compra roleta-russa

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Update Fnac: minha compra, feita em nove de novembro já foi debitada no meu visa em doze de novembro. Receberam a minha grana e não entregaram o meu pedido. Não há serviço de atendimento ao consumidor para os clientes da Fnac online. Uma gerente na loja da paulista, pra onde eu liguei pela segunda vez em ato de desespero, falava indelicadamente por cima da minha voz me dizendo que eu tinha que ir no site e preencher o formulário, enquanto eu respondia, já fui, já fui, já fiz, já fiz! Implorei, por favor alguém precisa me ajudar! Ela anotou meu nome, telefone e número do pedido, mas tenho certeza que já deve ter jogado o papel com meus dados no lixo. Comprar na Fnac.com.br é como uma roleta russa, se der tudo certo, ufa, respire aliviado, seu pedido foi entregue. Se algo der errado, bum, você está danado. Não adianta nem rezar o terço, pois nem mesmo o deus todo poderoso ouve as reclamações e pedidos dos que levaram ferro da fnac.

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besta é tu!

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O que esse meado de linha [pode substituir por caneta, par de óculos, pé de meia, elástico de cabelo] está fazendo no meio do chão da cozinha? Imagina se alguém não se divertiu pra valer durante a noite… tsc…gatonildinho!
Ela é professora na universidade e até dentro da água trata todo mundo como se fosse aluno. Nós vamos fazer o sexto ou o sétimo set, eu pergunto? Este workout possui d-e-z sets, ela responde, como se estivesse segurando um giz entre os dedos. Fiquei com uma cara de não foi bem isso que eu perguntei, pois sei que este workout tem dez sets. Depois ela se desculpou, dizendo que não tinha entendido a minha pergunta. Certo, ficamos meio surdas com a touca de silicone.
Eu não gosto muito de dirigir, especialmente quando tenho que ir longe e sozinha. Mas uma boa trilha sonora sempre ajuda. E uma lua cheia iluminando a estrada escura e vazia. O carro então avoa e minha voz desafinada berra “just don’t dispose of your natural soul cos you know darn well that you’ll go to hell that you’ll go to hell”.
Depois de ver as fotos, vejo pessoalmente o meu filho de cabelo curto. Tesouradas deixaram ele com uma carinha de dezesseis anos, depois de sete anos de cabelão comprido. Lovely, lovely!

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tem jeito?

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No ano passado comprei um livro na fnac.com.br e foi tudo bem, compra processada, entregue, ponto final. Este ano fui coprar outro livro. Nada, nada, nada. Já são dez dias e o pedido não foi processado ainda, está lá parado e não sei qual é o motivo. Quando percebi a demora, uma semana atrás, comecei a maratona para me comunicar com a fnac.com.br. Vai lá no site e tenta achar uma seção de atendimento ao consumidor? Você conseguiu? Eu não. Tem lá um formulário para você entrar em contato com eles. Preenchi um formulário pedindo informação sobre o meu pedido parado e nunca recebi resposta. Toca entrar na seção de devoluções e cancelamentos, onde tem um e-mail e dois números de telefone. Estou ligando para esses números há três dias e eles tocam, tocam, tocam e nada! Mando uma mensagem para o tal e-mail de devoluções pedindo por favor para o meu pedido ser cancelado. Vinte e quatro horas depois, nada. Quarenta e oito horas depois, nada. Liguei na loja da Paulista pra pedir ajuda, me deram os dois números de telefones onde eu ligo, ligo, ligo e ninguém atende. Jesuscristo, o que fazer?? Já estou com dor de estômago de ódio e irritação. Hoje entrei no site do Procon e deixei uma mensagem explicando o meu caso com a maldita Fnac. Será que eles vão me responder? Será que o caso será resolvido? Será que isso tem jeito?
Como você cancela uma compra que obviamente está com algum problema se não há maneira de contactar o serviço de atendimento ao consumidor da loja???
Fnac.com.br – nunca mais vou comprar absolutamente NADA nessa loja!

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back to earth

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Aterrisei no planeta terra às oito e meia da manhã. Mal consigo murmurar um bom dia para o urso alegre e camarada e quase chuto o gatonildinho feliz que dá um pulinho faceiro e agarra a minha perna pra dizer que está alegre de me ver. Manhãs assim são fodas. Fico amarga por horas e horas, como se estivesse puta da cara por estar de volta à este mundo injusto, cansativo e chato.
What a bore!
No sonho eu mudei de casa duas vezes. Senti tristeza porque meu endereço não era mais em Davis, mas o lugar era interessante. Na segunda casa eu descia umas escadas e saia de frente para um pequeno lago e um caminho de tijolinhos vermelhos que levava para um lindo bosque. Pensei que morar ali valia a pena, não somente pela casa, mas também pelo quintal.
Tenho muitos sonhos recorrentes, de mudanças, viagens, malas desfeitas ou refeitas, retornos para casas préviamente abandonadas com a máquina de lavar cheia de roupa suja e a geladeira cheia de comida. São sonhos que me irritam. Alguns – nem vou mencioná-los – me fazem acordar chorando. Mas há os sonhos com lugares onde nunca estive, lagos, florestas, caminhos de tijolinhos vermelhos e casas em endereços estranhos, onde invés de começar a arrumar e organizar mais uma vez todos os armários, vou sair para uma caminhada.

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all you can eat at jusco

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Se na minha cidade falta bons restaurantes italianos, certamente tem uma abundância de restaurantes asiáticos. Só pra se ter uma idéia da demanda, a cidade tem sessenta mil habitantes e quase quarenta por cento da população de estudante na UC Davis é asiática. Então é um restaurante em cada esquina para servir a clientela faminta e já à postos segurando chopsticks ou hashis. Lembrando de cabeça são pelo menos dois vietnamitas, uns três coreanos, uns cinco tailandeses, uns sete japoneses e incontáveis chineses, fora os indianos, nepalianos e alfaganistaneses que não sei se dá pra contar como asiático, e os lugares que só vendem suco ou chá com bolotas de tapioca, mas que também são bem populares. Então quando saimos pra comer fora, opções para comida oriental não faltam. O Uriel sempre sugere os tailandeses, dos quais eu ando meio enjoada. Fazia muito tempo que não íamos à um japonês. Em downtown, perto da minha casa, tem uns três. Um deles abre às onze da manhã e às dez já tem fila na porta. Não sei o que eles servem lá, mas o restaurante tem uma fila enorme na calçada todo-santo-dia. Resolvemos ir num outro logo a frente, que nos foi recomendado pelo Gabriel e Marianne, o Jusco.
jusco.JPG
O lugar é pequeno e bem antigo, no velho e bom estilo ‘sujinho’, que à primeira vista nem anima. Mas como eu e o Uriel temos um histórico de indecisões em porta de restaurante, quase caímos fora no último segundo. A família inteira trabalha no restaurante, cozinham, servem, limpam. Não sabíamos que eles faziam o ‘all you can eat’ e nunca tínhamos ido à um ‘all you can eat’ japonês. Ficamos meio perdidos no inicio, mas recebemos as intruções para marcar o que queríamos numa fichinha com os nomes dos sushis, rolos e comida quente. Fui marcando tudo o que não tinha peixe cru. Marquei muita coisa, naquele entusiasmo de quem está com fome. A comida começou a chegar em pequenos pratinhos e não parava mais… Comemos muito e estava tudo delicioso. Só uma coisa nos deixou um pouco estressados: pra não haver desperdício, eles avisaram num cartaz na parede e no menu que CADA SUSHI NÃO COMIDO E DEIXADO NO PRATO CUSTARIA 0,50 CENTS EXTRA! Raspamos os pratos e abandonamos pra trás somente os rabinhos do camarão…
» post casado com o Chucrute com Salsicha, onde em breve publicarei a minha velha e eficiente receita de sushi!

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vida social I

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Uma das coisas chatas da vida social é conhecer gente nova em festa. Eu passo por essa situação como se estivesse num trabalho de parto, que se desenvolve sempre em etapas, uma mais difícil que a outra. Eu raramento me aproxego de alguém e já vou sacando um questionário da bolsa. Geralmente eu que sou a vítima, a presa encurralada e cercada de perguntas. Acho que as pessoas me vêem e logo pensam: preciso conhecer aquela nariguda falando com aquele sotaque interessante, vestida com aquelas roupas exóticas e que – opis – acabou de tropeçar [ou quebrar um copo, ou derrubar vinho na anfitriã, ou falar uma gafe]. Dai sou abordada, primeiramente com as gentilezas de oi meu nome é fulano ou fulana, dai eu digo o meu nome e eles repetem, eu explico que é FernandAAAA, por favor, não me faça passar pelo vexame de ser chamada de homem, algumas risadas tolas, um papinho furado de alguns minutos e logo vem a primeira pergunta decepadora de cabeças: o que você faz?
Responder o que eu faço pode levar horas e necessitar de muitos copos de vinho intercalados de copos de água. Então essa pergunta fica sempre mal respondida, mal entendida e gera muita frustração. Eu gostaria muito de me livrar da pergunta e da conversa nessas horas, então penso no que poderia responder quando a tal frase fatal fosse finalmente verbalizada: o que você faz?
– sou palhaça, mas dormi de touca e o circo foi embora da cidade e me deixou pra trás, então estou tentando me recolocar no mercado de trabalho da região.
– eu vendo Amway [ou Mary Kay]. essa resposta é garantia de afastar todo e qualquer ser racional e passar o resto da noite comendo, bebendo e lendo revistas na festa.
– sou dublê de corpo em slash movies.
– sou treinadora do time de gamão dos cidadões de terceira idade de Roseville.
– escrevo, mas ninguém quer comprar meus escritos, então em alguns anos certamente cortarei minha orelha e morrerei de infeção e na miséria.
– crio minhocas.
– sou a nova gerente do Bates Motel.
– sou manéquin de luvas.
– o que eu faço? como assim o que eu faço? que tipo de pergunta é essa? are you talking to me? ARE YOU TALKING TOOOOO MEEEEE?????

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vida social II

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Depois que você fica com a boca seca de explicar o que você faz, vem a próxima pergunta: você tem filhos? Dai eu entro na segunda etapa do parto de conhecer gente nova em festa. O diálogo se desenrola mais ou menos assim:
-tem filhos?
-sim, tenho um.
-ah, quantos anos tem o guri.
-ahn, ele não é mais guri, já vive a vida dele.
-oh, como assim?
-meu filho tem vinte e três anos.
-oooohh! [em estado de choque, boca e olhos arregalados] mas você não parece ter idade para ter um filho de vinte e três anos!!!
-e eu não tenho mesmo …
A situação fica completamente constrangedora nesse ponto, pois no olhar incrédulo do meu interlocutor, a jovial pessoa interessante e excêntrica com quem ele estava conversando e interrogando se transforma de repente numa anciã decrépita e desdentada – uma VELHOCA. E não há o que fazer. Sou mãe de um homem de vinte e três anos. Só posso ser muito velha ou uma extra-terrestre.
Antes ou depois do choque da revelação que eu sou uma sogra e, consequentemente, uma coroa decadente, acontece um outro diálogo que eu odeio e que é iniciado com a pergunta o que te trouxe aqui pra Davis? Nessas horas quero afundar rapidamente numa areia movediça e desaparecer enquanto dou um tchauzinho com cara de sinto muito. Mas a educação me obriga a responder. Vim com o meu maridooo… O quê? fala mais alto. Vim com O MEU MARIDOOOOOO! Dai sou bombardeada de perguntas sobre o que ele faz nos micro-hiper-super detalhes. Me sinto a perfeita songa la monga, que veio pra Davis seguindo e dois passos atrás do marido gênio. Marido, marido, marido, mas será o benedito que esse pessoal não tem outro assunto?

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brunch

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saladadefrutas.jpg

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o passado não condena