[dot dot dot]

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Fui perguntar um troço pro homem do garfo e vi que ele estava tirando um cochilo sentado na frente do computador. Cabeça baixa, os dedos entrelaçados e tudo mais. E num outro dia meu chefe cochilou três vezes durante uma reunião [chata]. Fez aqueles movimentos com o queixo de quem cochila. Fiquei desesperada testemunhando aquilo. A constatação triste é que só tem gente velhusca e cansada no meu trabalho! Eu inclusa.
Parece que vamos finalmente ter uma loja do Trader Joe’s aqui em Davis. Faz pelo menos uns 15 anos que eles estão tentando se instalar na cidade. Davis é uma cidade hiponga e toda cheia de restrições e trique-triques com comércio grande. E eu ♥ Trader Joe’s!
Fato: ando com uma preguiça imensa de escrever mais do que 140 letras. Fato: ando com uma preguiça imensa de ler mais do que 140 letras.
Comprei uma calça jeans toda rasgada [toda rasgada mesmo] e uma kakhi toda respingada de tinta [toda respingada mesmo] só porque estava na liquida. A calça khaki custou $14. A jeans rasgada não lembro exatamente, mas foi por aí, um pouco mais. Se eu fosse mais fotogênica faria uma versão mulher madura do Hoje Vou Assim. Ou mais exatamente uma versão mulher madura e sem sense of style do Hoje Vou Assim.
Quando eu fico com aquela sensação de que vai dar tudo errado, é certeza de que vai dar tudo errado. Notei um subito desaparecimento da pataiada no arboretum. Eles estão chocando os ovos e fazem isso em família, papais, mamães, titios. Isso é muito fofo! Na tour que fizemos na fábrica da Theo ganhamos uns pedacinhos de chocolate para provar e adivinhar o ingrediente inusitado que se combinava ali com o cacau. Todo mundo ficou, hmmm, hmmm, hmm, hmmm, e eu [micão] gritei BACON umas três vezes, mas errei. Não era bacon. A resposta foi realmente surpreendente: PÃO. uma barra de chocolate com pão, que vou dizer, achei uma delicia. Eu não confundo somente pessoas, mas confundo também blogs. são tantos tão iguais. Dormir bem engorda? Estava tão cansada e com tanto sono que achei que era o John Wayne fazendo o papel do indio.
So-me-day you’ll find everything you’re looking for.

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um dia, dois dias, três dias

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mais autenticidade, seria bom, né? sozinha, comi sanduiche de salada de batata com ovo. e vinho. minto, não estava sozinha. o gato Misty estava na cadeira ao lado. e a salada de batata com ovo era CÍTRICA. trilha sonora by Boswell sisters—the devil and the deep blue sea. peguei um monte de apps do Lonely Planet, mesmo não estando indo viajar pra lugar nenhum, só porque estavam dando de graça. sou unha de fome? minto de novo, estou indo viajar sim, mas a cidade pra onde eu vou não está disponível na lista dos app do Lonely Planet. vestindo uma camisa azul marinho tamanho extra large do meu marido—the same old me. meus planos: cancelar todas as assinaturas de revistas. comprar um iPad. assinar todas as revistas novamente, versão eletrônica para o iPad. Peter, Paul & Mary. mãos geladas e aquecedor da casa ligado na segunda quinzena de abril. casaco, botas, guarda-chuva. estou tendo um winter déjà-vu? it rained on me. sempre percebo o erro ortográfico ou gramatical quando já é tarde demais. casquei fora do picnic de indio dos funcionários da universidade. sem muitas delongas, disse apenas—it’s not my cup of tea. sou uma lesma lerda mesmo: como que eu nunca participei de nenhuma cooking class no Co-op? minha nora voou pra Seattle ontem, meu marido está voando hoje e eu voarei na sexta. encontramos LESMAS ENORMES alojadas dentro de um repolhão meio oco que chegou com a cesta orgânica. A Place in The Sun [1951] obra prima do George Stevens. Elizabeth Taylor linda de cair o queixo aos 17 anos e Montgomery Clift, nem tenho palavras. Montgomery Clift é, pra mim, uma figura trágica. fico absurdamente comovida quando vejo filmes dele depois do acidente que o transfigurou. porque ele era lindo, lindo, lindo! muito mais que o fedorentinho James Dean e o mal humoradinho Marlon Brando.

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resumo

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primeira visão do dia—foto da minha sobrinha Catarina banguelinha e de maria chiquinhas. fez subir imensamente meu nível de serotonina. assarei quatro peças de lombo, farei uma salada de spelt e aspargos, um molhinho pra servir com as alcachofras e refogarei ervilhas na manteiga. quase comprei um pernil, que aqui tem o lindo nome de pork butt. o vinho estava realmente bom. zinfandel. eu e minha nora bebemos quase uma garrafa. não consigo de jeito nenhum fotografá-la. ela se esquiva da camera. mas ela é muito mais bonita pessoalmente. e é uma simpatia. chove sem parar. deixei minha bike no campus na sexta-feira. vou ter que ir trabalhar a pé amanhã cedo. terremoto: nao senti nada, estou muito pro norte. acho que sentiram somente até Santa Rosa, umas 2 horas daqui. o planeta está chacoalhando demais…. Gregory Peck está muito lindo pra esse papel de padre missionário na China. The Keys of The Kingdom [1944].

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por uma vida mais rural

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Eu gosto de cidade grande, pra visitar. E depois voltar pro meu cantinho brejeiro. Nunca morei em cidade grande, por causa da profissão do meu marido, que tem que estar pelos cinturões verdes do mundo. Então estou divagando com uma total falta de experiência de viver em grandes aglomerações urbanas. Mas sinto que prefiro ter as cidades grandes por perto, ao meu alcance, e morar mesmo numa cidade pequena.
Um passeio que adoramos fazer é sair de carro pelas estradinhas da região, onde só tem fazendas, sítios, áreas espaçosas cobertas de grama verdinha, salpicadas de mostarda, povoadas aqui e ali por carneirinhos e vaquinhas. Passamos por pomares de amêndoas, nozes, castanhas, pistachos e um pouco mais pro norte as plantações de arroz e os pomares de oliveiras. Fazemos esses passeios com gosto, curtindo as cores, observando os detalhes, fotografando, parando aqui e ali pra olhar ou fotografar melhor.
Eu gosto de passear em cidades grandes, ir a restaurantes, museus, lojas, mercados. Não me levem a mal, mas esses passeios rurais são muito mais—são um verdadeiro tratamento zen, um bálsamo refrescante para a alma.

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tá um dia bom pra [re] começar?

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Depois que li o livro da Ruth Reichl, Not Becoming my Mother, fiquei um tanto grilada com a falta total de registro sobre a minha vida. Joguei fora todos os meus diários de adolescência, minhas cartas salvaram-se uma ou outra, quase não escrevo mais neste meu blog pessoal e o twitter é apenas uma boa ferramenta para se jogar palavras escritas ao vento. E minha preocupação é realmente deixar coisas escritas, já que não sou fotogênica, nem tenho talento pra filmes. Como meu filho vai se virar pra remontar minha vida, se não houver esse tipo de registro? Como ele vai saber como eu realmente me sentia e pensava e o que realmente aconteceu? Como ele vai poder me redescobrir, como a Ruth redescobriu a mãe dela?
Concordo que ainda estou ativa registrando algumas coisinhas, mas blog sobre o que eu comi e o que eu queimei ontem daria, quanto muito, um livro de receitas—As Comidas da Minha Mãe. Ou melhor—As Comidas e os Desastres na Cozinha da Minha Mãe.
Minha vida entrou numa rotina tão chata, que realmente não tem o que registrar. O que há de divertido e pitoresco num dia que se resume por trabalho—casa—trabalho—casa. Venho maturando uma idéia e gostaria muito de conseguir me organizar o suficiente para me comprometer fazendo um desses projetos tri-bacanas de publicar uma foto por dia, durante um ano. Ou pelo menos uma foto por semana. Mas teria que ser uma foto significativa, ela teria que contar alguma coisa sobre mim, desvendar algo do meu dia.
Estou me sentindo um pouco suspensa no ar, sem um chão firme pra pisar. Voltei a nadar em outubro e mal posso crer que sou eu mesma indo nadar todo final de semana, faça chuva, névoa ou frio. Pela primeira vez na vida atravessei o inverno nadando. Foi também a primeira vez na vida que fiz tantas viagens de avião, duas internacionais e duas domésticas num único ano. The times they are a-changin’. Embora a minha mente só consiga realmente se concentrar em comida, além dos filmes antigos, do blues e rock ‘n’ roll, tenho conseguido divagar em outras direções de vez em quando. Hoje tenho que sair para comprar pão e leite. E ainda não sei o que vou fazer de jantar.

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o passado não condena