fancy a game of curling?

*

Eu faço parte de um grupo de mulheres que se reune uma vez por mês para uma conversa agradável. São americanas, inglesas, francesas, hungaras, filandesas, canadenses e brasileiras. Os assuntos são divertidos e variados, já que todas são mulheres interessantíssimas e a maioria já viajou pelo mundo. Hoje tivemos uma reunião e eu entrei no meio de um assunto, quando uma contava de um casal – ela canadense, ele inglês – que viveram muitos anos aqui em Davis e agora estão no Canadá. Eles enviaram carta com foto dele posando ao lado de um impressionante membro da Polícia Montada no dia que virou cidadão canadense. Todas riam porque uma contou que o juramento foi feito na correria, pois ele estava atrasado para uma partida de curling. CURLING? CURLING! Curling, minha gente! Dei muita risada, pois desde que saí do Canadá que não ouço falar desse jogo bizarro. Nem vou tentar explicar o que é, porque ninguém vai entender nada mesmo. A não ser que você seja canadense, ou more ou morou por lá. Dai é quase certeza que você já participou de uma partida de curling, ou pelo menos parou diante da tevê pra coçar o queixo e se perguntar – que debilóidice é essa?? Se não é, não foi, não está, não esteve, não há palavras que expliquem esse tal de Curling.

  • Share on:

beep beep beep

*

Fui fazer umas comprinhas e em toda loja que eu entrei ou saí que tinha o alarme de segurança na porta eu bipei. Na primeira vez alguém da loja veio conferir se não tinha algo com a tag eletrônica afixada. Eu não devo ter cara de ladra [bom, nem a Winona tinha], pois ele me deu uma piscadela e fez sinal pra eu seguir em frente. Nas outras lojas foi um constrangimento total. Numa delas primeiro soa o alarme bem alto e então uma voz feminina fala em tom ameaçador algo como pare imediatamente e retorne para o interior da loja [e vá pagar o que você está tentando roubar]. Na entrada tudo bem, mas na saída vi atrás de mim uma platéia de pescoços esticados e rostos surpresos me olhando, enquanto eu com a maior cara de atabaque tirava o casaco pra ver se tinha algo nele, ou em mim. Falei entre um sorriso amarelo e uma cara de patza sem-graça, i don’t know why i keep beeping, e casquei fora do pequeno shopping center antes que eu acabasse sendo revistada por seguranças não muito amigáveis em alguma salinha secreta nas imediações.

  • Share on:

what the fcuk?

*

Eu tenho uma calça legal. Ela é de veludo cotelê verde oliva, boca larga, cintura baixa, um charme. Eu adoro essa calça, que comprei já faz uns três anos uma thrift store fina [thrift store fina é um oxímoro, eu sei!]. A tal calça é da fcuk, uma loja inglesa que andou na moda, ou ainda está, não sei. Entrei numa delas em Londres, na High Street em Kensington e saí correndo, assustada com os preços. A minha calça fcuk custou oito mangos. E é lindésima. Mas estou aqui divagando porque ela tem uma peculiaridade que até hoje não consegui entender. O ziper dela fica na esquerda. Fui checar as calças de homem pra ver se elas abriam pra esquerda, pois pensei, vai ver comprei uma calça masculina – comigo tudo é possível. Não, as calças de homem têm zíperes na direita, como as das mulheres. Sempre que abaixo ou levanto o zíper da minha calça fcuk penso intrigada – será porque a loja é inglesa? ou porque a calça é pra canhoto? ou está com defeito e por isso acabou no oxímoro? ou é só pra ser diferente. Quem sabe? E quem se importa com esse fcuk mistério?

  • Share on:

uma aula daquelas

*

No caminho pro banheiro cruzei com uma muvuca no corredor. Era uma classe acabando e outra começando. Os alunos da final saindo naquela pressa que só aluno tem, de se pirulitar o mais rápido possível quando a hora diz que a aula acabou. E os alunos da aula que ia começar esperavam calmamente – quem tem pressa – papeando alegremente em pé, ou sentados no chão usando seus laptops ou simplesmente alí, ouvindo música nos IPods *.
Notei um cara todo sujo, mas sujo mesmo, com a blusa, a calça, até o cabelo, ou restinho de cabelo, totamente manchado com um pó branco. Ele caminhava junto com a meninada e falava com um e com outro, gesticulava. Enquanto fui passando e olhando abismada pra aquele cara estranho que me toquei que ele era o professor e que estava todo sujo de giz. **
* vamos ter gerações de pessoas surdas [SURDAS!!!] em alguns anos por causa desses IPods…
** não falei que meus assuntinhos irião mudar??

  • Share on:

quero é cachecol

*

Um frio da caçamba e essas gurias de blusinha decotada, malhinha de ziper aberta por cima, só pra dar aquele charme. Visual lindo pra um dia de primavera, não pra um dia gelado de inverno. Nos meus cinco minutos de pedaladas – ida, volta, ida e volta – diáriamente pelo campus, eu vejo coisas bizarríssimas. Num dia denso com geada no gramado, um fulano caminhava em direção à sua classe de bermuda e chinelo. Mas as meninas são piores, porque elas precisam mostrar o corpitcho malhado, o implante bustial, o bronzeado artificial [ou havaiano], afinal de contas Shakira é o atual modelo de feminilidade e sensualidade. I don’t give a damn, é inverno, eu sinto um frio desgraçado, não quero saber de ser sexy nem nada. Quero me cobrir, vestir meias, gola rolê, casacão quentinho, minha touca e cachecol!

  • Share on:

nove e dez da manhã

*

Dormi duas horas a mais e espero me sentir mais descansada. Ontem percorri o dia como se estivesse correndo uma maratona. Não parei das sete da manhã até as sete da noite. Senti um cansaço tão extremo, que me toquei que não vou poder fazer no final de semana o mesmo tanto de coisas que eu fazia durante a semana. Simplesmente não vai dar.
Lavei uma calça “dry clean only” e ela ficou cheirando a enxofre. Lavei uma blusa de lã “dry clean only” e ela encolheu dois números. Não é que eu não queira mandar pra lavanderia e fazer lavagem a seco, mas uma calça? E uma blusa? Eu ainda tenho essa mania de achar que só água lava e limpa bem.
Vou precisar ter duas agendas, uma em casa e outra no trabalho. Eu gosto de ter tudo escrito no papel, na minha frente, gosto de virar as páginas, escrever os aniversários com caneta, ter os telefones das pessoas anotados na última página. Mania que dá mais trabalho.
Pelo menos parou de chover…

  • Share on:

pão, leite, banana, alface, flores

*

ibflowers.JPG
Há um tempo que eu peguei o bom hábito de incluir flores na lista de compras. Vai alí no super? Traz umas flores. Aqui os supermercados já facilitam tudo, colocando as flores logo na entrada, pra ninguém poder dizer que não viu ou esqueceu. Eu compro as mais baratas, de $2,99 a 5,99, mas elas fazem uma diferença danada na casa, especialmente durante os meses frios quando o tempo não permite encher vasos. Hoje dei uma passadinha no Trader Joe’s e vi todo mundo levando flores nos pacotes de compras, como eu. Trouxe comigo lindas gérberas laranjas.

  • Share on:

firifiufiu

*

Imaginem uma pessoa de pijama às oito da noite, pronta pra dormir: essa sou eu, agora. Roux ao meu lado, toma um daqueles banhos de gato caprichados, que até corta as unhas e apara os bigodes. Preciso avisar pra ele que ainda não é sábado. Uma neblina baixou na cidade às quatro da tarde. Sumiu o Mondavi Center e os horizontes. Fomos jantar num libanês e tinha uma mesa com umas inglesas e outra com uns irlandeses – todos comentando sobre cidades na Califórnia. É muito chato ficar ouvindo conversa alheia num lugar fechado, mas às vezes não dá pra evitar. Estou contando os minutos pra não ser tão cedo. Um filme chatésimo na tevê com o James Stewart. Preguiça de mudar de canal. Hoje não quero ouvir falar de comida.

  • Share on:

assuntinhos

*

Se eu quiser blogar, vou ter que blogar à noite. E cansada. Ainda bem que agora posso blogar da cama. Se eu já não andava respondendo comentários, vou precisar me ajoelhar no milho e pedir muito perdão. Pelo menos vou mudar um pouco os assuntos.
Minha primeira reunião com o grupo de trabalho, foi uma reunião para se decidir como comemorar os aniversários. Votamos e ficou decidido que os dias serão comemorados democráticamente somente por quem quiser comemorar e cada aniversariante trará o bolo que mais lhe apetecer. Adorei isso, pois não iria querer comemorar meu aniversário com um bolo ressecado, com recheio e cobertura feitos com banha vegetal, decorado com flores cafonas de açúcar, comprado em qualquer supermercado por um mão-de-vaca sem paladar.
Minha bike precisava de manutenção: apertação de parafusos e lubrificagem. Está nos trinques e agora eu vou poder voar – vupt – ida e volta, do trabalho para casa.
Ontem o campus da Universidade da Califórnia estava uma tranquilidade. Hoje aconteceu uma invasão de alunos falando em celulares e pedalando bicicletas, muitas vezes os dois ao mesmo tempo, usando cachecóis coloridos, Ipods, Ugg boots, toucas, casacos abertos e até uns corajosos chinelos de dedo. Da janela da minha sala vejo o movimento, quando levanto a cabeça pra pensar.
Vamos ter que arranjar uma planta pra substituir a árvore de natal na sala. É que amanhã é dia de se livrar dela e os gatos vão ficar desolados. Desde a véspera que natal que eles instalaram residência na sala, pois imagina se iriam ficar longe da árvore. Uma árvore na sala, gente! Uma árvore na sala!!

  • Share on:

bunda quadrada no more

*

Minha cadeira no escritório de casa é legal mas já é bem velhinha. Pra mim ela ainda estava boa, apesar de eu ficar meio desconjuntada quando inventava minhas modas e passava muitas horas sentada nela. Hoje fui escolher uma cadeira ergonométrica para o meu novo desk, no meu novo escritório, no meu novo trabalho na UC Davis. Eu não tinha a menor idéia de como estava sentando mal. Testei várias cadeiras, enquanto a pessoa me explicava o que cada botão ou alavanca em cada uma fazia – despressiona os joelhos, equilibra as pernas e o torso num determinado grau, apoia o lombo inferior ou superior, inclina seguramente, mantém os braços noa melhor altura, pra dentro ou pra fora, eteceterá. Escolhi uma bem modernoca, depois decidi o material e a cor do estofamento. Me perguntaram qual era o tipo de chão de onde vou ficar, pois isso influencia na base da cadeira. Agora nunca mais ficarei malajambrada….

  • Share on:

o passado não condena