso rever esse filme até o final da minha vida sem me cansar. Mas meu primeiro encontro com ele não foi nada auspicioso.
No inicio dos anos 80 uma das colegas de trabalho da minha mãe tinha uma loja de locação de video—coisa super moderna e bacana na época em que os aparelhos de VHS estavam se popularizando. Mais tarde meu pai descobriu horrorizado que a fulana e o marido alugavam até filmes que eles gravavam da tevê com a vinheta do canal de televisão no canto inferior e os cortes mal e porcamente editados para os comerciais. O negócio faliu e nós nem lamentamos.
Mas antes disso acontecer minha mãe foi convidada para um “chá com filme” na casa da tal colega e me levou junto. O filme programado era Um Americano em Paris. Aguentamos as fofocas e papos idiotas, pois ficamos comendo e nos dando cotoveladas a cada risada ou comentário tosco [que não eram poucos]. Mas quando uma meia dúzia que não queria mais fofocar se ajeitou nos sofás para ver o filme é que a porca torceu o rabo. O dito não era dublado nem tinha legendas. Quer dizer, se você não entendia inglês, azar o seu. Eu e minha mãe, que não éramos fluentes na língua norte-americana, nos entreolhamos com caras de ué e nhoque. Mas continuamos sentadas no sofá afinal de contas ainda salvavam-se os números músicais. Mas a gota d’agua foi quanto algumas delas começaram a comentar o filme com termos de familiaridade de locais—olha só tal rua que subimos naquele dia para ir ao teatro, e aquela ladeira que passamos quando fomos ao bistrô xis, esse bairro é maravilhoso, que saudades de caminhar pelas ruas de Paris! Eu e minha mãe nos entreolhamos outra vez, e eu rapidamente perguntei—vamos embora? e ela concordou em meio segundo—vamos! Nem lembro se nos despedimos, mas lembro do sentimento de absoluto asco com tamanha jecura e pedantismo. Só fui ver esse filme novamente muitos anos depois, quando já morava nos EUA, entendia muito bem o inglês e não precisei da ajuda de legenda. Mas foi por minha própria escolha.

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[ um—dois—três ]

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A saga do gato velhinho—o veterinário disse que não dá pra saber sem fazer um MRA, mas eu acho que meu gato Misty teve um derrame durante a noite, pois não tem explicação pra decaída repentina que ele teve. Não consegue mais ficar em pé direito e mal consegue caminhar em linha reta. Mas está comendo, bebendo água e sendo paparicado como um bebê, separado fisicamente do outro gato, para não ser incomodado. Já chorei cinco baldes de lágrimas, mas meu marido [um die hard Poliana] está confiante que o gato velhinho vai se recuperar. Instalamos ele no quarto de hóspedes pra ele poder ficar sossegado. Só está dando um pouco de pena ver o gato Roux todo chateado com a exclusão. Outro dia estava contando do estado do meu gato pra colegas no trabalho e uma pessoa sugeriu que eu colocasse ele “pra dormir”—eufemismo da língua inglesa para a eutanásia. Depois veio se desculpar, porque isso não é coisa que se sugira, ainda mais que o gato está se alimentando normalmente e está visivelmente se esforçando pra continuar vivendo.
Meu marido é agora o homem jukebox, carregando no bolso da camisa o iphone conectado na rádio Pandora e tocando jazz dos anos 40. Bolso de camisa de professor Pardal—um par de óculos, várias canetas, uma trena, uma bússola e um gadget tocando música.
Nem todo o dinheiro do mundo faz com que o cabelo do Karl Lagerfeld deixe de ser uma piaçava arrepiada. #castigo
Tenho comido os melhores damascos, os melhores pêssegos, os melhores morangos, os melhores melões, as melhores berries, as melhores cerejas.
(( Tangled Up in Blue ))

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‘s wonderful

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wonder wonder wonder
wonder wonder wonder

Belezas de morar na roça—fui buscar comida nepalese pro jantar e quando atravessei a ponte dei de cara com dois campos de girassóis, imensos e resplandecentes, dentro do perímetro urbano. De um lado girassóis, do outro trigo [já sendo colhido], do outro uvas cabernet, do outro tomates, eteceteráeteceterá.
Anos atrás mostrei uma foto do meu filho pra nossa PR, uma jornalista cinquentona que nem trabalha mais conosco e ela disse que ele tinha “bedroom eyes”. Eu ingenuamente achei que ela estava dizendo que ele tinha olheiras de dormir muito e até fiquei com um pouco de raiva, achei o comentário dela super rude. Hoje vi a expressão sendo usada novamente e fui finalmente olhar o significado. QUE FULANA ABUSADA!!
Comprei um par de tênis durante minha hora do almoço, sentada no banco embaixo de uma árvore no campus. Eu amo viver no século 21.
Passei por um grupo de jovens indianos usando turbantes coloridos e um deles com uma camiseta vermelha com o raio branco BAZINGA! #geeks
No dia dos pais o filho foi na festa dos piratas. Foi sem querer que educamos o rapaz assim tāo inconvencional. Pra fulanete afirmando que filho dela nāo será assim ou assado, nem fará isso ou aquilo, só posso dizer—you can wish upon a star.
Gravei sem querer alguns capítulos da série inglesa Sherlock, que passa aqui na PBS [parte do Masterpiece].Comecei a ver um deles e fiquei impressionada com o ator que faz o Sherlock—Benedict Cumberbatch. Que rosto, que voz, que porte!

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memorable quotes

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“—what a dump! hey, what’s that from? what a dump!” [Elizabeth Taylor as Martha in Who is Afraid of Virginia Woolf]
“—what a dump!” [Bette Davis as Rosa Moline in Beyond the Forest]

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[ summer breeze, makes me feel fine ]

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Pessoa fala cobras e lagartos do amigo pra você, mas continua super amiguê do amigo do qual meteu a boca, fazendo até declarações de amor, lealdade, amizade e quetais. E você fica com a maior cara de trouxa. Isso já me aconteceu algumas vezes e me deixou absolutamente horrorizada. Dou imediatamente dez passos pra trás e me mantenho afastada. Porque né, se fala mal do amigo amado, deve também falar mal de mim.
Acho que eu estava fazendo zumba para terceira idade lá no YMCA. Trocaram os horários e tive que procurar outro lugar para zumbar. Por recomendação de uma moça chamada Dolores fui experimentar uma aula dada por outra instrutora e fiquei chocada com a vigorosidade da coisa. Suei de pingar água da sobrancelha e empapar a camiseta e fiquei destruída. Até meu tênis soltou um pedaço da sola. Isso sim é zumba!
Uma das coisas que mais detesto nessa vida é usar banheiro público. Outro dia uma moça abriu a porta, que destrancou sei-lá-como, quando eu estava sentada no dábliucê lendo um livro no iphone. Foi uma gritaria, eu AHH e ela AHH! Que vergonha. Mas se a porta do banheiro está de fato trancada, por que raios a criatura vestindo um sapato de pano dourado insiste em ficar forçando e empurrando? Noutro dia estava escovando os dentes e uma garota no corredor forçava a porta do banheiro gritando OHMAYGOODNESSOHMAYGOODNESS!! E eu lá dentro berrava IT’SBUSYIT’SBUSY!!!
Scorching weather ahead! Operação super-bafão para os próximos dias: fechar todas as janelas e persianas, irrigar as plantas por mais tempo, beber sopa fria e concentrar nos tomates! [tomates ommm!]
INSTALLING SUMMER….. ███████████████████████████
100% DONE. installation successful. Enjoy your Summer in California! \o/
[ rsrsrsrsrs! ]

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o passado não condena